Meu pai me olha desconfiadamente pelo retrovisor. Eu sei que ele sabe que eu não estou bem, ele me conhece melhor que todos, até mesmo que a minha mãe.
De repente, começo a pensar na Sophia, na Malu e no Kevin. Estou morrendo de saudades deles.
Quando chegamos em casa, eu subo para o quarto, porém, percebo que esqueci o celular no carro, então, saio do quarto e desço a escada novamente.
Quando piso no quinto degrau, escuto os meus pais conversando, então, me sento nesse mesmo degrau e escuto a conversa deles.
— Pedro, eu estou tão feliz! Finalmente teremos outro filho e dessa vez, ninguém irá tirá-lo da gente. — Minha mãe afirma sorrindo ao se sentar no sofá.
— Eu também estou muito feliz, Júlia. — Meu pai também se senta. — Mas nós temos que conversar com a Evellyn, ela não está bem.
— Não liga para a Evellyn, você sabe como ela é. Eu aposto que ela está com ciúmes do bebê. — Minha mãe diz seriamente ao acariciar a barriga.
— Não fale assim. A Evellyn já sofreu muito, e é bem compreensível que ela esteja com ciúmes do bebê. — Meu pai a repreende. — Ela está traumatizada por tudo o que houve.
Continuo observando os dois em silêncio.
— Eu sei, Pedro, eu sei. É que a Evellyn é muito diferente do que eu queria que ela fosse. — Ela suspira e volta o seu olhar para a barriga.
— Júlia, você precisa ser mais compreensiva com ela. Poxa, você quase morreu de tristeza quando tiraram ela da gente e agora que ela voltou você fica tendo essas atitudes. Eu não te entendo. — Meu pai diz ao balançar a cabeça negativamente.
Eu sempre achei que a minha mãe me amava muito pouco, agora eu tenho certeza disso. Acho que o amor que ela sente por mim é do tamanho de um grão de areia e quando esse bebê nascer, desaparecerá.
— Já chega, Pedro. Vamos parar essa conversa por aqui antes que a Evellyn desça e escute. — Minha mãe diz.
— Está bem, mas eu quero que você saiba que eu não vou admitir que você faça diferença entre ela e esse bebê. — Meu pai suspira ao se levantar. — Vou conversar com ela.
Assim que ele se levanta, também me levanto e subo para o quarto.
Assim que chego, deito na cama e finjo que estou dormindo.
Não quero conversar com ele, pois, sei que ele vai me pressionar para saber o que está acontecendo comigo e eu não consigo mentir para ele quando ele me pressiona muito.
Depois de alguns minutos, escuto alguém bater na porta do quarto e como não respondo, a pessoa entra e caminha até mim.
— Filha? — Meu pai me chama, e em seguida, senta ao meu lado na cama enquanto ainda finjo que durmo.
Ele passa uma das mãos sob o meu cabelo, depois me dá um beijo na bochecha e sai do quarto.
Quando escuto a porta se fechar, abro os olhos novamente. Pego um livro e leio para tentar me distrair.
Uma semana depois...
Meu celular começa a tocar, então, vejo que a Kelly está me ligando.
— Oi, mana. — Ela diz do outro lado da linha.
— Oi. — digo ao me sentar na cama.
— Eu estou indo para aí. O nosso pai me ligou e disse que tem que dar uma notícia para toda família. Você sabe o que é? — Ela pergunta.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...