Os dias se passam.
Na escola, Miguel continua dando em cima de mim, mas me mantenho afastada. A Kelly continua achando que somos amigas, mas resolvo não afastá-la, até porque eu já tentei e não consegui.
Ainda é cedo e eu sinto alguém me sacudir até me acordar.
— Filha, acorda! Temos que ir! — Alguém diz. Acho que é o Pedro.
— Anda, Eve! Acorda! — Júlia diz em um tom de voz alto.
— Me deixem! Não são nem seis horas ainda. — digo baixinho com os olhos semi cerrados ao olhar para o despertador.
— Mas nós temos que ir agora, senão não iremos aproveitar direito. Anda, acorda! — Júlia diz.
— Eu não vou a lugar nenhum. — Me viro para o outro lado.
— Ah, não começa. Anda logo vai! — Pedro insiste.
— Ai, que saco! Tá! Já estou acordada. — digo furiosamente ao me sentar na cama.
— Depois que você se arrumar, nos encontre na sala. — Pedro diz ao sair do quarto com a Júlia.
Me arrumo rapidamente, apesar de ainda estar sonolenta. Quem é que acorda uma pessoa em pleno sábado às cinco e quarenta da manhã?
Coloco uma blusa preta simples, uma calça rasgada e uma botina.
Depois de um tempo, termino de me arrumar e vou ao encontro deles na sala de estar.
— Nossa, por que vocês mulheres demoram tanto para se arrumarem? — Pedro pergunta para Júlia.
— Porque nós precisamos ficar bonitas e isso requer muita atenção. — Júlia responde ironicamente.
— Já chega dessa ladainha. Para onde nós vamos e por que vocês me acordaram a essa hora? — Pergunto ainda um pouco sonolenta ao me sentar no sofá.
— Era para ser uma surpresa, mas... — Júlia olha para o Pedro. — Eu vou te contar. Nós vamos para um acampamento.
— Isso é sério? Vocês me acordaram a essa hora para ir à um acampamento? — reviro os olhos.
— Vai ser legal, filha. É um acampamento diferente. Não é você que gosta de aventura? Então, lá vai ter tirolesa, arvorismo, queda livre e muitas outras programações. — Júlia diz sorrindo.
Quando ela diz isso, me interesso rapidamente. Eu simplesmente amo aventura.
— Sério? — pergunto empolgada.
— Sim. Agora vamos, nós já estamos atrasados. — Pedro diz olhando para o relógio.
+++
Estamos quase no meio do caminho e nesse momento, passando por uma estradinha de terra. Por aqui não tem nenhuma casa, nenhuma pessoa... Está tudo deserto. Sinto até um certo medo ao olhar ao redor.
— Que lugar é esse? — pergunto ao olhar para fora do carro.
— Não sei, acho que o GPS quebrou. — Pedro diz olhando para o aparelho de localização. — Acho que estamos perdidos.
— O quê? Perdidos? — Júlia pergunta desesperada.
— Não acredito nisso. — digo balançando a cabeça de forma negativa.
— Calma vocês duas! Eu vou dar um um jeito. — Pedro diz calmamente.
Não acredito nisso. Estamos perdidos! Eu nunca deveria ter saído da minha cama. Se arrependimento matasse, eu estaria morta nesse momento.
Pedro continua dirigindo e nós continuamos no carro até que escutamos um barulho.
— O que foi isso? — Júlia pergunta.
— Ah, não! — Pedro diz olhando para o pneu do carro pela janela.
— É o que eu estou pensando? — pergunto esperando um não como resposta.
— Sim, o pneu furou. — Ele confirma.
O pneu não! E agora? Como faremos para ir para a casa ou para o tal acampamento que eles falaram? Eu vou matá-los!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Ficção AdolescenteSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...