Nicole está uma pilha de nervos

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Segui com Daniel e a equipe de fotografia e Studio e fotografia alugado pela agência, Eva ficou no hotel para trazer a modelo. Enquanto isso eu e minha equipe e montávamos o local, a maquiadora expunha seu arsenal de maquiagem e cremes milagrosos.

- Daniel... Vem ajudar a mamãe a limpar as lentes? - O chamei antes que atrapalhasse o pessoal da iluminação.

- Isso é chato! - Respondeu ele pegando uma flanela do estojo.

- Não é não... - Sorri para ela. - Não pode tirar fotos com as lentes sujas.

- Você vai me deixar tirar fotos hoje? - Ele me olhou curioso enquanto tentava esfregar uma das lentes.

- Quem sabe! - Pisquei para ele. - Tem que se comportar e ficar observando para aprender a ser um bom fotografo.

- Está bem! - Ele sorriu gostoso. - O papai vai vir?

- Não... Mas acho que podemos fazer uma surpresa para ele se você quiser e se terminarmos ainda a tempo o nosso trabalho, por isso preciso da sua colaboração para tudo correr tudo bem. 

Daniel concordou com a cabeça e voltou a me ajudar a limpar a lente, vinte minutos depois, a maquiadora veio com um bico enorme falar comigo.

- A modelo esta fazendo um monte de exigências, não estou sabendo lidar com ela. 

- Era o que me faltava. - Bufei, estava tudo indo muito bem até aquele momento.

- Yuri, olha o Daniel para mim, por favor.

- Daniel, vem com o tio? - Yuri era um amor e um amigo em tanto, Daniel adorava ficar atrás dele quando vinha trabalhar com a gente.

Cheguei ao camarim e a modelo estava praticamente falando sozinha e se maquiando nervosamente, parei atrás dela.

- Mas!... O que pensa que está fazendo? - Estava em choque ao ver aquela mulher ter uma crise de sei lá o que.

A modelo se virou para me encarar, e da expressão de quem estava com raiva, passou para a de surpresa, não entendi nada e dei um passo a frente.

- Porque não esperou a maquiadora se estava com tanta pressa assim?

- Ela nem sabe fazer uma maquiagem, nem sei como pode contratar alguém deste nível. - Ela soltou voltando a ganhar seu ar de atrevimento.

- Tem mais alguma coisa para acrescentar, Sra? - Queria saber o nome daquela criatura.

- Nicole Garrel. - Ela empinou o nariz.

Entortei a cabeça por me lembrar o sobrenome, mas podia ser uma coincidência muito estúpida, resolvi não dar atenção, voltei ao meu estado profissional.

- Mais alguma exigência? - Falei com mais calma, ela olhou sobre o meu ombro, perdendo a sua pose.

Olhei para trás e um homem estava parado, olhava para nós duas, boca aberta, não dei bola, deveria esta tão estarrecido como eu pela atitude da mulher.

- Por favor, sente-se e se arrume, não tenho muito tempo para aguentar chiliques de madame.

- Olha quem fala! - Ela soltou, Mary tapou o rosto, o homem atrás de mim finalmente abriu a boca.

- Nicole... Por favor, aqui não é lugar para chiliques.

- Há.. Disse muito bem! - Apontei para ela. - Quem quer que seja esse cavalheiro, deveria ouvi-lo, agora se não está satisfeita com o trabalho e o cachê que a empresa está lhe oferecendo, então é melhor que se arrume e saia... Existem outras modelos loucas para estar em seu lugar.

- Você foi muito esperta em me chamar para a campanha, assim pode ficar mais perto do meu marido.

- Nicole... - O homem a segurou pelo ombro, eu abri a boca querendo entender aquilo. - Não se exponha a ridículo e ciúme idiota.

- Deixa eu entender. - Me aproximei dos dois.

o Homem se voltou para mim, ficamos nos olhando, era nítido no rosto dele que me conhecia muito bem, meu intimo dizia que não o conhecia,mas me simpatizei com ele.

- Você é o marido?

- Sim... Cristian... Garrel.

- Há... faça-me o favor. - Nicole riu desdenhosa. - É claro que ela sabe quem você é.

- Quer saber... - Coloquei as mãos na cintura, Mary se afastou. - Cansei desta merda e não estou aqui pra brincar de gato e rato... Considere-se demitida, pode voltar ao hotel e pegar suas coisas e dar o fora. - Me virei para Mary. - Ligue para Gisele e pergunte se ela está disponível, soube que ela está em Los Angeles, quero terminar isso hoje.

Dei as costas para voltar ao Studio, pegar minhas coisas e meu filho, fui segurada pelo braço.

- Olha!... Me desculpa, Nicole andou tomando aqueles shakes loucos e... ela fica assim, agressiva... De mais uma chance.

- Sr. Garrel... Eu sinto muito, mas não volto atrás da minha palavra, e é melhor internar sua esposa como louca.

- Monika... - Ele me segurou novamente. - Por favor, em nome da nossa amizade e sei que você é uma pessoa decidida, mas amável, se Nicole perder mais esse contrato... Eu não sei como faremos para devolver o dinheiro.

O homem me olhava em suplica, olhei dele para ele, pensei bem no que fazer, não devia ceder, e também sabia que a multa por quebra de contrato seria alta o suficiente, aquela mulher estava levando aquele homem a falência.

- Só me diz uma coisa! - Me virei bem para ele. - Christian Garrel, é filho do falecido...

- Julian Garrel... Sim... sou eu Monika e sim, a gente teve uma namoro rápido e intenso... e eu só fiz merda.

Meu coração quase parou, pai e filho estavam a poucos metros um do outro, continuei a encara-lo sem saber como reagir.

- Vai dar mais uma chance?

- Mais uma chance? - Estranhei.

- É... Para Nicole!  - ele olhou para ela, depois voltou-se para mim ansioso. - Por favor?

Suspirei alto.

- Não devia, o certo era manter a minha palavra. - Dei as costas. - Faça-a se comportar, se maquiar e estar devidamente vestida para a foto.

- Obrigado.

Voltei para o Studio imaginando como fui me relacionar com um babaca destes, onde a esposa o maltrata, humilha, toma shakes com energéticos para se tornar uma besta e o marido aceita isso.

- Daniel? - O chamei, puxei o boné da minha mochila.

Meu filho veio correndo até mim,  peguei e coloquei sentado ao meu lado na cadeira, enfiei o boné em sua cabeça e prendi.

- Não tire o boné... as luzes vão fortes e pode ferir seus olhinhos.

- Eu preciso de um óculos! - Ele relaxou na cadeira balançando os pezinhos.

- É verdade! - Sorri e vasculhei a mochila achando um óculos escuros, coloquei em seu rostinho. - Perfeito!

- Estou bonito?

- Lindo! - Dei um beijo em suas bochechas.



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