Capítulo 39

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Olá Bunnies! Eu ainda estou sem internet, então estou testando postar esse capitulo com a 3g, espero que dê certo. Como vocês andam? Eu to meio ferrada, mas vida que segue.
Espero que gostem, e o especial de 3K já está pronto, estou nervosa com ele, muito nervosa jdhdjd
Bem aproveitem o capítulo e até breve ❤
          Havia uma tensão no ar, nervosismo e confusão pintavam as paredes da fortaleza mais do que as próprias tintas destinadas a isso e, enquanto Rebecca permaneça desacordada graças aos inúmeros golpes, algumas amizades eram minadas e outras, completamente improváveis, surgiam.
          Amara havia dado o veredito assim que terminara uma avaliação básica na fênix: não garantia que a mesma sobrevivesse uma noite. Havia sido uma noticia dura, porém não havia como escapar dela já que Rebecca se encontrava em uma situação, no mínimo, crítica.
          Costelas esfareladas, pulsos e braços quebrados em um ou mais pontos, tornozelo partido em três, um coágulo de sangue na cabeça e inúmeras luxações e hematomas.
Amara constantemente lembrava a todos que, se ela fosse humana, não teria sobrevivido aquilo, logo, ela ainda estar respirando era uma vitória. Mas que diferença faz saber que alguém ainda respira se não há garantia nenhuma que isso perdure por mais tempo?
          Rebecca conseguiu passar a primeira noite sem mais complicações, o que foi um sucesso e elevou os ânimos de todos. Katherine e Diana haviam se tornado as duas paredes do quarto, por assim dizer, estavam lá, imóveis ao lado da cama, esperando silenciosamente que a fênix acordasse e enchendo Amara de perguntas a cada checada.
          — Ela devia acordar logo não devia? Ela sempre acorda, não? — um dia e meio depois, Katherine quebrou o silêncio instalado entre ela e Diana surpreendendo a morena.
          — Faz só um dia...
          — Quase dois — Katherine a cortou automaticamente sem encará-la.
          — Faz quase dois dias, ainda é cedo, você viu como ela apanhou. Ela vai acordar, é só questão de tempo.
          — E se não acordar? — a loira ergueu o olhar fitando os castanhos de Diana e permitindo a guarda perceber seu total nervosismo.
          — Ela vai. — passou uma segurança a Katherine que não dispunha.
          — Eu não quero que a última memória dela sobre mim seja eu a ignorando. — a loira confessou fazendo a guarda suspirar.
          — Eu nem sequer sei o que disse pra ela por último, não sei se lhe passei confiança ou se ajudei a jogar o mundo sobre os ombros dela... Eu posso ter sido um apoio ou um algoz e eu não faço a mínima ideia de qual dos dois fui.
          — Eu com certeza me encaixo em algoz. — Katherine suspirou.
          — Também não é bem assim, você errou naquela doideira de ciúmes, mas tinha um pouco de margem pra desconfiança, não vou ser hipócrita, e todo mundo erra, Rebecca sabe disso, não vai te odiar nem nada. Vocês são maduras o suficiente pra lidar com isso, na maioria das vezes. — não pode deixar de alfinetar no final arrancando um pequeno sorriso da antiga rainha.
          — Você é meio babaca.
          — Ei! — se fez de ofendida — Não existe isso de meio babaca, ou se é ou se não é.
          — Claro que existe! Você é — Katherine mostrou a língua e ambas caíram no riso. — Desculpe aquelas coisas que falei, eu sei da sua amizade com a Rebecca e não devia ter agido daquela forma.
          — Tudo bem, e me desculpe pelo jeito que falei, eu fui rude, principalmente se tratando da história da Carol.
          — Não se preocupe, Carol não é a primeira por quem Rebecca se apaixonou fora do nosso ciclo de almas gêmeas.
          — Houve muitas outras?
          — E outros também, porém, para o bem do meu ego, sempre antes de mim.
          — E como era?
          — Nada demais, afinal, eu não tinha noção da nossa história.
          — E agora que tem?
          — Eu não sei, parte de mim acha normal, pessoas se apaixonam, mesmo eu tendo noção de que nunca me apaixonei por ninguém além dela, o que me deixa confusa sobre essa conexão, e eu também tenho um pouco de medo.
          — Medo?
          — Ela amou alguém, amou a mim, e morremos, isso foi nosso ciclo por milênios, mas agora voltamos e não sei... E se ela se apaixonar por outro alguém, mesmo eu estando aqui?
          — Cheguei a uma conclusão, eu não sou babaca, você que é cabeça dura. Rebecca te ama, muito, não te trocaria por outro amor.
          — Amores morrem — Katherine rebateu.
          — Não, amores não morrem, são abafados pela mente, escondidos nos cantos mais obscuros do coração, mas não morrem. Amores são eternos Katherine, os que fazem bem e os que fazem mal.
          — Acha que existem amores que fazem mal?
          — Sim, aqueles que vivemos sozinhos.
~*~
          Em dois dias, Denbora apenas observava constantemente as ações dos humanos e das fênix ao redor. De todas as palavras que conhecia, estranho era uma das poucas que se encaixava. Estavam todos isolados em seus mundos, fazendo ações mecânicas e silenciosas, não confiando uns nos outros sequer para um bom dia.
          Aquilo podia ter passado despercebido por ele tendo em vista que haviam perdido Argia para sempre e Marie havia sido assassinada, mas não passou porque ele, diferente de todos, havia visto algo muito curioso: o beijo.
          O instante exato em que Ona se abaixou e depositou um singelo beijo nos lábios de Rebecca estava gravado na mente do imortal, nem ele sabia bem porquê, mas agora, enquanto via todos agindo estranho, algo inquietante em sua mente lhe dizia que tinha haver com aquele curioso gesto.
          Não era um simples beijo, nem mesmo um deboche, ele sentia que era algo muito mais profundo, mas não conseguia identificar exatamente o que. O caso é que, do que conhecia Ona, ou melhor, lembrava-se dela, ela não era uma mulher de dar ponto sem nó, logo, aquela ação não era simplesmente algo jogado ao vento, aquilo tinha um significado e uma função.
         — Está deixando seu café esfriar por algum motivo sério, posso saber qual é? — foi retirado de seus pensamentos por Bella que sentou-se ao seu lado nas escadas que davam acesso a porta principal da casa.
          — Percebeu que estão todos estranhos? — questionou a olhando de relance, mas logo voltando a fitar a neve cobrindo tudo a sua frente.
          — Perdemos Argia para sempre, Marie foi morta também, e ninguém sabe como contatar Itzal, nem se ela ainda está viva, acho compreensível que estejamos estranhos.
          — Não, não estranho aceitável para um luto e uma notícia não esperada, mas muito estranho mesmo. O clima, você não sente?
          — O que quer dizer exatamente?
          — A mim parece que algo ruim está para acontecer, algo planejado.
          — Denbora, o que você está escondendo? Você não é de criar teorias do nada apenas baseado em sensações, o que de concreto você tem?
          — Um beijo.
          — Quem te beijou? — notou a surpresa e o leve tom de irritação da ruiva e sorriu sem graça.
          — Não foi em mim Bella, eu vi Ona beijar Rebecca.
          — Como assim beijar?! Vai me dizer que Ona é outra aliada secreta da Rebecca! Rebecca está traindo Katherine com a Ona?!
          — Não! Pelos mundos Bella! — riu — Ao menos eu acho que não, — completou fingindo pensar e depois riu novamente, agora acompanhado da ruiva. — o que está me inquietando nessa história é que quando eu vi esse beijo dela, isso ficou gravado na minha cabeça junto de uma sensação ruim sabe? Do que eu me lembro da Ona, ela não faz algo só por fazer, tudo tem um porquê específico, logo, se ela beijou Rebecca, ai tem.
          — E o que teria? — a outra questionou mais confusa ainda.
          — É isso que não sei criatura! — Denbora bateu de leve com o indicador na lateral da cabeça da ruiva rindo.
          — Ok, ok, vamos pensar, isso de beijo é muito estranho, mas não sabemos o porque disso tudo, e Rebecca não acordou para nos falar, então pode fazer sentido não é? Ou pode ser só para você ver e te deixar confuso e então confundir todos... — encolheu os ombros.
          — Não... Ela não pareceu querer ser vista, parecia inclusive querer fazer aquilo escondida de todos.
          — Então não sei. Ela é o caos, aparentemente gosta de bagunçar tudo. — Bella encolheu os ombros e os olhos de Denbora se arregalaram.
          — É isso! — ele se levantou de salto.
          — Isso o quê? — Bella ficou ainda mais perdida, se é que era possível.
          — Bagunçar, a energia de Ona é feita para causar caos, ou seja, bagunçar tudo, ao beijar Rebecca não foi um gesto nem de deboche nem de algo secreto, foi uma forma de deixar uma parte da energia dela presa a Rebecca e quando trouxemos Rebecca pra cá essa energia se espalhou envolvendo a todos. Por isso todos estão estranhos e bagunçados, é a energia de Ona, o caos, é o que está fazendo todo mundo agir estranho.
          — Faz sentido, mas o que ela quer com todos silenciosos? — Bella também se levantou observando a forma vertiginosa com que Denbora andava para lá e para cá pensando.
          — Silêncio significa isolamento, quando nos isolamos deixando os outros de fora, amizades e ligações, das mais simplórias as mais fortes são enfraquecidas, com ligações enfraquecidas, brigas são tornam mais simples de acontecer. É isso que ela queria, que travemos uma guerra entre nós! É isso que vai acontecer se não pararmos a energia dela e limparmos a nós mesmos e ao ambiente.
          — E como nos limpamos dela?
          — Isso eu também não sei... Droga, ela fez tudo de caso pensado!
          — O que mais você junto de peças? — Bella o olhou com expectativa.
          — Ela matou Argia, a deusa da luz, uma das opções que poderia neutralizar sua energia ruim, além de ser uma das pessoas com quem Rebecca mais tem conexão e que era bem forte, e então matou Marie, que não só era a mãe com quem Rebecca estava começando a conviver como uma poderosa sacerdotisa que poderia descobrir rapidamente como pará-la também.
          — Ela eliminou os perigos iminentes e nos envenenou, ok, isso eu entendi, mas o que fazemos para bloqueá-la? Percebo que sua irmã é muito esperta, mas não podemos perder tão facilmente Denbora! Achamos que estávamos ganhando, mas estamos perdendo de lavada! — Bella disse com urgência.
          — Vamos dar um jeito, vamos procurar nos livros, tem de haver algo, e vamos tentar evitar qualquer princípio de briga, uma faísca é o suficiente para provocar um incêndio.
          — Certo, você pesquisa nos livros e eu vou manter os brigões ocupados, ok?
          — Ok. Me deseje sorte! — pediu subindo de volta dos degraus e indo pra porta.
          — Muita sorte — desejou — para nós dois — completou mais baixo.
Sabia que eles iriam precisar.
~*~
          Bartolomeu chegou pontualmente as nove, era um homem que detestava atrasos, tão pouco apreciava chegadas antecipadas, para si antecipação era uma forma de ansiedade e atraso de descaso. Não gostava de praticar sem necessidade nenhuma das opções anteriores, para si, pontualidade era perfeito.
          Assim que adentrou no salão, após ser recepcionado por uma criada apática e amedrontada, percebeu que era o penúltimo a chegar. Cassandra e Alice já estavam ali, a primeira, observadora e reclusa, a segunda, como um cão esperando pelo dono, e claramente a ausência de Lívia demonstrava o descaso completo da ruiva pela proposta da deusa, não que ela não fosse ir, iria, mas queria demonstrar que não estava curiosa, tão pouco necessitada de uma nova chefe. Bem ou mal, ela tinha um território para si e a eterna juventude que havia ganhado de Itzal ao topar ser sua cavaleira, assim como ele mesmo também havia ganhado.
Bartolomeu não era da primeira remessa de cavaleiros de Itzal e duvidava muito que algum dos presentes fosse, afinal, era da natureza humana trair e pular "de galho em galho", em busca da melhor posição e proposta. Assim como Victória havia pulado ao ter a chance de matar Rebecca, outros haviam pulado por inúmeros motivos, amores, fortuna, arrependimento... Na visão de Bartolomeu, todos eram tolos que não sabiam observar todas as nuances antes de mudar de lado e por isso, sempre se ferravam ao final.
          Estar ali não significava para ele, estar do lado de Ona, significava estar avaliando as opções com cautela. Nunca se jogava nas oportunidades mirabolantes que surgiam em sua vida antes de analisar todo o entorno, passado e presente, possível futuro, antigos aliados, desfechos e traições que ocorreram e o estado real do lado em que já se encontra. Um bom coringa sabe quando se apresentar no jogo, e Bartolomeu era o melhor.
          A anfitriã desceu cinco minutos depois das nove, o homem sabia que o atraso era para mostrar poder. Estava divinamente linda, os cabelos curtos completamente lisos, os olhos demarcados por uma maquiagem escura, um vestido de seda verde mais escura que o tom de seus olhos moldava o corpo e provocantemente anunciava a ausência de lingerie e as joias, em sua totalidade um par de brincos e um bracelete, demonstrava uma  harmonia planejada. Ponderando todo o ambiente, tudo parecia harmoniosamente planeado nos mínimos detalhes, como se aquele momento tivesse sido pensado e repensado inúmeras vezes em busca da perfeição.
          Como se Ona tivesse premeditado cada minúsculo passo e ação que a levariam até ali, tivesse previsto cada ação e reação antes desta acontecer, estudado cada aspecto de seus inimigos e possíveis aliados... Como se ela tivesse olhado tudo de todas as perspectivas por muito tempo antes de se mover.
Observando tudo naquele momento, Bartolomeu percebia que aquilo não parecia uma guerra de egos divinos como havia pensado a princípio, parecia muito mais que isso, na verdade, parecia uma vingança pessoal. E vinganças pessoais são jogos mais perigosos que qualquer guerra, pois elas não envolvem egos ou territórios, e sim, corações.
          — Boa noite a todos, exceto a Srta. Lívia que conseguiu chegar atrasada — assim que terminou de descer as escadarias, Ona saudou fixando o olhar na ruiva que acabara de entrar pelo hall.
          — Tão pouco a senhora esteve presente no horário correto — a ruiva rebateu com um sorriso cínico — porém, peço meu singelo perdão à anfitriã por causar atraso em seus planos.
          — Não atrasou, começaríamos sem você caso não chegasse — Ona devolveu o sorriso, mas Lívia não se abalou.
          Pouquíssimo se sabia sobre a ruiva, nem mesmo Ona conseguiu reunir informação o bastante sobre ela, apenas sabia-se que havia juntado-se a Itzal em meados do quinto século, numa época sombria onde mortes por doenças e crendices diversas eram comuns e, desde então, não havia traído nem abandonado a deusa da escuridão, mas era um pouco indisciplinada. Havia algo que a unia a Itzal, porém apenas as duas detinham conhecimento do que era.
          — Está muito bonita senhora — Alice sorriu e Ona lhe sorriu de volta.
          — Obrigada criança — respondeu docilmente, mas internamente revirou os olhos, afinal, enquanto sabia quase nada de Lívia, sabia até demais de Alice.
          A princesa mimada era um poço de falsidade e cinismo, mais insuportável que a mãe e com um ego maior. Era simples dominá-la, bastava apenas fazê-la se sentir importante e então, moldá-la como bem quisesse. Egoísta e burra eram os adjetivos que vinham a cabeça da deusa cada vez que fitava a loira.
          — Bem vim ouvir uma proposta e não uma sessão de elogios falsos. Podemos iniciar a conversa? — Cassandra pediu irritada pela demora, conseguindo a atenção da deusa para si.
          — Claro minha querida, assim que jantarmos. Por favor, me acompanhem — Ona os guiou em direção a sala de jantar.
          Sobre Cassandra, a deusa sabia um pouco mais que de Lívia e um pouco menos que de Alice. Sabia que a mulher havia se juntado a Itzal por volta da metade do segundo milênio daquele mundo após ter sobrevivido a um ataque de ódio racial. A imortalidade a alguém que quase morreu não é tentadora, é praticamente irrecusável.
Sentaram-se todos e degustaram do jantar em que, a partir da metade, uma conversa calma foi iniciada, sem claro, perder as bajulações de Alice para com a deusa e as farpas trocadas entre Lívia e a divindade.
          Ao final, Ona os convidou para a seguirem para o mais interior do castelo e os fez adentrar em uma ampla sala onde, exposta gloriosamente sobre uma almofada de seda vermelha, se encontrava uma adaga, e não qualquer adaga, mas a adaga capaz de matar qualquer ser.
          — Os trouxe aqui para mostrar o que tenho e o porquê de o meu lado ser o com vitória garantida e o único ao qual vale a pena deter lealdade. — iniciou seu discurso parando ao lado da arma. — Essa arma, previamente limpa obviamente, foi responsável por não apenas matar, como apagar por completa a existência de Argia, a deusa da luz. Essa arma que tenho em meu poder é a única capaz de eliminar completamente a existência de qualquer ser, mortal, imortal, divino ou criado. É com essa arma que matarei Rebecca Santiago, e todos que estiverem do lado dela, então eu lhes proponho, fiquem do meu lado e ao fim dessa guerra, governem esse mundo, ou fiquem do lado dela, e morram da mesma forma que ela morrerá. O que me dizem? Ajoelham-se a mim ou escolhem a morte?
          Alice foi a primeira a se postar de joelhos diante da deusa, o que já era esperado, Cassandra e Lívia se olharam por breves segundos e em seguida, uma após a outra, se abaixaram também, o último a se ajoelhar foi Bartolomeu que tinha a mente fervilhando em todas as possibilidades.
          — Muito bem — Ona sorriu — sejam bem-vindos ao lado vitorioso. — saudou.
          Bartolomeu sorriu pensando, ele já tinha tudo a sua frente visualizado e sim, ele havia, naquele momento, selecionado o lado em que ficaria, e tinha certeza de que o lado que detivesse ele, o coringa, seria o vencedor. Inclusive, ele já sabia até como vencer.
          Bartolomeu tinha o plano perfeito, e o executaria eximiamente.

Trilogia A Primeira Fênix - Livro I, II e IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora