Três dias se passam e desde que eu entrei neste quarto, não ingeri nenhum alimento. Estou me sentindo muito fraca, mas não quero comer, eu só quero ir para a minha casa.
Victória, Erick e Carlos entram no cativeiro.
— Acho melhor nós obrigarmos ela a comer. Ela é uma criança, vai acabar se sentindo mal. — Erick diz ao me analisar.
— Também acho. Ela já está três dias sem comer. — Carlos concorda. — Olha só como ela está pálida, parece um papel.
Acho que eles esqueceram que eu estou aqui.
— Vocês dois não acham nada. Ninguém aqui vai obrigá-la a comer. Eu vou deixar a bandeja aqui no chão, ela decide se come ou não. — Vick olha seriamente para mim.
— Ainda bem que nós vamos nos livrar dessa garota chata hoje. Nós vamos ligar para o seu papai, sabia? — Erick diz sarcasticamente.
Será que o Pedro está preocupado comigo? Será que ele está com saudades de mim? Fico me perguntando isso a cada dia que se passa.
Eles saem da sala com o celular na mão e eu fico olhando a comida que eles trouxeram.
Caminho até a porta e escuto a conversa deles. Erick colocou o celular no viva-voz como sempre, acho que é para a Victória e o Carlos ouvirem.
— Alô. — Pedro diz rapidamente.
— É o seguinte, queremos oitocentos mil reais pela a sua filha. — Erick diz seriamente.
— Eu não tenho esse dinheiro agora, talvez se vocês me dessem um tempo...
— Se vocês não nos derem o dinheiro hoje, vocês nunca mais verão a filha de vocês.
— Eu quero uma prova que ela está bem. — Pedro diz apreensivo. — Só assim eu darei o dinheiro.
— Espere um pouco... — Erick diz.
— Ele quer uma prova de que a menina está bem. — Ele diz para os irmãos.
— Traga a menina aqui Carlos. — Escuto Vick dizer.
Corro desastradamente para onde eu estava.
Carlos entra no quarto e me manda ir para a sala.
— Seu pai quer falar com você. — Vick diz ao lixar as unhas assim que chego no local.
Quando ela diz isso meus olhos enchem de lágrimas. Eu não queria sentir isso, mas estou com saudades do Pedro. Eu realmente sinto que o amo.
— Meu pai? — pergunto enquanto as lágrimas descem.
— Dá logo o celular para ela. — Vick diz sem olhar para mim. Ela parece estar muito concentrada em suas unhas. Eu não imaginava que ela era tão vaidosa assim.
Erick me olha seriamente e depois me passa o celular.
— Pai. — digo chorando e com a voz baixa.
Eu não deveria tê-lo chamado de pai... Eu não queria me apegar... Mas acho que já é tarde demais.
— Filha! Você está bem? Eles fizeram alguma coisa com você, meu amor? — Pedro pergunta rapidamente. Ele parece aflito
— Eu... — Tento dizer, mas Erick toma o celular da minha mão.
— Bom, agora você já tem a prova que tanto queria. Quero que você me encontre no Parque Alcalino às onze e quarenta e cinco, e se você tiver chamado a polícia... — Erick o ameaça.
— Está bem, mas por favor, não faça nad... — Erick desliga o celular cruelmente.
Tadinho... O Pedro deve estar desesperado.
— Leve-a para o quarto. — Vick diz para Erick.
Estou me sentindo muito mal, não estou conseguindo nem ficar em pé direito, nem sei como eu ainda não desmaiei.
Depois de um tempo, Vick entra no quarto. Estou sentada no chão ao lado do armário, no mesmo lugar em que eu estava quando ela trouxe a comida.
— Então você não comeu mesmo, né? — Ela pergunta ao soltar um sorriso debochado. — Você é muito audaciosa, princesinha. Se você acha que eu vou te obrigar a comer, você está muito enganada. Não sei como você ainda não se sentiu mal depois de três dias sem comer. — Ela pega a bandeja e sai do quarto.
+++
Já é tarde da noite e eu continuo aqui sozinha. Não quero dormir, mas estou me sentindo tão fraca que acabo fechando os meus olhos automaticamente.
— Ei! Acorda. — Erick diz ao me sacudir.
Não estou bem. Me sinto tão mal, que nem estou conseguindo abrir os meus olhos. Estou morrendo de sede e de fome.
— Acho que ela desmaiou. — Escuto Carlos dizer. — Eu falei para você obrigá-la a comer.
— E eu já falei que quem manda aqui sou eu! Vamos levá-la assim mesmo, já estamos atrasados, peguem ela. — Vick diz ao sair pela porta.
Erick me pega no colo brutalmente, me leva até o carro e me coloca deitada no banco de trás.
— Eu vou na frente para ver se eles chamaram a polícia. — Erick avisa.
— Está bem, quando você conferir me ligue. — Vick concorda.
Erick pega o outro carro e vai na frente, enquanto Vick, Carlos e eu esperamos um tempo para depois ir.
— Acho que deveríamos fazer alguma coisa com ela para que seus pais se sintam mais torturados. — Vick diz ao lançar um sorriso maléfico para mim.
— Ela é uma criança, Vick, nós sempre sequestramos pessoas, mas nunca as maltratamos. — Carlos diz seriamente para a irmã.
Entre todos os outros, Carlos é o menos malvado, digamos assim. Ele parece ser manipulado pelos irmãos.
Victória fica o encarando seriamente por alguns segundos.
— Só não vou fazer nada porque nós estamos muito atrasados. — Ela olha para o relógio. — Vamos logo.
Carlos sorri para mim, eu retribuo com um sorriso meio torto, por causa da fraqueza.
Me olho pelo espelho que a Vick pega para se maquiar e reparo que estou mesmo muito pálida.
Estou morrendo de saudades do Pedro e até mesmo da Júlia.
— Estamos quase chegando. — Carlos diz ao dirigir rapidamente.
— Pare o carro, temos que esperar Erick nos ligar. — Vick friamente.
— Acho que ela está piorando. — Carlos diz ao olhar para mim pelo retrovisor.
— Por mim, ela pode até morrer, mas que isso aconteça depois que nós pegarmos o dinheiro. — Vick afirma sorrindo.
A Vick é tão má, pessoas como ela merecem o pior na vida. Não consigo entender como ela consegue ser assim.
— Não fale assim, Vick, ela é apenas uma criança. — Carlos diz ao balançar a cabeça negativamente.
— Ai, Carlos! Às vezes você é tão bonzinho que me dá ânsia. — diz Vick fazendo um gesto com as mãos e com a boca. — Por que será que o Erick está demorando tanto? — Ela passa um batom vermelho nos lábios.
Logo quando Vick termina de falar, o celular toca.
— E então? Eles chamaram a polícia? — Vick pergunta ao pôr o celular na orelha. — Ótimo, já estamos indo. — Ela desliga o celular.
— O pai dela já está no parque. Vamos logo. — Ela afirma olhando para Carlos.
Os dois me olham pelo retrovisor e em seguida, Carlos liga o carro e começa a dirigir novamente.
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Uma garota nada comum [COMPLETO - EM REVISÃO ]
Teen FictionSerá que depois de tanto sofrimento, uma pessoa é capaz de voltar a sorrir? Conheça a história de Evellyn, uma menina que foi abandonada em um orfanato com apenas um mês de vida e pelo fato ter passado por vários pais adotivos e nunca ser aceita...