Porão. (cap.45)

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Depois de alguns minutos abraçadas, nos soltamos e abraço meu pai.

- Eu acho que eu sempre soube que era você. - Ele diz baixinho no meu ouvido.

Não digo nada, apenas continuo o abraçando fortemente.

Eu sempre amei o meu pai desde a primeira vez que o vi no orfanato, porém, com a minha mãe foi diferente, quando a vi não tive uma boa impressão dela.

Depois de alguns instantes, nos soltamos e então meu pai diz:

- Eu e a sua mãe vamos fazer de tudo para sermos os pais que você sempre desejou.

- E eu vou fazer de tudo para conseguir amá-los como uma filha ama os seus pais. - afirmo com um sorriso no rosto. - Na verdade, já amo.

Os dois retribuem o sorriso.

- Que tal assistirmos um filme mais tarde? - Minha mãe pergunta.

- Ótima ideia, amor. - Meu pai responde sorrindo. - O que acha, Eve?

- Pode ser. Vou para o meu quarto, tá?

- Tá. Desça daqui à vinte minutos para almoçar. - Minha mãe pede.

Digo que sim ao mexer a cabeça e em seguida subo para o quarto.

Chegando lá, vejo a Alice sentada na cama penteando seus lindos cabelos loiros.

- Achei que você tinha ido embora. - digo ao entrar no quarto.

- Achei melhor deixar vocês um pouco sozinhos. - Ela diz ao se levantar da cama e colocar o pente em cima da penteadeira. - Vocês se resolveram?

- Sim, está tudo bem. Obrigada por me convencer a vir.

- De nada. - Ela sorri.

+++

Já anoiteceu, e nesse momento, eu e os meus pais estamos assistindo um filme (um romance bem chato que eles escolheram) na sala de cinema. A Alice foi embora há poucos minutos.

O tempo vai passando e o meu tédio só aumenta. Eu ODEIO filmes clichês.

Olho para minha mãe e vejo que ela está chorando enquanto uma cena triste do filme aparece durante a duração. Sorrio e balanço a cabeça negativamente e fecho os olhos, o que me faz dormir profundamente.

Estou tendo um sonho, que no caso, mais parece uma lembrança.

Vejo que estou com três anos de idade e que também estou no orfanato em que eu ficava trancada no porão quase todo o dia.

Estou no sentada no chão do pátio, até que vejo uma menina um pouco mais alta que eu pulando corda. Fico olhando para ela atentamente, até que entre um pulo e outro, ela acaba esbarrando um uma prateleira com flores, (as únicas que tinham no local) deixando todos os vasos caírem no chão e fazerem um enorme estrondo ao se quebrarem.

A menina sai correndo e eu me levanto assustada con o ocorrido.

A diretora do orfanato caminha até o local onde os vasos foram derrubados. Ao ver todos os objetos quebrados no chão, ela me olha furiosamente.

- Foi você que fez isso, não foi? - Ela pergunta brava.

- Não fui eu, senhora. - afirmo com os olhos cheios de lágrimas.

Ela começa a rir de uma maneira estranha, como a risada de uma bruxa.

- Além de destruir os meus vasos de flores, você ainda mente? Você vai ver só o que vai acontecer com você.

Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora