Chris em NY

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Chris

Chegamos em Nova York e tinha que admitir, foi loucura ter saído tão tarde de Los Angeles e ter ido para Nova York, Nicole insistiu para ir para um hotel e descansar, deixei as duas no hotel próximo ao apartamento de minha mãe e segui para lá, sabia que minha mãe acordava bem cedo para fazer seus exercícios e correr, um habito que nunca vou me esquecer.

Cheguei na portaria e pedi para me anunciar, como presumia ela me atendeu preocupada e com sua roupa de ginástica, a encarei da porta, parado a encarando, eu me sentia tão exausto que não tinha vontade de brigar com ela.

― O que está acontecendo? ― Ela me puxou para dentro do apartamento. ― Alguma coisa com a Giulia?

Sacudi a cabeça em negativa e me sentei, respirei fundo esfregando as mãos, a encarei assim que se sentou a minha frente me estendendo uma xícara de café, segurei com as duas mãos sentindo o calor do da porcelana.

― Porque não me contou que Monika tinha ido ao meu apartamento, que tiveram uma discussão e que sabia que ela estava grávida.

Mamãe perdeu a cor, se recostou sem jeito na poltrona.

― Achava mesmo que não iria descobrir?

― Mentira sempre tem perna curta... ― Soltou ela baixinho.

― Tem... E você novamente manipulou a minha vida e a de Monika... Separando duas pessoas que se amavam e muito... Eu poderia ter me casado com ela, eu estaria criando Daniel e feliz. ― Minha voz ficou embargada de imediato. ― Monika nunca teria sofrido o acidente. Ela estaria bem, se lembraria de mim.

― Mas não me deixaria participar da vida de Daniel se ela não tivesse sofrido o acidente.

― Você é egoísta sabia! ― Coloquei a xícara na mesinha ao lado.

― Não fale isso...

― Falo... ― Bati na minha perna e apontei para ela. ― Você é uma Egoísta que acha que pode manipular as pessoas, decidir a vida delas por que acredita que é o melhor, mas não deixou que eu escolhesse o que eu queria para a minha vida... Trouxe a Nicole para a minha vida, assim eu ficaria o mais longe possível de Monika e não iria descobrir que tenho um filho com ela... Você me tirou o direito de escolha e o direito de conviver com o meu filho. Você é a culpada de tudo o que sofremos.

― Não diga isso, Christian... tudo que fiz foi para o seu bem.

― Não... Foi para o seu bem. ― disse mostrando a ela toda a minha dor.

― Você sempre soube que nunca amei Nicole, aproveitou um momento de fragilidade e a trouxe para a minha vida, manipulando-a para ser doce e gentil... E hoje ela é um monstro, me usa para carregar malas, segurar seu temperamento explosivo, mal sabe cuidar da própria filha, nem trocar a fralda da menina ela faz. ― me levantei, não aguentava mais ficar parado no mesmo lugar. ― Estou me separando.

― Não faça isso Chris... Nicole não vai suportar perder você, como vai ficar Paloma?

― Ela vai ficar comigo... ― A olhei rapidamente. ― O que veio fazer em Nova York?

― Ficar perto do meu neto.

Dei risada, aquilo era irônico demais.

― Você é louca? ― perguntei voltando a me sentar a sua frente. ― Você tem consciência do que fez? E o que está fazendo?... Você realmente tem um coração? Porque acho que não!

― Eu... ― Ela olhou para as mãos. ― Eu sou egoísta... Você tem razão... Eu queria Daniel só para mim. Tinha medo de vocês ficarem juntos e não poder curtir meu neto da forma que curto hoje.

Estranhei sua fala. "Ela curtia Daniel? Mas como?"

― Depois do acidente, mesmo me reconhecendo, ela não se importa que eu me aproxime do menino, claro que não fico com ele, mas eu posso vê-lo na escola, com a empregada quando ele está em casa.

― Porque mentiu para mim?

― Monika não te merecia?

― E agora merece? ― Procurei seus olhos? ― Suas decisões simplesmente me fizeram infeliz... E agora eu vejo o porquê de papai ter se separado de você e ter vindo atrás dela, porque Monika faz qualquer homem viver... Você e Nicole se merecem... E eu quero distância de vocês duas... E se achava que deste jeito teria Daniel próximo de você, fique sabendo que quando reconquistar Monika... Você não vai chegar perto dele, muito menos de mim.

― Christian... Não faça isso, eu amo você. ― Ela disse chorando ao me ver indo para a porta.

― Não ama... Nunca me amou de verdade. ― Abri a porta. ― Tenho até duvidas se tem amor próprio dentro de você.

Saí do apartamento com ela atrás de mim pedindo perdão, não dei bola, sabia que estava magoando-a, mas eu também estava muito magoado e decepcionado,e não sei se ela é a única culpada disso, eu também tinha minha parcela de culpa, só sei que podia recuperar o tempo perdido e iria conseguir.

Voltei para o hotel, passamos o dia, levei Giulia ao central Park para brincar e à noite pegamos um voo para Paris, agora iria para casa e dar entrada no divórcio e reconquistar meu espaço e as pessoas que eu perdi ao longo desses quatro anos.



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