Monika acorda com Daniel ao seu lado

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Monika Brumi

Acordei no dia seguinte com um chorinho manhoso ao meu lado, abri os olhos e lá estava Daniel, sugando a mãozinha e reclamando, a cama estava vazia, provavelmente Louis deve ter ido buscar algo para ele e deixou ao meu lado.

Fiquei olhando para ele, eu não conseguia definir o sentimento que tinha por aquele bebê, era até estranho demais saber que tive um filho, fiquei me perguntando se o que Juliette me disse é verdade, para mim, ficava um sentimento de como se Julis fosse o pai daquela criança, as me lembrava muito bem de que não engravidei dele, não queria filhos e Julian também não, e quando morreu, eu já estava longe dele a mais de um mês.

Novamente Daniel resmungou ao meu lado, agora sugando a mão com mais força, ele estava com fome. Peguei em sua mãozinha babada, sorri ao senti-lo tão próximo.

- Eu posso te amar, posso sim! - Disse falando baixo. - Que fome... Cade o papai com a mamadeira?

Ao ouvir minha voz, o pequeno Daniel parou de reclamar, abrindo os olhos e me encarando, se me enxergava eu não sei, só sei que reconheceu a minha voz e aquilo foi emocionante demais em descobrir que ele me reconhece, me virei de lado para ficar olhando para ele, passei a mão em seu corpinho pequeno, as roupinhas sobrando, sorri animada em ter alguém para cuidar e me receber todos os dias depois que voltar do trabalho.

A porta se abriu, Louis entrou trazendo uma mamadeira e um paninho, se sentou ao lado de Daniel, sorriu.

- Boa tarde. - Disse ele acariciando meu rosto, Daniel reclamou.

- Boa tarde? - Perguntei assustada. - Como posso ter dormido tanto? Nem me lembro de ter visto a noite cair.

- E não viu mesmo. - Louis pegou Daniel no colo, ajeitou no colo e deu a mamadeira para ele. - Em dez minutos ele vai estar largado no meu colo.

- Você é um ótimo pai. - Elogiei a paciência que ele tinha. - Me desculpe... Não era para você estar vivendo isso.

- Não tem que pedir desculpas, Monika... Nos casamos, é natural que eu cuide de vocês dois.

- Eu não me vejo casada com você... Isso... é... - Fechei os olhos, ouvi Louis soltar o ar com pesar, pior que sabia que estava magoando-o. - Me desculpa... Por favor? - Estiquei a mão para ele, apoiando em sua perna.

- Tudo bem... Eu entendo. - Louis ficou me olhando. - Quando se lembrar de tudo, as coisas são ficar mais claras.

- Quero voltar para casa. - Me ajeitei na cama, passei a olhar o teto.

- Você está em casa, Monika... Só precisa se recuperar, fazer as fisioterapias e voltamos...

- Não quero ficar aqui... - Repeti pra deixar claro que quero a minha casa, meu apartamento.

- Bom... Então melhore um pouco mais... E quando a médica liberar pra voltar ao Estados Unidos, então pegamos o avião e voltamos para lá.

- Eu estou aqui imaginando como vai ser naquele apartamento pequeno, viver com um bebê, ele vai precisar de espaço.

- Não se preocupe com isso... Moramos num lindo apartamento de três quartos, o quarto de Daniel está montado, tem tudo para ele.

- Claro. - O olhei, onde eu estava com a cabeça, eu estava no passado, claro que não iria lembrar.

Me sentia frustrada a cada momento que alguém me dizia que algo novo tinha acontecido na minha vida e não me lembrava disso, me sentei na cama com dificuldade, sentia falta dos meus cabelos compridos, e a pele grossa do corte me deixava mal, tanto é que evitava me olhar no espelho e descobrir que eu não era mais a mesma pessoa.

Louis deixou a mamadeira de lado, Daniel estava largado em seus braços, barriguinha cheia e de boquinha aberta, deu a volta com ele e me entregou depois de ajeita-lo no meu braço, me ajudando a segura-lo, ficamos conversando sobre ele, e sobre minha gravidez, a foram como ele me achou na casa de Agatha, muito triste e chorosa.

Eu dei risada, porque não conseguia me ver naquele estado que me descreveu, e eu resolvi tentar levar aquele casamento, pois da forma que me contava, eu sentia que tinha obrigação de tentar dar certo, ele merecia depois de tudo o que passou e está passando.

E assim se seguiu os dias e os meses, me fortalecendo e voltando ao normal, menos minha memória, Daniel a cada dia ficava mais lindo, e meu pai estava mais conformado com a separação, Mamãe foi para o pais onde ela nasceu, Bélgica, rever parentes e ficar por lá um tempo, ela não veio ver Daniel, muito menos eu, e sempre perguntava qual o motivo deste distanciamento, todos contavam algo, mas nunca a verdade, comecei a achar que a culpa da separação de meus pais era minha, mas só iri saber com o tempo.


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