Um momento delicado. {part.1} (cap.60)

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   — Bela, não faz assim, eles só vieram ver como você está. — A professora diz ao se aproximar dela.

    — Eu não preciso de vocês! — Ela diz olhando para mim, para o Daniel, para o Miguel e para a Kelly.

   Que raiva! Não foi uma boa ideia eu ter vindo aqui. Quem ela pensa que é pra me tratar assim?

    — Olha só, Isabela, eu poderia estar em casa deitada na minha cama e lendo o meu livro, mas não, eu estou aqui. Eu entendo que você não gosta de mim, mas nada justifica você nos tratar dessa forma. — digo seriamente.

   — Eu não pedi pra você vir! Eu odeio você! Eu não preciso da sua pena! Vai embora! — Ela grita ainda chorando.

    — Tá bom, eu vou embora, mas eu só quero que você saiba que eu não sinto pena de você, eu só vim aqui porque eu achei que você precisava de uma amiga e porque eu sei como é se sentir sozinha. — digo ao sair andando rapidamente até o elevador.

   Enquanto ando, escuto alguém me gritar, então eu paro.

   — Filha, eu preciso conversar com você. — Minha mãe diz assim que chega até mim.

   — O que foi? — pergunto em um tom de voz alto, quase gritando.

   — Ei! Não fala assim comigo. — Ela me repreende. — Vem, vamos conversar na lanchonete.

   Em seguida, ela caminha até a lanchonete e eu a acompanho.

   Assim que chegamos lá, nos sentamos em uma das mesas do canto.

   — Filha, não liga para o que a Isabela disse, ela está nervosa. — Minha mãe diz logo após pedir um suco e uma porção de batata frita para mim.

   — Como eu não vou ligar, mãe? Ela me tratou mal. — digo ao cruzar os braços.

   — Eu sei, meu amor, mas a Isa já sofreu muito. O pai e as irmãs dela morreram em um acidente de carro quando ela tinha apenas dez anos, ela sofreu muito com isso. Ela só tem a mãe dela. — Minha mãe afirma com um semblante triste.

   Nossa! Eu não imaginava que isso tinha acontecido. Nessas horas eu percebo que tem pessoas que sofrem ou sofreram tanto ou mais que eu.

   — Quantas irmãs ela tinha? — pergunto ainda triste pelo que acabei de ouvir.

    — Duas. Uma tinha quatro anos e a outra oito. — Minha mãe suspira. — Por isso, eu te peço que seja paciente com ela, eu também queria te pedir outra coisa...

   — O que? — pergunto ao comer uma batata frita.

   — Para você ficar aqui com a Isabela. Você disse que sabe como é se sentir sozinha e com certeza é assim que a Isa está sentindo. Quando eu cheguei aqui, ela estava sozinha, ela estava em prantos e certamente estava aqui desde ontem. Tenta se aproximar dela, por favor. — Ela pede.

   Sei como ela deve estar se sentindo. Eu não imaginava que tudo isso tinha acontecido com ela.

   Quando a minha mãe me contou tudo o que houve na família dela, eu me recordei de quando eu era pequena e afastava todas as outras crianças de mim, mas na verdade, o que eu queria, era um abraço e sentir que eu não estava mais sozinha.

   — Está bem, mãe. Eu não vou embora, eu vou ficar e apoiar a Isabela. — digo sorrindo ao beber o suco.

   — Estou muito orgulhosa de você. — Ela retribui o sorriso e acaricia o meu rosto.

   Em seguida, começo a comer novamente até que vejo que a minha mãe está novamente triste.

   — Você e a mãe da Isabela são amigas há muito tempo?

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora