Chris volta ao Studio

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Chris

Saí daquele ensaio fotográfico muito ansioso e temeroso pelo que poderia acontecer, medo de me entregar e medo de não ser lembrado pelo momentos marcantes que vivemos. Mas que tolice, eu a espantei da minha vida, o que eu quero com aquilo.

- Está calado demais! - Nicole me olhou desconfiada.

- Pensando de como o acidente deixou Monika tão... Diferente.

- Ela ficou horrível com aquela cicatriz enorme... - Nicole passou o dedo na têmpora se referindo ao corte.

Me calei, pois para mim aquela cicatriz era o simbolo de sua lita para sobreviver ao acidente e retomar sua carreira. Desviei o olhar para a janela, respirei fundo, soltando o ar com força.

- Pegou minha maleta de maquiagem?

- Você não pegou?

- Droga, Christian, não acredito que deixou lá? - Ela me olhou com raiva.

- Tudo bem... eu volto e pego.

- Eu vou com você...

- Não precisa... Vá pegar nossa filha e me espere,não demoro muito.

Não preciso nem dizer que Nicole foi me infernizando até o hotel e insistindo que eu iria m aproximar de Monika, que fiz de proposito em ter deixado tudo por lá, para acalma-la fingi que estava ligando para Yuri e pedindo informações sobre a fotografa e se ela se encontrava no local.

- Viu... ela já foi... - Fiz cara feia e desliguei o celular.

Foi aí que ela se acalmou, entrou no hotel e eu voltei ao Studio com o pessoal da Van. No caminho fui pensando em mil coisas que queria dizer a ela, a primeira coisa, seria contar sobre nós dois e a nossa história, ela precisava me conhecer e saber o quanto a amei, na verdade amo de uma certa maneira.

Assim que parei em frente ao Galpão, o motorista me olhou.

- Espero pelo Senhor?

Sacudi a cabeça em negativa.

- Pego um táxi se for necessário.

- Tudo bem... Tem o outro carro que levará a equipe, quem sabe te dão carona.

- Certo! - Sorri e abri a porta do veiculo, agora era expor tudo a Monika.

Entrei calmamente, praticamente estava tudo em silêncio e tive medo de que Monika tivesse isso embora. Para minha surpresa ela estava lá, sentada numa cadeira e com o filho no colo, ele dormia, ela me olhou e sorriu.

- Deixou algo para traz? 

- Deixei! 

"Você" Pensei.

- Posso me sentar?

- Sim... Estava a sua espera... e a Maquiadora me deixou essa caixa, acho que ela é sua.

- É... Da Nicole. - Disse sem jeito e me sentei, olhei para o menino em seus braços e a olhei. - Você está bem?

- Agora estou... Não foi uma recuperação fácil e aceitar algumas mudanças radicais na minha vida, como um filho recém nascido nos braços. - Ela me encarou com um sorriso gentil.

- Monika... Eu preciso fazer você me conhecer de novo e... Quero contar sobre como nos conhecemos. - Estava tão nervoso, ela me olhava com tanta serenidade.

- Eu gostaria de ouvir, porque não consigo entender como me envolvi com um garoto.

Dei risada e corei, relaxei na cadeira, passei o dedo na boca analisando aquela mulher, que saudades daquela boca, eu a amava ainda, a emoção cresceu dentro de mim, então passei a contar desde o primeiro dia que a vi, as suas pernas longas naquele micro vestido, seu andar elegante e imponente, e na verdade para mim ela não tinha mudado nada, ela continuava linda, então completei.

- Amei você... amo você ainda e por mim, se pudesse voltar no tempo e não sentir a ardência da minha mão pelo tapa que te dei, eu voltaria, e em vez do tapa, eu teria te dado um beijo, te amado...

Monika continuou com aquele sorriso meigo, olhar fixo em mim, acariciando o menino em seus braços, então ela se levantou, achei até que iria embora por ter falado mais de quarenta minutos, ela se aproximou de mim e se curvou depositando o garoto nos meus braços, tirou o boné de sua cabeça  e acariciou seus cabelos cacheados e castanhos iguais aos meus,  na hora não entendi o que estava acontecendo, ela se abaixou a minha frente apoiando a mão no meu braço, olhou nos meus olhos e perguntou.

- Eu estive em seu apartamento? depois do que ocorreu entre nós?

- Você diz... Depois do nosso termino? - Ela sacudiu a cabeça concordando. - Sim... Sim... Me lembro que estava chegando na rua, e você entrou no táxi, corri atrás de você, mas não consegui...

- É o que me contaram... - Monika olhou para o menino. - Eu fui lá para contar sobre Daniel... - Ela acariciou o cabelo do menino. - Sua mãe estava lá... Ela sabe de tudo e de toda a história e imagino que não contou a você de que fui para dizer que estava grávida... Esperando esse menino lindo que agora está no seus braços.

Aquela confissão me fez ter quase uma parada cardíaca, olhei para o garoto e aos poucos fui reconhecendo os traços dele com a minha filha e comigo, meu coração ficou descompassado e acho que nunca me senti tão mal como naquele momento, as lágrimas vieram a tona, acariciei os cabelos do pequeno menino nos meus braços, comecei a soluçar em um choro compulsivo e o beijei, não sabia o que dizer, Monika sorria para mim, os olhos marejados, ficamos por minutos assim, contemplando aquele momento, eu tinha milhões de perguntas, eu queria beijar Monika, queria brigar com ela, mas ela também não tinha culpa, ela não me conhecia mais, não sabia como as coisas aconteceram entre nós. Preferi esperar que os ânimos se acalmassem para conversarmos com calma e esclarecer tudo, mas uma coisa eu sabia, minha mãe iria pagar caro por sua falsidade.


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