— Rebecca acabou de partir pelo portal, achei que ia ficar lá com ela. — Astéri comentou assim que observou Bitxia sentada na poltrona do quarto.
— Já me despedi dela antes. — A loira respondeu sem tirar os olhos da vista da janela onde podia ver alguns dos amigos de Rebecca que ficaram por ultimo andando calmamente.
— Tudo bem? Está preocupada com Rebecca indo parar nas mãos de Ona? Por que se for, você sabe que ela sabe se cuidar melhor que nós e...
— Quando ia me contar? — Bitxia interrompeu Astéri que tirava os brincos.
— Sobre o mundo de Rebecca? Olha eu sinto muito, mas eu fiquei com medo da conexão de vocês por tudo a perder e...
— Não sobre Rebecca, sobre o fato de você não me amar. — A deusa se pôs de pé virando-se e encarando a estrela que parou os movimentos de tirar a roupa e olhou Bitxia surpresa.
— Quem disse que eu não lhe amo?
— Você, para Katherine, no jardim. — Bitxia praticamente cuspiu a frase. Seus olhos castanhos tinham gordas lágrimas querendo escapar-lhe face a fora.
— Eu não disse que não lhe amo...
— Eu estava lá!
— Isso não muda que eu não falei que não te amo! — Astéri ergueu a voz firmemente. — Eu só disse que não te amo na intensidade maluca que Katherine Rebecca se amam. Só isso! Caramba, eu amo você porra, só não da mesma forma que elas...
— Não da mesma forma que eu te amo, não na mesma intensidade que eu te amo. — Bitxia a cortou novamente secando a lágrima fujona que escapou. — Nunca me amou do mesmo jeito que eu te amo.
— Eu não sei que jeito você me ama...
— Não minta! Você sabe, eu sempre deixei claro o jeito que te amo desde a primeira vez, posso ter falado apenas uma vez antes dessa confusão iniciar, mas minhas atitudes, meu jeito, meus beijos... Eu sempre deixei claro que te amava com todo o meu ser.
— Eu te amo e por te amar, vou ser sincera, ok? Eu não me sinto desse jeito. Eu amo você, mas não é como se todo o meu ser precisasse ou buscasse você, eu ainda sou eu, minha vida, minhas escolhas, minhas sensações... Eu te amo, mas você é meu amor, não parte de mim, não algo que eu sinto em minha pele. Eu nunca vou ser a Katherine que sente quando a Rebecca está em apuros ou a Rebecca que se jogaria em frente a um tiro sem nem sequer titubear por meio segundo. — Astéri se defendeu. — Eu te amo, mas eu não tenho você enraizada em mim, eu sou apaixonada por você, mas eu me amo mais, e sinceramente, não vejo problema nisso. Amar-te desse jeito que elas se amam, do jeito que você diz me amar, é uma coisa que eu ainda não compreendo, e talvez eu não compreenda nunca Bitxia.
— Eu achei que você era diferente dela, que sabia amar. — Bitxia sussurrou.
— Pra alguém que criou o amor, você é bem cega não é Bitxia? — Astéri negou com a cabeça. — Amor existe em centenas de formas, medidas, cuidados... Amor não é e nunca foi padrão, ele é intenso, maleável, indefinível em toda a sua complexidade... Se você que o criou não consegue entender isso, acho que ninguém consegue.
— Exceto você? Porque convenhamos, essa visão de amor é muito conveniente no momento. — A deusa trincou o maxilar.
— Olha, ache o que quiser ok? Eu estou sendo sincera, e, diferente do amor, sinceridade não é maleável, ou ela existe ou ela não existe! — Astéri começou a juntar suas coisas em sua mala.
— Aonde vai?
— Pra outro quarto, onde eu não seja acusada de manipular os achismos sobre o amor — respondeu grosseiramente.
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Trilogia A Primeira Fênix - Livro I, II e III
FantasyO mundo é um tabuleiro de xadrez onde somos reis de nossas próprias partidas e peças das partidas que ocorrem a nossa volta. Rebecca acreditava que seu mundo girava em torno de manter-se sã como rainha de um mundo, superar a morte da noiva e evitar...