Anúncio da gravidez. (cap.64)

610 53 68
                                    

   Meu pai me olha desconfiadamente pelo retrovisor. Eu sei que ele sabe que eu não estou bem, ele me conhece melhor que todos, até mesmo que a minha mãe.

   De repente, começo a pensar na Sophia, na Malu e no Kevin. Estou morrendo de saudades deles.

   Quando chegamos em casa, eu subo para o quarto, porém, percebo que esqueci o celular no carro, então, saio do quarto e desço a escada novamente.

   Quando piso no quinto degrau, escuto os meus pais conversando, então, me sento nesse mesmo degrau e escuto a conversa deles.

   — Pedro, eu estou tão feliz! Finalmente teremos outro filho e dessa vez, ninguém irá tirá-lo da gente. — Minha mãe afirma sorrindo ao se sentar no sofá.

   — Eu também estou muito feliz, Júlia. — Meu pai também se senta. — Mas nós temos que conversar com a Evellyn, ela não está bem.

   — Não liga para a Evellyn, você sabe como ela é. Eu aposto que ela está com ciúmes do bebê. — Minha mãe diz seriamente ao acariciar a barriga.

   — Não fale assim. A Evellyn já sofreu muito, e é bem compreensível que ela esteja com ciúmes do bebê. — Meu pai a repreende. — Ela está traumatizada por tudo o que houve.

   Continuo observando os dois em silêncio.

   — Eu sei, Pedro, eu sei. É que a Evellyn é muito diferente do que eu queria que ela fosse. — Ela suspira e volta o seu olhar para a barriga.

   — Júlia, você precisa ser mais compreensiva com ela. Poxa, você quase morreu de tristeza quando tiraram ela da gente e agora que ela voltou você fica tendo essas atitudes. Eu não te entendo. — Meu pai diz ao balançar a cabeça negativamente.

   Eu sempre achei que a minha mãe me amava muito pouco, agora eu tenho certeza disso. Acho que o amor que ela sente por mim é do tamanho de um grão de areia e quando esse bebê nascer, desaparecerá.

   — Já chega, Pedro. Vamos parar essa conversa por aqui antes que a Evellyn desça e escute. — Minha mãe diz.

   — Está bem, mas eu quero que você saiba que eu não vou admitir que você faça diferença entre ela e esse bebê. — Meu pai suspira ao se levantar. — Vou conversar com ela.

   Assim que ele se levanta, também me levanto e subo para o quarto.

   Assim que chego, deito na cama e finjo que estou dormindo.

    Não quero conversar com ele, pois, sei que ele vai me pressionar para saber o que está acontecendo comigo e eu não consigo mentir para ele quando ele me pressiona muito.

   Depois de alguns minutos, escuto alguém bater na porta do quarto e como não respondo, a pessoa entra e caminha até mim.

   — Filha? — Meu pai me chama, e em seguida, senta ao meu lado na cama enquanto ainda finjo que durmo.

   Ele passa uma das mãos sob o meu cabelo, depois me dá um beijo na bochecha e sai do quarto.

   Quando escuto a porta se fechar, abro os olhos novamente. Pego um livro e leio para tentar me distrair.

   Uma semana depois...

   Meu celular começa a tocar, então, vejo que a Kelly está me ligando.

   — Oi, mana. — Ela diz do outro lado da linha.

   — Oi. — digo ao me sentar na cama.

   — Eu estou indo para aí. O nosso pai me ligou e disse que tem que dar uma notícia para toda família. Você sabe o que é? — Ela pergunta.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora