Trilogia A Primeira Fênix - Livro I, II e III

Capítulo 53

Conforme os minutos passavam, mais inquietos e desesperados o grupo ficava. Não parecia haver uma saída para aquela situação e, talvez por conta do nervosismo, ou realidade mesmo, eles sentiam-se capazes de sentir Ona cada vez mais perto, mais opressora e mortal.

Camila tentava a todo custo encontrar algo nos livros de Marie, Bella, Citrino e Amara preparavam-se fisicamente para proteger os mortais da fúria de Ona, Itzal tentava se acalmar para conseguir usar seus poderes e Denbora, Dylan, Fernanda e Diana mexiam nas armas e calculavam silenciosamente se teriam alguma chance de atirar. Sentadas sobre as malas encontravam-se Sarah, Astéri, Bitxia e Katherine, nenhuma das quatro sabia muito bem como agir diante daquela situação e andando de um lado para o outro em frente ao portal se encontrava Rebecca com mirabolantes teorias martelando em sua cabeça.

Se apenas Lehen sabia como fechar, significava que Lehen havia feito isso, mas porque a deusa da criação ferraria com eles se, em tese, ela estava do lado deles? Se não tivesse sido ela, teria de ser outra pessoa, mas quem poderia ser se nem mesmo Bitxia e Denbora sabiam como o mecanismo funcionava? E se não fosse ninguém, significaria que o portal tinha algum sistema de proteção ativado, mas qual?

A morena tentou relembrar detalhadamente do dia em que passaram para a vazia dimensão eixo em busca da adaga que mataria todos os seres. Não havia nada de estranho na entrada, apenas um brilho místico, e na saída havia sangue e dor demais para que ela se recordasse de algo com clareza, mas se não dependesse de ninguém e o mecanismo se ativasse sozinho, algum fator devia desencadeá-lo e forçar o portal a se fechar.

Teria sido a invasão de Ona? Ou será que lá dentro algo que fizeram ativou? Teria sido algum botão que apertaram sem perceber? Algum ponto em que pisaram? Teria sido algo que Ona fez no decorrer do caminho? Que elas fizeram?

Sentia seus neurônios passando sinapses mais rápido que o normal graças a falta de resposta e então, como num enorme momento eureka, ela arregalou os olhos vendo o que estava diante de sua cara o tempo todo e ela não havia percebido, mas ainda assim, precisava testar para ter certeza...

— Di? — chamou indo até a morena. — Me empresta sua faca?

— Pra quê? — Diana a olhou confusa.

— Só empresta — Rebecca revirou os olhos e Diana suspirou entregando a faca.

Com pressa, Rebecca voltou até onde era o portal e depois de respirar fundo três vezes, colocou a faca sobre a palma da mão e riscou com a lâmina um corte de fora a fora vendo seu sangue empoçar na palma rapidamente. Virou a palma com calma vendo o sangue cair diretamente na neve branca a tingindo de vermelho e, por alguns segundos, nada aconteceu, mas então, como que puxado por uma força assombrosa, o sangue correu para ambos os lados fazendo uma linha escarlate e um vento soprou fortemente balançando os cabelos curtos da fênix e deixando-a mais gelada que antes para por fim, a linha se tornar dourada e o brilho que havia da outra vez que estiveram ali se erguer diante de seus olhos.

— Como você fez isso? — Bitxia correu até a fênix que tentava estancar o sangue fechando a mão, mas não tinha muito sucesso.

— Eu pensei — ela explicou enquanto os outros chegaram e Amara pegou um lenço amarrando sua mão para estancar momentaneamente o sangramento. — Estava aberto e agora não estava mais, não havia motivo para Lehen querer trancar esse lugar, mas você disse que ele podia ser trancado como proteção, então percebi que o portal interpretou meu sangue como perigo para os seres não humanos e pressupôs que eu havia entrado pra fugir então se fechou.

— Faz sentido, mas nesse caso só abriria com seu sangue?

— Eu não sei bem, talvez com o de qualquer imortal... Bem, a gente discute isso lá dentro — Rebecca cortou quando uma trovoada anormalmente forte soou. — Vamos, vamos!