Christian recebe Meredith

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Christian Garrel

Já se passaram quatro meses que não via Monika, não tinha notícias dela, pelo jeito as coisas estavam indo muito bem para ela, seu amor não era tão grande assim por mim.

Larguei a ferramenta no chão me sentindo revoltado comigo mesmo, o que eu estava pensando, eu a mandei ficar longe de mim, não estava no meu apartamento quando apareceu, eu não a procurei depois, fugi como um rato para longe para tentar esquecer, deixei pra trás o que mais amava, outro piloto estava correndo com o meu carro, e eu me tornei um mecânico, engenheiro, coisa que só fiz o curso para agradar meu pai e ter ideias inovadoras para o nosso próprio carro, odiava aquele serviço, odiava o lugar onde me enfiei, estava longe dos meus amigos, da minha vida.

- O que foi? - Donatello bateu com força a mão no meu ombro.

- Já disse pra não fazer isso! - Olhei feio para o mecânico.

- Vai tomar um café, me deixa cuidar disso.

- Está tudo bem.

- Não está... a dias dias venho percebendo que não está bem, triste, poucas palavras e se irrita com facilidade.

- Não sei se estou fazendo o certo.

- Não está... Mas já que está aqui, tem que trabalhar. - Ele pegou a ferramenta do chão e me entregou. - Limpe sua mente e se concentre no que está fazendo.

- Pode deixar... Chefe... - Torci a boca voltando a mexer no carro.

Depois de uma tarde difícil, fui para o meu apartamento, na verdade era uma casa numa vila em Marinello, bem próximo a fábrica da Ferrari, a dona morava na parte de baixo e eu em cima.

Ao me aproximar da entrada, vejo que tem alguém sentado na soleira da porta, parei apoiando os braços no portão, dei risada sacudindo a cabeça.

- Como conseguiu meu endereço?

- Mexi nas coisas da mamãe. - Ela me olhou chorosa.

- O que faz aqui, Meredith? - Abri o portão, ela correu para me abraçar.

- O que eu fiz pra você sumir assim? você disse que iria cuidar de mim... - Meredith me olhou chorosa. - Eu não devia ter contado sobre a mulher do papai.

- Não... - Sorri e dei um beijo em sua testa. - Mas era preciso saber a verdade.

- A mamãe estava lá quando ela chegou, eu também estava...

- Não... Ela não estava. - Me afastei de Meredith, apoiei as mãos na cintura. - É sério?

Perguntei me sentindo um otário, levei a mão a boca, fiquei branco.

- Eu fiquei no quarto escondida, porque a mamãe achou que eu estava no banheiro...

Peguei Meredith pelo braço e a levei para dentro de casa, nos sentamos.

- Me conta o que rolou entre as duas.

- O papai e a mamãe viviam num falso casamento a muito tempo, a mulher pediu a ela para contar a verdade antes que seja tarde demais, mas a mamãe não baixou a guarda, elas também conversaram sobre que ela não teria direito a algo, não sei direito, depois que a mulher...

- Monika, o nome dela é Monika. - Disse me sentindo irritado pelas mentiras que rondavam essa história.

- A Mamãe me tirou do apartamento, me enfiou num táxi e mandou que eu voltasse para o apartamento, não quis me ouvir.

- E o que faz aqui?... veio só pra me contar isso e me fazer sentir um troglodita?

- Não... Eu descobri tudo, eu fui atrás da verdade... A mamãe mentiu pra todos, ela usou uma boa parte da herança para jogar notícias falsas na mídia sobre eles. - Meredith começou a chorar. - Eu sinto muito mano.... eu acreditei nela, por isso te contei, mas não devia ter feito isso... A mamãe mandou a Monika para o hospital e acusou o papai de agressão, o chantageou para voltar para casa e retirar a queixa, a Monika ficou confusa quando acordou, pra ela foi o papai que a agrediu... ele teve que vir embora com a mamãe... e tem uma carta, a mamãe não me deixou ler, e disse que jogou fora, mas eu ouvi a Monika dizer que a carta era para nós dois... Lá ele explicava tudo.

Suicídio... - Disse baixo me jogando no encosto do sofá, o sangue me fugiu, Meredith ficou me olhando tentando entender o que disse.

Não!... Papai nunca faria isso.

Faria... - Disse tentando não chorar. - Ele faria sim... - Me sentei e a encarei. - Isso não pode sair daqui, porque o seguro pagou uma bolada pelo acidente, se souberem que ele mesmo sabotou o carro, nunca mais eu poderei entrar numa pista de corrida, papai escolheu assim, vai permanecer assim.

Quanto a Monika? - Meredith me encarou.

Eu não sei... - Me larguei no sofá novamente. - Eu disse coisas horríveis a ela... Não sei se vamos ter chances novamente.

Liga pra ela.

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