Christian Garrel

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Cheguei ao aeroporto espumando de raiva, não olhei para trás, mas o vazio que se instalou no meu peito foi grande, Monika causou algo muito forte em mim, mas não dava para ficarmos juntos, seu temperamento explosivo era de deixar qualquer um enlouquecido a ponto de querer esgana-la.

Meu voo começou a ser chamado, caminhei até o portão de embarque, apresentei meu bilhete e segui para o avião, uma hora depois estava pousando em Paris. Peguei um táxi e segui para o meu apartamento, a solidão novamente invadiu meu ser, me joguei no sofá depois de apanhar uma cerveja na geladeira, fiquei pensando no minha vida e no que vivi em Vernése com a Monika e fui tirado dos meus pensamentos quando o telefone tocou, estiquei a mão e peguei o telefone.

Alô... - Disse sem animo.

Caramba... Que merda te deu para atender desta forma.

Pablo... não enche... agora não! - Pedi fazendo uma careta.

Como foi o casório?

Muito bom... Bem divertido.

Pelo jeito nem agarrou uma gata.

Agarrei, o problema é que ela tinha as garras afiadas demais.

Por isso está com essa voz de quem comeu, gostou mas não pode trazer para casa?

Pior que ele tinha razão, me lambuzei e não pude trazer comigo, acabei chamando Pablo e os amigos para virem ao meu apartamento para tomarmos uma cerveja e discutir os planos para a corrida de Sábado, combinar os dias de treinos e horários.

Não demorou muito e a minha sala estava cheia, pedimos algumas pizzas para comer e discutimos sobre os treinos, a estabilidade do meu carro.

A conversa se estendeu e por fim, estava apenas eu e Pablo sentados no sofá vendo a reprise da última corrida e por que não consegui chegar nem em terceiro lugar, já estava ficando de saco cheio daquelas imagens, puxei o controle remoto e desliguei a TV.

Qual é o nome dela? - Pablo estava me olhando.

Monika... - O olhei e desviei o olhar rapidamente.

Está apaixonado? - Ele ergueu a sobrancelha.

O que adianta estar apaixonado... Ela não mora na França, vai embora na próxima terça e não me deixou nem o telefone.

É a primeira mulher que conheço que não ficou afim de você... - Pablo soou tão natural que o encarei sisudo.

Ela gostou de mim... O problema... - Parei para pensar o que eu ia dizer. - O problema é o preconceito.

Preconceito? - Ele me olhou surpreso. - Ela é negra?

Não... dez anos mais velha que eu, mas muito mais jovem do que já vi por aí... - Passei as mãos pelo cabelos respirando fundo. - Você tem que ver como ela é elegante, pernas finas e torneadas, magra e como sabe amar.

Há meu Deus!... Você está com as quatro rodas travadas!

Sim, eu estava com os pneus travados por Monika, e a vontade de voltar correndo para Vernése e pedir desculpas era muito forte, mas ao mesmo tempo Monika precisava aprender a lidar com sua impulsividade e sentir falta de mim, daria um tempo, eu sabia que ela estava apaixonada por mim, mas podia estar me iludindo.

Ei? - Pablo bateu no meu ombro. - Acorda?

Estou com sono e cansado, acho melhor se virar aí no sofá. - Me levantei.

alei alguma coisa que te aborreceu?

Não... entrei no meu quarto, fechei a porta dando boa noite, tirei a roupa e caí na cama.

Revirei uma boa parte da noite na cama, pensando em Monika e sentindo a falta dela, imaginando o que deveria estar fazendo ou pensando, por fim dormi pesado


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