Christian a questiona sobre família

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Tomei um banho longo, lavei meus cabelos, sequei, me vesti e desci achando que Christian tinha desistido de mim, mas não, ele estava lá, em pé na porta da cozinha que dá para os fundos da minha casa, morei muito tempo ali, um sobrado amarelo de dois quartos, uma sala pequena com uma minúscula biblioteca, minha cozinha era pequena e tinha uma mesa com duas cadeiras apenas, meu quintal era até razoavelmente grande, gramado com cerca de madeira e Flores cercando a volta da casa.

- O que aconteceu para deixar esse lugar? - Cristian tinha sentido minha presença.

Não se virou para ver se realmente estava lá.

- Por que aqui é pequeno demais, como todo jovem que sonha alto, quer alcançar lugares mais amplos... - Parei ao seu lado na porta, olhei para o jardim e para o céu. - Eu tinha boas propostas para trabalhar fora do País... Então eu fui.

- Aconteceu alguma coisa para você não se dar com seus pais? - Ele me olhou sério.

Sacudi a cabeça como se ele não estivesse falando coisa com coisa.

- Que pergunta mais estranha essa... O que Juliette tem te dito para pensar assim?

- Disse que você quase não vem para cá, ninguém sabe da sua vida, parece uma pessoa estranha, ninguém sabe que você chegou a morar com um homem...

- Engoli em seco, minha garganta chegou a secar de uma tal forma que comecei a tossir, dei as costas e fui em busca de água, me sentei no sofá com o copo de água pensando no que dizer, Christian se sentou ao meu lado.

- Eu só... - Dei de ombro e o olhei. - Eu não consigo me encaixar na família modelo que eles criaram... - Meus olhos se encheram D'água. - é como se a vida que eles me deram não é verdadeira, só isso, mas eu amo meus pais e minha irmã, eu só...

Christian me puxou para seu ombro me aninhando a ele, pois não sabia explicar o que sentia, sequei as lágrimas com meus dedos e me sentei ereta, o olhei.

- O café está com um cheirinho bom... estou com fome.

- Espero que goste do meu café, pelo menos algo de bom vai se lembrar de mim quando eu for embora. - Ele se levantou.

Não queria que fosse, me sinto bem com ele, mas não dá pra tapar o sol com a peneira e dizer que a nossa diferença não iria dar problema para nós dois, me levantei e o segui até a minha cozinha, nos sentamos calados, e tomamos o café da manhã olhando o tempo lá fora passar.


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