Capítulo 74

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— Como você voltou? — Ona conseguiu ser a primeira a recuperar a fala. — E ainda mais... Assim...

— Poderosa? — Rebecca questionou calmamente o complemento, recebendo um aceno da deusa do caos. — Eu só estou sendo o que sempre deveria ter sido, mas prometo que vou explicar tudo a vocês, só, primeiro...

Balançou a mão esquerda varrendo todas as criaturas de Ona como se elas não fossem nada, assim como havia feito com as redomas de proteção e com o perigoso selo. Em seguida, respirou fundo e com apenas aquela ação, seu corpo todo secou e seu vestido tornou a ficar tão perfeito quanto quando o vestira junto as três entidades.

Sua próxima ação foi retirar todos os humanos que não fizessem parte da cúpula, para outro lugar, pondo-os adormecidos, para que não presenciassem nada mais além do demais que já os havia acometido. E então, ela voltou-se para as figuras restantes olhando rosto por rosto e parando no de Katherine, aproximando-se lentamente, testando qual reação a mulher de sua existência teria.

Rebecca não queria assustá-la, mais do que sua volta repentina e poderosa havia feito, por essa razão, andou lentamente, deixando que o corpo da loira contasse a ela, caso fosse desejo da outra, não se aproximar, porém, na metade da distância, Katherine correu pulando nos braços da morena e beijando-a intensamente.

Rebecca sorriu após o beijo, ainda mantendo suas testas unidas, e acariciou a bochecha da mais baixa num gesto terno.

— Achei que havia te perdido para sempre, e em seguida, achei que precisava encontrar sua alma vagando por alguma dimensão já que Bartolomeu havia trocado as adagas, e agora, aqui está você, viva novamente. — Katherine sussurrou abrindo os olhos e fitando os agora dourados da mulher a sua frente. Era outra cor, mas ainda era o mesmo amor transbordando por aquela íris, e por tal fato, Katherine não se importou com a troca.

— Eu te disse que você nunca me perderia — Rebecca sorriu de lado, recebendo em resposta um cutucão na barriga. — Você está atrelada em mim Katherine, enquanto o universo existir.

— Acho bom. — A loira riu.

Em seguida, aproveitando-se da surpresa e calma de Ona por sua chegada e pelo desaparecimento do selo, Rebecca abraçou a todos, inclusive a deusa do caos, que ficou por último e parecia extremamente desconfortável com o ato, até ter os braços dela ao seu redor e entregar-se a sensação de alívio de não ser responsável pela morte da única pessoa no universo, que se preocupou com sua vida.

— Agora seria uma boa hora para você explicar o que está havendo. — Bitxia, após todos os cumprimentos, exigiu.

— Acho melhor todos vocês sentarem então, a história é longa, e o desfecho não vai ser fácil de engolir. — Rebecca sentenciou.

Com todos sentados na grama, e Katherine ao seu lado segurando sua mão como que para ter total certeza de que Rebecca era real e estava ali, a morena contou a todos sobre sua morte, as três entidades, a diferença entre deuses primordiais e criados, o que entendeu do sentido do universo e do que precisava ser feito para mantê-lo em harmonia. O máximo em harmonia que aquela bagunça podia ser, obviamente.

— Não, eu não acho justo não! — Ona ficou de pé. — Você só quer se livrar de mim, como todos os outros aqui, o que me garante que após esse tempo você vai me libertar? O que me garante que não vai me deixar lá adormecida pelo resto da eternidade? — Acusou apontando o dedo para Rebecca após ela sugerir a punição adequada aos crimes de Ona: passar os mesmos séculos que Bitxia passou presa, presa na sala branca.

— Minha palavra, e a promessa que, assim que pena cumprida, será eu a ir te tirar de lá — Rebecca também ficou de pé. — Seus crimes contra a humanidade e a ordem existencial não podem ser ignorados Ona, mesmo que eu quisesse apenas fechar os olhos e ignorar tudo, suas ações tem consequências da mesma forma que as minhas vão ter.

Trilogia A Primeira Fênix - Livro I, II e IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora