II - Meu Nome é Johnny (4)

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Edifício Dexter. É o que está escrito em alto relevo em uma placa de bronze antiga com enfeite nas bordas onduladas com imagens de um sol na extremidade superior esquerda e uma lua na parte inferior direita. O muro é feito de grandes pedras escuras e desiguais lhe dando um aspecto de grandiosidade. O portão largo e alto, feito de grades de aço entrelaçados entre si e possui um ar de antiguidade que combina com toda sua estrutura externa. Sua localização não é mais favorável nos dia de hoje e há estórias pelas ruas das redondezas que outrora, décadas trás, fora uma instituição psiquiatra particular. Já sobre seu antigo dono, Allan Dexter House, não existe muito que falar além de inúmeras controvérsias sobre de onde veio, quem era e o fim de seus dias. Mas o pouco que se pode afirmar são duas coisas: Uma, que Dexter não teve muitos herdeiros, somente um único filho que teve uma vida mais curta que de seu pai. A segunda que ainda nos anos de existência de Dexter ocorreu um crime terrível em seu edifício e que na época houve especulações até sobe sacrifício, mas que acabou sendo registrado oficialmente pela polícia como sendo um crime passional entre amantes, um assassinato seguido de suicídio.

A construção em si não é muito alta, nem larga, possui somente um designer incomum, principalmente para a época. Na realidade a impressão que Carmen e seu novo parceiro, Johnny, tiveram ao visualizarem de longe, ainda dentro do carro, foi que parecia algo montado com peças gigantes de lego. E ao prestar atenção nisso ela se questionou por que nunca havia prestado atenção a esse edifício antes ou por que não se lembrava de ter lido a respeito.

O carro perolado de faróis vermelhos está estacionado do outro lado da rua, de frente ao portão de aço. Johnny abre uma pasta preta que está em seu colo, retira algumas fotos antigas e recortes de jornais velhos. Em meio a eles há um envelope azul escuro com uma marca d’água com um símbolo de uma caveira mordendo uma serpente. Carmen olha fixo para a marca no envelope:

– Nunca fomos a uma missão carregando papeladas assim.

– Onde trabalhava antes, informação era crucial. Particularmente para mim conhecimento pode definir se você vive ou morre.

Ela desvia o olhar do envelope para Johnny:

– Vocês foram parceiros?

Ele corresponde seu olhar:

–Já trabalhamos juntos, mas não pertencíamos a mesma agência, vamos dizer assim. – Ele retorna para os documentos.

– Está me dizendo que há mais outros como o Escritório e a Central?

– Na verdade são mais como divisões... Fatias de um mesmo bolo, mas cada um em pratos de formas e modelos diferentes. E voltando para a sua pergunta... Não. Não éramos parceiros. – Ele continua manuseando os documentos – Apesar de sermos velhos amigos, possuíamos posições divergentes na forma de agir e pensar.

Johnny olha para ela mostrando uma página de um dos recortes de jornais. Carmen segura e percebe ser uma cópia muito velha. Seus olhos leem rápidos e ao finalizar para nas imagens em preto e branco das fotografias. A primeira foto mostra a frente do edifício na noite de sua inauguração seguido de mais duas registrando uma grande festa com centenas de pessoas elegantemente trajadas para a ocasião. Mas a última foto é que lhe prende a atenção, mostra o rosto de um senhor de aparência distinta, mas com ar arrogante e pomposo, porém ela vê algo a mais nos olhos dele, algo que lhe traz uma rápida e intensa sensação ruim. Abaixo da foto está escrito: Allan Dexter House. Ao terminar lhe devolve e ele começa a abrir o envelope, ela fica atenta para saber o que contém dentro e o vê tirando um plástico amarelado bem dobrado. Em seu interior dá para ver seis objetos que parecem moedas. Johnny vira o saco fazendo as peças caírem em sua mão esquerda e fecha a mesma cerrando os olhos por uns segundos. Ao abrir os olhos guarda os objetos em um dos vários bolsos de seu casaco marrom, fecha o zíper e olha para Carmen:

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