Monika recebe a visita dos pais

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Na manhã seguinte procurei saber se houve algum acidente, ou sei lá o que, mas tudo estava em paz, os canais de esporte não deram nenhuma notícia ruim, sinal de que Chris estava vivo e em casa.

Para piorar, meus pais apareceram na casa de Louis, meu pai sempre com aquela cara de quem foi obrigado a ir falar comigo sobre o escândalo que houve na fazenda, Louis do meu lado me defendendo, papai do lado da minha mãe a defendendo, entre aspas, ele apenas dizia: "isso, é, foi errado", e assim que ela parou de falar, eu soltei o verbo, já estava cansada de ser julgada.

- Eu sou adulta, tenho 37 anos e não pedi a sua opinião para dizer se agi certo ou errado... Eu moro longe a anos, eu só venho para visitar e pelo visto eu sou a atração da cidade. - Peguei minha mochila. - Pode ficar tranquila, não voltarei mais aqui para não constranger vocês. - Olhei para Louis. - Pode me levar para casa e para o aeroporto?

- Filha... nós te amamos, mas você não consegue ficar num lugar sem criar uma confusão.

- Pai... O rapaz veio de Paris atrás de mim e criou a confusão, eu não pedi para ele vir aqui e fazer o show dele, eu ia para lá, ele poderia ter me esperado, mas não tenho culpa se ele resolveu não esperar.

- Mas ele é filho do tal Julian... o que você queria que ele fizesse quando descobrisse a verdade.

- Me escutasse, mamãe... Pelo menos uma vez na vida, eu queria que alguém me escutasse a falar a verdade, do que sair me batendo e despejando o lixo na minha cara... Estou cansada de... - De repente me senti mal, me segurei em Louis. - Pelo amor de deus, me leva embora, porque não suporto mais ficar aqui e ser julgada pelos meus próprios pais.

- Pare de bancar a vítima, Monika. - Disse mamãe esbravejando.

- Acho que já deu por hoje. - Disse a encarando, meu pai ficou calado e aquilo me deixava mais ainda triste.

Sai na frente deixando meus pais e Louis na sala conversando baixo, segui para o carro, abri a porta e me sentei. O mal estar vinha e ia embora, eu queria chorar e queria mata alguém.

Louis veio para o carro, meus pais entraram no meu carro que deixava a disposição deles, sacudi a cabeça me sentindo revoltada, eu não conseguia agradá-los nunca, nem com as coisas que eu proporcionei a eles, dava uma mesada boa, tinha carro, pagava suas contas, enquanto eu morava num kitnet para economizar, podia estar bem, num apartamento amplo.

Baixei a cabeça e chorei pela merda de vida que eu tinha, aquilo não era justo comigo, nada era justo.

- Pare de chorar, eles são conservadores demais.

- Ela ainda vai me enterrar, escute que o que eu estou falando... Eu ainda me mato por causa da boca grande dessa mulher.

- Essa mulher é sua mãe.

- Uma mãe não condena um filho desta forma, um filho não odeia tanto a mãe como eu a odeio... Estou farta, não piso nesta cidade nunca mais. - Sequei o rosto com raiva.

- Não diga nunca, pode até morder a língua e quando ver, vai estar morando aqui e desejando nunca mais ir embora. - Ele riu e me puxou para ele.

- Está jogando praga, Louis? - O belisquei, ele riu se torcendo.

- Não estou, mas é que já vi algumas pessoas amaldiçoando esta cidade, e por fim... estão cuidando de suas terras, criando seus filhos.

- Eu tenho uma casa e uma vida fora daqui. - Respondi deitando a cabeça em seu ombro.

Louis me levou para casa, de lá arrumamos as malas e seguimos para o aeroporto, desejando que o que filmamos tenha ficado bom o suficiente para não ter que voltar para lá.

Queria esquecer aquele lugar e que um dia eu nasci naquela e era cidadã Francesa.

Me despedi do meu amigo que em breve estaria em Nova York para finalizar e ver a propaganda, assinar o contrato e se tornar meu mais novo cliente.

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