Trilogia A Primeira Fênix - Livro I, II e III

Capítulo 56

Rebecca encarou a vista do lago onde no dia anterior havia recebido a noticia mais surpreendente de sua existência: que podia morrer definitivamente. Ela havia se dado exatas vinte e quatro horas para pensar em como agir, e agora ela já tinha um plano traçado, com todos os prós e contras em sua mente, mas decidida a seguir sua intuição, fosse para onde quer que aquela parte sua a guiasse.

Suspirou olhando seus amigos se aproximarem confusamente de onde ela estava parada sozinha. Havia os convocado porque não queria mais mentiras, coisas ocultas e meias verdades entre eles. Eles estavam em uma guerra por ela, Diana, Fernanda, Camila e William não tinha absolutamente nada haver com Astéri, Bitxia ou Ona, eles estavam ali porque era Rebecca que estava como peça central daquela guerra e nada era mais justo, principalmente com eles, do que ser verdadeira.

— Eu preciso conversar com todos vocês, embora alguns presentes já saibam do que essa conversa se trata. — A morena suspirou sentando na grama e convidando os outros a fazer o mesmo com o olhar. — Ontem foi um dia complicado — Deu uma pausa para tomar fôlego e observou todos —, ouvi coisas que não estava pronta para ouvir, acho que nem em mais um milhão de anos estaria. Tomei conhecimento de situações que não imaginava e pensei em decisões que impactarão todos nós e toda essa guerra.

— Rebecca, por favor, para de dar voltas, está me deixando nervosa com tudo isso — Diana pediu encarando-a.

Com mais um suspiro e um olhar de encorajamento proveniente de Itzal Rebecca se viu contando a todos o que havia descoberto sobre o mundo e sobre si mesma, como as coisas estavam, o que Ona havia feito e proposto, como havia feito e como era necessário parar; falou sobre seu coração, as dores que sentia, a sensação de estar prestes a explodir... O que infelizmente, era verdade, ela estava próxima de entrar em combustão e não havia como impedir. A única coisa que deixou de fora foi o tempo que tinha de vida, preferindo não tocar em datas.

— Então qual o seu plano? — Fernanda questionou baixo depois que todos conseguiram processar, pelo menos parcialmente, aquelas informações.

— Eu vou até Ona...

— Não! — Foi interrompida por Diana e Katherine que a olhavam com feições de raiva.

— Isso não vai resolver nada — Katherine xingou.

— Exato! Você se entregar a ela só significa que você vai ficar em risco, nada nos garante que ela vai parar de torturar o mundo, muito menos que ela não vai te matar ou coisa pior assim que te tiver em mãos. — Diana continuou a negativa e Rebecca suspirou.

— Deixem a Rebecca explicar o que pensou — William se pronunciou e recebeu um agradecimento mudo, proveniente da antiga rainha.

— Continuando, eu vou até Ona porque aposto em minha intuição e em uma segunda opinião, e ambas dizem que Ona não quer me matar.

— E o que aquela maluca quer? — Bitxia bufou.

— Uma você sem sua personalidade — Uma terceira voz que não fazia parte do grupo se pronunciou ganhando a atenção de todos e um olhar mortal de Rebecca.

— Achei que tinha mandado você ficar fora dessa conversa. — A antiga soberana resmungou incomodada.

— Você não parecia estar conseguindo desenvolver sua linha de pensamento muito bem — Bartolomeu deu de ombros.

O homem apresentava, embora ainda sutis, os reflexos do que acontecia com o mundo que Ona havia deteriorado. Como ele representava a guerra, apenas sua pele estava mais acinzentada e as veias de suas mãos azuladas, discreto e facilmente escondido, muito diferente do que Alice, Cassandra e Lívia deveriam estar já que os acontecimentos as afetavam muito mais.