12°Capítulo.

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Anne narrando.

Farinha: não quero ler. -falou grosso e eu me assustei.
Anne: Ok então.. -revirei os olhos e suspirei, ficando quieta por um bom tempo.
Farinha: eu nunca vou ter saidinha aqui né?
Anne: quem disse?! -o encarei.
Farinha: não consigo ter em nenhum presídio. -falou olhando pro chão.
Anne: você pode conseguir aqui. -ele me olhou na hora.
Farinha: como? -tinha curiosidade no olhar dele.
Anne: é difícil.. mas eu consigo isso pra você! -ele ficou me olhando.
Farinha: o que eu tenho que fazer? -me olhou sério.
Anne: conversar comigo, se abrir.. isso tudo vai pra sua ficha. -ele se revoltou na hora.
Farinha: eu tenho cara de idiota por acaso? Se tá me tirando né?- Falou gritando e os policiais olharam pra onde nos estava e eu fiz sinal pra eles não entrar. - Se abrir com você? Qual foi da fita??.. pra dps você me foderr com esses policial do caralho  e eu pegar mais anos preso?? Eu tô 4 anos nessa vida, 4 anos sem da uma assistência dahora pra minha mulher lá fora. Meu filho crescendo sem pai, é muita fita rolando lá fora, e eu aqui trancado. Sem poder fazer porra nenhuma. - ele transmitia raiva nas palavras e revolta de estar onde tá. E só nessas palavras eu percebi a angústia que ele sente dentro dele por estar aqui, ele se sente abandonado.
Anne: você se sente sozinho né? Abandonado. - ele me olhou com raiva. -Farinha, você pode conversar comigo, coisas desse tipo é melhor pra você.. do que você sente falta? - ele continuava quieto e isso me irritava muito. - você quer dar uma volta comigo? Pelo presídio?
Farinha: quero. - ele respondeu na hora.
Anne: me aguarda aqui, só um minutinho! -Levantei e fui até a sala do Ronaldo, pedi permissão pra ele e falei que só assim ele se abriria comigo, no início ele não queria deixar.. mas consegui convence-lo.
Voltei pra minha sala, e pedi pros polícias tirar a algema do seus pés.
Tiraram, e ele veio caminhando do meu lado.
Veio 3 polícias atrás de nós.
Anne: acompanhe nós pelas câmeras e a distância, quero conversar sozinha com meu paciente.-eles assentiram com a cabeça e o Farinha me soltou um olhar diferente, de mais aliviado e eu sentia medo..só isso!
Farinha: você não tem medo de mim? -Soltei um riso nervoso.
Anne: eu não. Porque eu teria?
Farinha: então é melhor ter.. -Falou grosso.
Anne: não. -debochei e ele me olhou.
Farinha: você é abusada demais. -cerrou os dentes.
Anne: e você ogro demais.. - o mesmo só me olhou.
Nos andávamos pelo pátio, e depois fomos pra os corredores dos funcionários. Entramos no refeitório e sentei com ele na mesa.
Estava um cheiro muito bom de comida, aliás, almoçamos aqui.
Vi a feição dele, parecia estar com fome.
Anne: você tá com fome? -ele ficou quieto. -Hein?
Farinha: não.
Anne: Ok.. Então vou almoçar sozinha. - tinha polícias espalhados por ali,só prestando atenção em cada movimento nosso. Me servi, e voltei com o prato pra mesa. Ele olhou pra minha comida e depois pro chão. -você tá com fome sim!
Farinha: como eu vou comer, com essas algemas do caralho.
Anne: e o pior é que eles não vão soltar suas algemas, eles não confia em você.
Farinha: e você confia?- me olhou feio.
Anne: claro que confio. -na verdade eu não confiava,mas precisava passar confiança pra ele.
Farinha: não devia confiar.
Anne: farinha, cala a boca.. almoço é sagrado!
Farinha: ih.. qual foi? Tá mandando eu calar a boca já.. -dei risada e ele levantou uma sobrancelha, sempre sério.

Solta o preso,Seu Juiz. (CONCLUIDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora