Christian enfrenta Nicole

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Chris

Ver aquela Van indo embora com o meu filho e a mulher que amava foi bem difícil de aguentar, era como estar se despedindo para nunca mais vê-los novamente. Meu celular começou a tocar no meu bolso, puxei e olhei, era Nicole e era a terceira chamada, e nem tinha percebido isso.

― Já estou indo. ― foi a primeira coisa que disse assim que atendi.

― Afinal de contas, o que está fazendo há três horas aí?

― Conversamos assim que eu chegar. ― Desliguei para não dar mais chance de fazer perguntas.

Abanei a mão para um táxi que passava na hora, entrei e voltei ao hotel, no caminho fui pensando no encontro, no que disse e repensando nos meus sentimentos e no que queria fazer da minha vida em diante. Uma coisa Monika tinha razão, eu tinha uma filha e ela também é muito importante para mim, com apenas ainda.

Descansei a cabeça no encosto do banco, fechei os olhos e relembrei o beijo que dei nela.

" minha nossa! Era como ter beijado como a primeira vez"

Sorri para mim mesmo, eu não podia perder essa mulher mais uma vez, eu não estava nem aí se ela era mais velha, que iria perder a juventude mais cedo, Dane-se o conservadorismo.

Assim que cheguei ao hotel fui direto para o nosso quarto, sabia que iria encontrar Nicole muito brava, já era bem tarde. Abri a porta e minha pequena veio correndo feliz para me abraçar, a peguei no colo.

― E aí bonequinha! ― Beijei suas bochechas.

Nicole estava sentada na cama, olhar duro para televisão, trocando de canal, eu estava farta daquela mulher e seu mau humor desmedido, o Chá que ela tomava não estava ajudando em nada e só piorando as coisas. Me sentei de frente para ela que me olhou quase pulando no meu pescoço.

― Se divertiu com sua fotografa?

― Sim... Pode ter certeza que sim.

― E você me diz assim? Com essa cara de pau? ― Ela jogou o controle em mim, por sorte Giulia tinha se deitado na cama e não a acertou.

Segurei o controle na mão, boca aberta da tamanha estupidez. Fechei a cara para ela.

― Não foi da forma que você está imaginando... Mas tenha certeza que Monika nunca me tratou desta forma como você me trata... Você não é mais a pessoa com quem me casei, se tornou uma pessoa obsecada pelo corpo perfeito, não dá atenção a mim e a menina, vive aí com essa cara amarrada, explodindo e maltratando a todos que tentam te agradar. ― Me levantei e desliguei a TV.

― Você não me da atenção... ― Soltou ela.

― O quê? ― Aquilo era um absurdo. ― Eu estou deixando a minha equipe de corrida, deixando de correr para estar aqui, ao seu lado, ao lado da Giulia, só que você não enxerga isso, Nicole.

― Você vai nos deixar? ― Ela deu um pulo da cama e me abraçou, modo possessivo e pegajoso.

Puxei seus braços para me largar.

― Eu tentei... De verdade eu tentei, mas não dá mais, estou farto de me fazer de seu empregado, mandando e desmandando, eu tendo que consertar as merdas que você faz... Só esse mês quase perdeu dois trabalhos.

― Aquela vadia conseguiu o que queria...tirar você de mim.

― Pare de bobagens, Nicole... Monika não se lembra de mim, não sabe quem eu sou e esta casada com Jean-Louis, está indo se encontrar com ele agora na Argentina, não está nem aí para o que acontece comigo e na minha vida pessoal ou profissional. ― A olhei chateado. ― Mas tem algo que nos prende, Nicole...

Coloquei as mãos na cintura e a encarei, analisando bem aquele rosto que não me dava alternativa a não ser falar e falar.

― O que te prende a ela? ― Nicole se aproximou de mim. ― Você a ama?

― Amo... Mas não é isso que me prende a ela. ― Olhei para Giulia que agora estava com o controle remoto da TV na mão tentando ligar, voltei a olhar para Nicole. ― Monika teve um filho meu... Um menino lindo e se parece demais com a Giulia e a mim... O Nome dele é Daniel... e eu quero que a Gulia o conheça e tenha uma convivência com o irmão.

― Seu... Seu cachorro! ― Nicole começou a desferir murros no meu peito, a falar coisas que nem eu conseguia entender, Giulia chorava de um lado e ela me batia do outro, ate que não me controlei mais, precisava acabar com aquele surto dela, a segurei com uma mão e lhe dei um tapa tão bem dado que ela voou deitada na cama, peguei Paloma no colo tentando acalmar a minha filha.

― Arrume as malas, vamos voltar para Nova York, preciso conversar com minha mãe. ― Saí do quarto com minha filha nos braços.

Uma das coisas que sempre fazia era as malas para viajarmos, pois Nicole sempre mandava e jogava as coisas na cama para eu dobrar, de repente senti um alivio por ter mandado, ela precisava aprender a se virar.

Quarenta minutos depois voltei ao quarto, Nicole estava sentada na cama, vestida e arrumada para viajarmos, deitei Paloma na cama, troquei sua fralda, coloquei uma roupa mais quente e chamei o serviço de quarto para pegar as malas. Seguimos para o aeroporto em silêncio, Nicole ia choramingando ao meu lado, Giulia por sorte acabou dormindo. Na chegada ao aeroporto, coloquei minha filha no carrinho de bebê para ficar mais acomodada, fui ao guichê e comprei nossas passagens, entramos no embarque e nos sentamos.

― Porque temos que ir a Nova York? ― Finalmente Nicole disse algo.

― Porque é preciso... Tenho assuntos inacabados para conversar com ela... Assuntos de alguns anos atrás.

― Não me deixe? ― Ela segurou meu braço. ― Por favor?

― Desculpa, Nicole! Mas não dá mais. ― A olhei. ― Pode deixar Giulia comigo se quiser, assim você fica livre para cuidar da sua carreira.

― Minha filha não vai ser criada por uma prostituta.

― É melhor calar a boca... ― A olhei de lado. ― Nunca mais fale algo deste gênero de Monika, ela é muito mais mulher que você.

― É tão mulher, que teve um caso com seu pai, o tirou do seio da família, destruindo tudo que sua mãe construiu.

― Meu pai saiu de casa por livre e espontânea vontade, justamente por ter um relacionamento explosivo assim como nós dois temos, estragando qualquer possibilidade de reconciliação. Estou farto de me sentir culpado por não fazer você feliz.

― Você me faz feliz!

― Não faço... Não seja hipócrita! ― A encarei e voltei a olhar para Giulia. ― A melhor coisa é nos separar... Vou voltar para o meu antigo apartamento, a Giulia vai comigo, assim da tempo de você se reorganizar e pensar no que vai querer, ficar com ela ou deixa-la comigo e pegá-la quando estiver de folga.

― Acha mesmo que vou deixar minha filha com você? ― ela disse brava em tom baixo.

― Acho! ― A olhei novamente, desta vez apoiei os cotovelos nos joelhos me inclinando para frente. ― Você não tem organização e não tem paciência com ela, não consegue dar atenção... Sua preocupação é se a unha vai quebrar, que seu cabelo vai estragar, que sua pele pode resecar.

― Você faz soar como se eu não soubesse cuidar da minha própria filha.

― Desculpa... Mas você realmente não sabe.

Nicole tapou o rosto e chorou muito, depois se levantou indo para o banheiro, olhei no relógio e por sorte faltava pouco para entrar no avião e seguir para Nova York, eu nem sei como iria chegar na minha mãe, minha vontade era de estapea-la.

Nicole voltou, pegamos nossas bagagens de mãos e seguimos para o avião, acomodamos tudo e seguimos viagem.

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