III - O Rei Impiedoso (7)

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Senhor Branco abre seus olhos que agora estão em tom cinza. Vê a luz do sol iluminando o teto cor de esmeralda. Inclina seu rosto para o lado da janela e consegue enxergar as folhas das árvores balançarem ao vento. Inclina seu rosto para o outro lado e sorrir ao ver um homem de cabelos castanho claro muito longos, óculos quadrados grandes e espelhados sobre um nariz muito fino, de barba comprida (mais escura que a cor dos seus cabelos) dormindo sentado em uma poltrona de couro sintético, vestindo uma blusa preta com a estampa de um coelho usando uma cartola. Sua voz sai baixa e fraca, mas o suficiente para acordá-lo:

Juarez...

B?

Direciona-se para frente ao mesmo tempo em que segura o pulso dele:

– Meu amigo. Dessa vez pensei que fosse seu fim.

– Creio que até eu pensei. Como vai Carmen?

– Está em campo com seu antigo pupilo.

– Com Brasco?

–  A alcunha dele agora é Johnny.

Isso é bom... Muito bom. Ele saberá o que fazer.

Tenta se levantar sozinho, mas Juarez o ajuda. Ele aponta para a janela  e os dois vão até ela. Ao depositar as mãos no parapeito pergunta para seu amigo:

– Quanto tempo estive em off?

– Você ficou desacordado do local que foi resgatado até chegar aqui - Juarez faz uma pausa - Depois você morreu e... Margot demorou muito para trazê-lo de volta.

– Ela está...

Juarez o interrompe pondo a mão em seu ombro:

Ela está bem, meu amigo. Ficou exausta, mas está bem. Está apenas dormindo até agora.

Branco fica em silêncio enquanto fita as árvores pela janela, observa como o vento move os galhos e as folhas. Depois olha para seu amigo:

– Consegue ouvir, Juarez?  

– O vento?

– Não. Não é só o vento.

E volta a olhar para as árvores:

– É Deus cantando para nós.


...

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