Aproveitem o capítulo, no final eu tenho um agradecimento a todos e uma pergunta que necessito de resposta.
Às vezes puxar o ar para nossos pulmões dói, não por alguma doença física, mas pelo peso que nossa existência acaba por tomar. Quando nós mesmos nos tornamos nossos piores inimigos, quando nossa mente reverbera nossos pecados e nos recorda a cada segundo do dia quem somos, o que erramos e o que nunca corrigiremos... Isso torna o ar escasso fisicamente, como se a falta de ar fosse uma lembrança constante das nossas falhas. Impuro demais para respirar.
O ar abafado da noite parecia não condizer com o ainda presente inverno, a primavera chegaria novamente dali a duas semanas, mas o tempo já dava sinais do teimoso e apressado verão.
A fumaça cinza tóxica escapou pelos lábios cheios em sincronia a um suspiro. Os cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo alto e os olhos verdes perdidos na noite à frente enquanto a única luz na sacada provinha da bituca do cigarro que descansava entre o indicador e o dedo médio.
— Você parece um morcego — a voz delicada veio da porta de vidro da sacada e devagar a morena se aproximou da loira encostada na balaustrada.
— Por que ainda está acordada Camz? — Fernanda ignorou o comentário da namorada e questionou enquanto sentiu os braços da morena envolverem sua cintura e o corpo quente encostar-se ao seu mais fresco com a bochecha entre suas omoplatas.
— Na verdade eu dormi, mas acordei e você ainda não estava na cama... — Camila suspirou evitando dizer o tão segurado "de novo" para a loira.
— Desculpe, eu estou sem sono.
— Você está sem sono desde aquilo. — Camila suspirou, não era uma acusação e tão pouco soou como uma, mas ela sentia-se cansada de ver a namorada consumida pela culpa de algo que não podia de forma alguma evitar.
— Desculpe.
— Não se desculpe, você pode tomar o tempo que precisar para superar, mas por favor pare de se culpar. — a morena soltou-se dela e a puxou as fazendo ficar frente a frente, o cigarro já esquecido entre os dedos da outra. — Odeio te ver desta forma, remoendo o que aconteceu e pensando em coisas que poderia ter feito quando não podia ter feito nada. Era uma deusa e você é uma mortal, estamos submissos e de fora das lutas deles, somos frágeis e só podemos tentar, com todas as forças, nos mantermos vivos.
— É complicado Camz... A Katherine era minha responsabilidade!
— Pois é, mas a rainha Katherine Andrade Íon era sua responsabilidade e quem foi atacada e morta foi a tal Aikaterhíne, a alma dela.
— Mas o corpo que morreu e tendo ou não uma alma milenar, ainda era a nossa Kath!
— Eu sei, mas... Ai...
Camila fez uma careta e Fernanda fez semelhante ao mesmo tempo enquanto sentiam seus braços doerem. Assim que olharam cada uma para seu próprio braço direito, tomaram um susto e se entre olharam.
Encontrem...
~*~
Diana revirou os olhos, o copo de uísque a sua frente já tinha sido enchido cerca de três vezes pelo garçom que a olhava desconfiado, mas quem poderia julgá-lo, não é todos os dias que se vê alguém passar o dia num bar escrevendo no intervalo em que toma uísque ou café.
Não havia nada sólido no estomago da morena o que já estava causando certa azia, mas ela não queria dar o braço a torcer e pedir algo para comer, nem pensar em comida, estava concentrada demais escrevendo e rabiscando sem parar palavras que nem sequer pareciam dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Trilogia A Primeira Fênix - Livro I, II e III
FantasyO mundo é um tabuleiro de xadrez onde somos reis de nossas próprias partidas e peças das partidas que ocorrem a nossa volta. Rebecca acreditava que seu mundo girava em torno de manter-se sã como rainha de um mundo, superar a morte da noiva e evitar...