Chris Vê Monika, Louis e o Bebê

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Christian Garrel

Os meses foram se passando, meu coração foi diminuindo a dor, chegando ao ponto de ficar a saudade, a imagem de Monika dormindo ainda vinha a minha mente, as vezes tinha vontade de ligar e saber sobre ela, como está e se tinha recuperado a memória, depois batia o medo e a vergonha e acabava não ligando.

Mamãe praticamente sumiu de nossas vistas, minha irmã tentou entrar em contato com ela, apenas dizia que estava viajando, fora de Paris e não queria ver ninguém muito menos a mim e Meredith, aquilo era de se estranhar, resolvemos aceitar seu distanciamento, já que também estávamos todos estremecidos.

Já se foram 9 meses, Nicole e eu engatamos num namoro, mais para não ficar sozinho do que o motivo de gostar dela. Meredith por não gostar de Nicole, resolveu comprar seu espaço, agora formada e trabalhando, tinha como se virar, isso me deixou mais a vontade para namorar e receber meus amigos em meu apartamento.

Numa tarde, Nicole apareceu pedindo para que eu a levasse ao aeroporto, estava atrasada e como eu tinha uma moto, chegaria mais rápido ao aeroporto, e foi o que fiz.

Caminhávamos calmamente pelo aeroporto, procurando o guichê para confirmação de reserva, Nicole iria para Los Angeles para uma sessão de fotos, seria uma semana sem minha namorada.

- Boa tarde... - Disse ela para a a moça no guichê, apresentando seus documentos e passaporte.

- Me ligue quando chegar. - Pedi para Nicole.

Ela sorriu para mim, me puxou para um beijo.

- Claro que te ligo.

Só podia rir, me virei para sair com ela para irmos para o portão de embarque, caminhamos com calma conversando, a minha frente um casal caminhava para o mesmo portão, a mulher usava um chapéu na cabeça empurrando um carrinho de bebê, o homem empurrava um carrinho com várias malas, esse estava indo para uma viagem longa.

- Vai tentar falar com sua mãe hoje?

- Vou... - Olhei para Nicole. - Eu acho que ela anda muito estranha.

- Acho que ela está em depressão. - Nicole torceu a boca.

- Conversou com ela? 

- Conversamos... E ela não disse coisa com coisa. - Nicole, apertou minha mão. - Fala que tem um neto, que ele é lindo, que está crescendo. - Ela riu.

- Acho que é caso de internação.

Rimos alto. Chegamos ao portão, segurei Nicole pela nuca e a beijei.

- Faça uma boa viagem. - Disse olhando para ela que sorria adorando aquela minha exibição de carinho.

- Me espere... Logo estou de volta. - ela me beijou novamente.

Nicole me largou e seguiu para o embarque, ao olhar para as pessoas que embarcavam, vi Louis pegando um bebê do carrinho e o levou ao colo, enrolado na manta e parecia dormir, estranhei aquilo, logo vi Monika, sorrindo e seguindo ao lado de Louis para dentro, tudo aconteceu tão rápido que mal pude acreditar, Monika tinha levado a vida com tranquilidade, teve um filho e agora estava feliz, provavelmente voltando para Nova York.

Nicole ficou abanando a mão para mim sem parar, nem tinha visto seu aceno, assim que entrou, foi que acenei para o nada, arrasado, triste, dei meia volta e fui embora, pensando no quanto tinha sido idiota o suficiente para perder a mulher que eu amava, O sentimento por Nicole tinha ficado bem pequeno diante de Monika.

Assim que entrei em casa, fui ate a geladeira, peguei uma cerveja, abri e tomei mais da metade, olhei para o sofá, lembrando do dia que ela veio aqui e ficamos de namorico e sexo no sofá, conversando e brincando um com o outro, uma emoção tomou conta de mim, me sentei no sofá completamente derrotado, Louis não perdeu tempo em fazer um filho enquanto ela se recuperava, aproveitando-se de sua amnésia para isso, assim, Monika estaria preso a ele para sempre.

Não restava mais nada, eu tinha que reunir forças, dar o meu amor por perdido e seguir em frente, me casar e ter a minha família, esquecer aquela mulher que tanto me encantou, desde a primeira vez que a vi.

Não foi a toa que meu pai a amou tanto, Monika não era apenas uma mulher, ela era encantadoramente forte, decidida, trabalhadora e nada fraca.

Escorreguei no sofá terminando de tomar a cerveja, deitei e fiquei olhando para o teto, tentando criar coragem para seguir em frente, mas era como se eu estivesse em depressão, não tinha vontade de nada.

No fim das contas, fiquei relembrando o rosto de Monika entrando no embarque, sorriso no rosto parecendo feliz, chapéu na cabeça para esconder sua cicatriz, mas foi como parar no tempo, não queria acordar mais daquela realidade que praticamente me socou a cara, me ensinando a nunca mais a agir por impulso e deixar se envenenar pela maldade alheia. 

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