Monika descobre a verdade

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Descemos do carro, Juliette entrou primeiro deixando o portão aberto, abriu a porta, eu e Louis entramos logo em seguida, dando de cara com mamãe em pé no meio da sala, olhar carrancudo para nós duas.

- Oi mãe! - Disse me aproximando dela. - Dei um beijo em seu rosto. - Como você está?

- Vocês são duas filhas ingratas... - Começou ela mal humorada. - Como podem me largar aqui, quanto seu pai está lá no hospital sozinho.

- Mãe... Ele está no CTI e não pode ficar com uma pessoa, é proibido. - Juliette tentou se justificar.

- Deveria ter me acordado quando percebeu que seu pai estava mal.

- Mãe... Não brigue com a Juliette, ela fez o correto, não perdeu tempo, e salvou o papai.

- Hora!... Cale-se você. - Ela se distanciou de mim. - Você nem se preocupa tanto assim com ele, nem sei por que está aqui.... Agora me aparece grávida, e duvido que nem sabe quem é o pai.

 - MÃE! - Eu e Juliete falamos ao mesmo tempo, ficamos a olhando perplexas.

Então seu estado de nervosismo e ataques foi ao extremo, não imaginando as graves consequências que aquilo traria a nossa família, principalmente a mim.

- Não me venha com essa de que o filho é de Louis, que é outro idiota que acha que você mereça ser protegida.

- Acho que a Senhora está sendo injusta com sua filha e comigo. - Louis pegou no meu braço para me tirar daquela casa, o segui, mas antes de chegar a porta ela disse em alto e bom som.

- Filha... Se fosse minha filha, eu garanto que seria mais educada e não uma prostituta que sai com homens casados e dorme com qualquer um.

Parei próximo a porta, fiquei branca, olhei para Louis e me virei para minha mãe, Juliette estava com as mãos na boca, também branca e em choque, ela percebeu que falou demais, perdeu o compasso, o chão, tentou sair da sala, eu a detive num passo e a segurei.

- Agora você passou dos limites... - Disse entre os dentes. - Você me odeia, então abra essa boca de uma vez e despeje o esgoto que você tem contra mim, assim acertamos nossas diferenças, eu sumo da SUA vida, mas não vou sumir da do meu pai, que foi o único que me amou de verdade todos esses tempo.

- Você não é minha filha... - Disse ela com o queixo tremendo.

- Mãe... não! - Juliette começou a chorar, percebi que o assunto era verdade, olhei minha mãe em choque, a soltei e a analisei.

- Eu acho que... - Louis quis me tirar da casa, eu o impedi, não deixando que se aproximasse.

- Papai? ele é meu pai? - Eu fiquei confusa, porque as pessoas sempre me disseram que eu era super parecida com ele.

- Um mês antes de nos casarmos, ele se envolveu com uma mulher, ela engravidou, eu e seu pai nos casamos e nos mudamos para outra cidade, dez meses depois, a mulher bateu na porta de casa, e lhe entregou a nós, dizendo que não podia mais criar você... Foi embora, eu mandei seu pai escolher entre mim e você, ele não disse nada, passou o dia e a noite com você na sala, quando acordei de manhã, achei que ele tinha ido te levar para um orfanato, mas quando vi, ele estava chegando com berço, roupas, fraldas, aquilo foi a morte para mim, seu pai me obrigou a cuidar de você, e a gente se separou por longos anos, até que um dia resolvi dar mais uma chance a ele, foi quando engravidei de sua irmã... Mas por mim, eu teria te mandado para bem longe desta casa.

Quase cai ao chão da tamanha decepção que tive, a mulher por quem chamava de mãe e que cuidou de mim, não me amava, Louis me segurou, me tirando da casa dos meus pais, fui em silêncio, o choro não vinha, tudo estava preso. Me sentei no carro, Juliette correu para fazer a gente parar, bateu no vidro em desespero, mamãe ficou na porta parada, mão a boca, Juliette ainda correu atrás do carro para fazer a gente parar.

Louis tomou a estrada em silêncio, olhando para mim várias vezes, perguntando se eu estava bem, foi aí que caí em si com as lembranças que eu tive da minha infância, papai me levando com ele para a colheita das uvas, eu o ajudava a acomodar as uvas nos caixotes, ele ria com a minha atenção e cuidado, praticamente cresci no meio daquelas parreiras, no inverno, papai me levava para andar pelos campos, fazer bonecos de neves, era apenas eu e ele, mamãe nunca estava presente, minhas vontades quando atendidas, eram motivos para brigas, principalmente por causa da máquina fotográfica que ele me deu na adolescência.

Eu fui criada pelo meu pai, unicamente por ele, a participação de mamãe quase não existiu, a referência que eu tinha dela era a mulher que cozinhava, lavava minhas roupas e cuidava da arrumação do quarto, e dava bronca o tempo todo, nunca existiu uma conversa sólida entre nós, Juliette sim aproveitou o colo de mãe.

Agora sim eu conseguia entender tudo, os 40 minutos que ficava parada num canto vendo-a amamentar Juliette, cantando, acariciando seus cabelos, dando-lhe beijos na face com amor.

- Pare o carro... - Pedi arrancando o cachecol do pescoço.

- Não dá, está nevando e precisamos...

- Pare o carro, por favor? - A dor no peito era enorme, me sentia sufocada.

Soltei o cinto de segurança e gritei para ele parar o carro e fiz a pior besteira de toda a minha vida, puxei o freio de mão, fazendo o carro derrapar e bater de frente com um trator no acostamento, fui arremessada para frente, sem cinto de segurança, atravessei o vidro, ficando estirada no capô do carro.


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Aqui termino a primeira fase do livro.


A Segunda fase, vai ser emocionante, Daniel vai emocionar vocês!

Agora vocês sabem que eu adoro pregar peças, fazer pegadinhas.

Será que Monika vai sobreviver a esse acidente?

Ansiosa para saber de vocês sobre o estado de Monika.

Bjus e até mais.

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