Cristian insiste em manter um diálogo

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Não demorou muito para Christian estar ao meu lado, segurando o prato, furando a fila sem cerimônia alguma para estar ao meu lado.

- Você é sempre assim... Arredia? - Ele me encarou.

- Não... Sou um amor de pessoa... - Disse sarcástica.

- Deu pra perceber... - Ele colocou um empanado de bacalhau no meu prato.

- Você é bem atrevido! - Disse parando de pegar um punhado de salada.

Nos encaramos, respirei fundo tentando não surtar, puxei outra taça de champanhe largando o prato onde estava.

- Ei!... Voltei aqui? - Christian praticamente pegou o prato que larguei e foi atrás de mim. - Você não pode deixar de comer, ainda mais que está bebendo demais.

- Está controlando a quantidade de bebida que estou ingerindo? -  O encarei já do lado de fora do galpão, o olhei séria, pois queria que ele desistisse de me seguir ou falar comigo.

- Normalmente não falo isso, eu até gosto que as mulheres bebam... Elas ficam mais maleáveis. - ele piscou para mim, estendendo meu prato com os talheres.

Não consegui reprimir o sorriso, peguei o prato de sua mão, depositei a taça sobre o capô de um dos carros estacionados, me recostei e dei uma garfada na minha salada.

- O Bolinho de bacalhau está muito bom... deveria provar.

- Não gosto do gosto que ele deixa na boca. - Disse pegando o bolinho e colocando em seu prato, já que não tinha pedido para me servir um daqueles.

- Soube que é irmã da noiva... Por que não foi madrinha, poderia ter sido o meu par na entrada.

- Justamente por causa disso. - Revirei os olhos.

- É sério isso? - Ele me olhou surpreso. - Você só pode estar brincando.

- Christian... - O encarei. - Não gosto de casamentos... não me sinto bem e normalmente não gosto de estar em evidência e na frente das objetivas... - Apontei para um dos fotógrafos que fumava do lado de fora. - Gosto de estar como ele, despreocupado, tirando fotos e atendendo aos pedidos.

- Você é fotógrafa então!? - Ele Sorriu.

Meu deus, tinha que admitir, ele era lindo e sorrindo então, era encantador, sorri com ele, pelo sorriso que me deu, divertido e arteiro.

- É... Eu sou fotógrafa e publicitária... moro em Nova York e não tinha como vir para cá e...  - Dei de ombros. - Ser madrinha.

- Gostou da minha atuação declamando Mário Quintana?

Reprimi o sorriso, deixando ele de leve nos meus lábios, enfiei outra garfada na boca mastigando com muita calma.

- Acredita mesmo que farão a metade do que disse para eles? - Estreitei os olhos me divertindo.

- Acho... - Ele se encostou ao meu lado no carro, respirou fundo me encarando. - Eles são bem apaixonados, tenho certeza que mais da metade irão fazer.

- Sorte de sua namorada... - Coloquei o prato sobre o capô, tomando a taça em minha mão novamente levei a boca e virei o líquido.

- Com certeza que no dia que achar a mulher certa, farei tudo o que declamei e farei com que ela faça o mesmo.

Dei a taça para ele segurar e bati palmas, definitivamente os jovens acreditavam demais no amor e era todos de tal forma que não enxergam um palmo à frente do nariz, cresci vendo meus pais brigarem o tempo todo, meus avós paternos, amigos que se separaram, não desejava isso para Juliette, mas não dá pra viver de flores a vida toda no casamento, sempre um acaba magoando o outro.

- Você não acredita que é possível ser feliz? - Christian cruzou os braços e as pernas, não deixou de olhar para mim.

O garçom apontou na saída do galpão, o chamei gesticulando, o rapaz era o mesmo que buscou meu equipamento, trazia na bandeja mais taças de champanhe, apanhei duas, entreguei para Christian e fiquei com a outra.

- Obrigada... Volte daqui a vinte minutos. - Disse sem vergonha alguma, Christian riu balançando a cabeça.

- Você não me respondeu... - Ele perguntou logo que o garçom se afastou, levando a bebida a boca, dando um gole de leve, eu já dei um generoso gole que foi mais da metade.

- Eu não acredito em contos de fadas, só isso.

- Quantos anos tem?

- Que pergunta mais indiscreta para fazer a uma mulher. - O encarei chegando a inclinar-me para o outro lado, longe dele.


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