SEGREDOS

Cristian surge a noite

Passei a noite arrumando algumas coisas em minha casa, a muito tempo não ia para lá e precisava de organização.

A primeira coisa que fiz foi arrumar as caixas e fotos e filmes, tinha muita coisa lá que não servia para nada, eram testes, filmes que queimaram e que simplesmente joguei na caixa e deixei, creio que perdi mais de duas horas separando e jogando fora o que não prestava.

Finalmente meu pequeno escritório que fica junto a pequena biblioteca estava limpa e em ordem, sorri contente, coloquei as coisas de volta no lugar, peguei os sacos de lixo e levei para o latão.

Fiz uma xícara de chá e me sentei na porta da cozinha que dá para o jardim, fiquei olhando para a noite, bebericando meu chá e me deliciando com o silêncio que aquele bairro tinha.

As casas em volta não eram tão próxima, e eu ainda tinha construído a casa bem no meio do terreno em triangular, para que eu tivesse visão dos 4 cantos do bairro e minha janela não desse de cara com outra da vizinhança.

Não costumava pensar na minha vida, apenas mantinha meu foco nos trabalhos e na fotografia, praticamente vivia pensando em qual lugar eu iria me aventurar, só sabia de uma coisa, nunca mais iria fotografar corridas de carro, moto ou até mesmo de Kart, era um esporte perigoso que muitas vezes exigia do profissional a se arriscar no alambrado para tirar a melhor foto e ser atingido por um pneu ou um pedaço do carro.

- O que faz aí?

Escuto a voz de Christian, ele estava apoiado com as mãos no cercadinho de madeira, olhando para mim.

- A quanto tempo está aí? - O olhei rindo, eu estava alheia a tudo que acontecia.

Chris pulou o alambrado e veio até a mim, se sentou ao meu lado passando a mão pelos cabelos, sorriu.

- Deve ter uns cinco minutos e não sei como não me viu parado ali.

- Normalmente me desligo da terra quando começo a pensar.

Nos olhamos por um tempo, Chris soltou o ar com força, parecia querer me perguntar algo.

- Anda!... pergunta de uma vez?

- Está tão na cara assim? - Ele riu encabulado. - Desculpa...

- Pergunta!

- Você tem algum rolo com esse tal de Jean- Louis!

- Haaaaaaaaaaaaa... - O olhei de lado me divertindo. - Com ciúme?

- Não... Mas e que desde que chegou, ele parece querer estar em todos os lugares que você está.

- É... Ele nutre uma paixão por mim... Na adolescência eu o beijei para fazer ciúmes em outro garoto... Depois disso não largou mais do meu pé.

- Christian gargalhou.

- Vai me dizer que ele é virgem ainda?

- Não... - Sacudi a cabeça, não consegui encará-lo.

- Então não foi só um beijo?

- Vamos dizer que... Foi um deslize... - Tapei o rosto me sentindo envergonhada. - Tem uns nove anos, antes de eu ir embora, fui me despedir dele e acabou rolando um beijo um pouco mais quente e acabamos rolando no meio das parreiras.

- Você pelo jeito não tem juízo.

É... Acho que pode ter razão. - O encarei triste. - É por isso que não devemos nos envolver, Christian... Normalmente as pessoas saem magoadas quando resolvem me amar.

- Isso me parece mais superstição que você mesma criou... Está tentando me afastar por que tem medo.

- Por que está fazendo isso?

- Por que acho que você vale a pena, é uma mulher madura, sabe o que quer, tem uma vida estabilizada, é natural da França...

- Há... Está difícil de achar uma francesa! - Gargalhamos.

- Uma francesa que tem uma vida estabilizada e que não seja sangue suga... Sim... Está!