Ok desculpem, quase esqueci, mas cheguei!
Desculpem mesmo, minha cabeça ta em outro lugar.
Boa leitura.
Uma trovoada soou alta, o raio iluminou em linha reta o céu e as gotas de água caíram ferozes. Era uma grande tempestade que Rebecca assistia em silêncio depois de passar horas lendo e relendo a Constituição da União, as leis de Ur e tudo o que mais pudesse ler visando encontrar a brecha que Victória usaria para se defender das acusações, mas não havia nenhuma brecha e aquilo não fazia sentido algum.
Por que fazer uma ação destrutiva que chamaria a atenção de todos e teria grandes punições se não havia como escapar? Victória não era uma suicida, Rebecca sabia disso, e também não podia ser religiosa ao ponto de arriscar sua vida, literalmente, para criar um conselho religioso basicamente inútil.
Com aquela informação em sua cabeça ela não conseguia dormir, mas também não tinha mais estômago para beber café e pensar naquilo. Repetir todas as possibilidades em sequência estava causando nela uma bela dor de cabeça e azia.
Com um último suspiro Rebecca saiu do quarto pegando apenas seus óculos para descanso e foi para a enorme biblioteca que havia no quarto andar do castelo pensando que poderia ler um livro e aproveitar o silêncio para puxar seu sono, mas parou na porta entreaberta assim que percebeu um movimento dentro do lugar.
Tocou a coxa onde sempre – até mesmo quando estava de pijama como era o caso – carregava uma arma e entrou devagar percebendo que de costas, pintando furiosamente uma tela sobre um cavalete se encontrava a princesa de Ur, Katherine Íon.
Rebecca franziu o cenho e seguiu se aproximando da garota em silêncio. Parte do cérebro dela lhe mandava fazer-se notada na sala para não invadir o espaço da outra, mas como em qualquer ser humano a curiosidade falava mais alto e Rebecca continuou se aproximando até conseguir ver o conteúdo da tela: a tempestade sobre a capital de Ur e um relógio de bolso dentro de uma poça d' água.
Rebecca sentiu como se seus sentidos se conectassem aquela imagem e ela sabia exatamente o que tal imagem significava: o tempo em duas formas da palavra. O tempo climático e o tempo horário, ambos levando e trazendo coisas de nós.
— Boa noite rainha — Kath falou sem parar de pincelar o quadro e Rebecca a observou surpresa.
— Boa noite princesa, — Rebecca se recuperou e se aproximou mais — está sem sono?
— Até tenho, mas não consigo dormir enquanto tenho algo na cabeça — Katherine sorriu pequeno enquanto Rebecca passou ao seu lado indo para a sua frente.
A rainha usava uma camisola branca até o meio das coxas, mas sobre a mesma um longo robe de cetim da mesma cor amarrado de forma desajeitada e quando ela passou pela loira se perfume inundou a sala. Era uma mistura de rosas e chocolate e quando ela sentou-se no banco da janela tendo os raios atrás de si Katherine sentiu que poderia e até deveria eternizar aquela imagem para que outros olhos a vissem.
— O que tanto olha princesa? — a voz de Rebecca despertou Kath de seus devaneios fazendo-a perceber que havia parado com o pincel a meio caminho da tela que agora já não parecia mais tão interessante.
— Você — respondeu com ousadia antes de caminhar indo limpar os pincéis e pegar uma nova tela.
Rebecca observou a princesa enquanto a mesma se movia sobre a mesa limpando os pincéis. Katherine usava uma calça preta e uma camisa branca com as mangas dobradas até os cotovelos. Ambas as peças estavam com manchas de tintas de diversas cores e tamanhos, fato que fez um sorriso escapar dos lábios da rainha.
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Trilogia A Primeira Fênix - Livro I, II e III
FantasyO mundo é um tabuleiro de xadrez onde somos reis de nossas próprias partidas e peças das partidas que ocorrem a nossa volta. Rebecca acreditava que seu mundo girava em torno de manter-se sã como rainha de um mundo, superar a morte da noiva e evitar...