Acampamento. (cap.9)

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   Os dias se passam.

   Na escola, Miguel continua dando em cima de mim, mas me mantenho afastada. A Kelly continua achando que somos amigas, mas resolvo não afastá-la, até porque eu já tentei e não consegui.

    Ainda é cedo e eu sinto alguém me sacudir até me acordar.

   — Filha, acorda! Temos que ir! — Alguém diz. Acho que é o Pedro.

   — Anda, Eve! Acorda! — Júlia diz em um tom de voz alto.

   — Me deixem! Não são nem seis horas ainda. — digo baixinho com os olhos semi cerrados ao olhar para o despertador.

   — Mas nós temos que ir agora, senão não iremos aproveitar direito. Anda, acorda! — Júlia diz.

   — Eu não vou a lugar nenhum. — Me viro para o outro lado.

   — Ah, não começa. Anda logo vai! — Pedro insiste.

   — Ai, que saco! Tá! Já estou acordada. — digo furiosamente ao me sentar na cama.

   — Depois que você se arrumar, nos encontre na sala. — Pedro diz ao sair do quarto com a Júlia.

   Me arrumo rapidamente, apesar de ainda estar sonolenta. Quem é que acorda uma pessoa em pleno sábado às cinco e quarenta da manhã?

   Coloco uma blusa preta simples, uma calça rasgada e uma botina.

   Depois de um tempo, termino de me arrumar e vou ao encontro deles na sala de estar.

   — Nossa, por que vocês mulheres demoram tanto para se arrumarem? — Pedro pergunta para Júlia.

   — Porque nós precisamos ficar bonitas e isso requer muita atenção. — Júlia responde ironicamente.

   — Já chega dessa ladainha. Para onde nós vamos e por que vocês me acordaram a essa hora? — Pergunto ainda um pouco sonolenta ao me sentar no sofá.

   — Era para ser uma surpresa, mas... — Júlia olha para o Pedro. — Eu vou te contar. Nós vamos para um acampamento.

   — Isso é sério? Vocês me acordaram a essa hora para ir à um acampamento? — reviro os olhos.

   — Vai ser legal, filha. É um acampamento diferente. Não é você que gosta de aventura? Então, lá vai ter tirolesa, arvorismo, queda livre e muitas outras programações. — Júlia diz sorrindo.

   Quando ela diz isso, me interesso rapidamente. Eu simplesmente amo aventura.

   — Sério? — pergunto empolgada.

   — Sim. Agora vamos, nós já estamos atrasados. — Pedro diz olhando para o relógio.

   +++

   Estamos quase no meio do caminho e nesse momento, passando por uma estradinha de terra. Por aqui não tem nenhuma casa, nenhuma pessoa... Está tudo deserto. Sinto até um certo medo ao olhar ao redor.

   — Que lugar é esse? — pergunto ao olhar para fora do carro.

   — Não sei, acho que o GPS quebrou. — Pedro diz olhando para o aparelho de localização. — Acho que estamos perdidos.

   — O quê? Perdidos? — Júlia pergunta desesperada.

   — Não acredito nisso. — digo balançando a cabeça de forma negativa.

   — Calma vocês duas! Eu vou dar um um jeito. — Pedro diz calmamente.

   Não acredito nisso. Estamos perdidos! Eu nunca deveria ter saído da minha cama. Se arrependimento matasse, eu estaria morta nesse momento.

   Pedro continua dirigindo e nós continuamos no carro até que escutamos um barulho.

   — O que foi isso? — Júlia pergunta.

   — Ah, não! — Pedro diz olhando para o pneu do carro pela janela.

   — É o que eu estou pensando? — pergunto esperando um não como resposta.

   — Sim, o pneu furou. — Ele confirma.

   O pneu não! E agora? Como faremos para ir para a casa ou para o tal acampamento que eles falaram? Eu vou matá-los!

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora