IV - O Criador de Monstros (4)

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As correntes açoitam o solo, as paredes, arrancando pedaços de pedras a cada golpe que defere errando seu alvo. A expressão de Carmen é de raiva e frustração por não conseguir alcançar seu adversário. A cada contra-ataque que ele consegue se desviar ou se defender com suas correntes, mais suas investidas se intensificam e se tornam mais ferozes.

Johnny permanece na mesma posição analisando o modo certo para agir. Sabe que não sobreviveria nessa batalha como sua parceira. Ele estuda os movimentos de Black e Carmen. Suas mãos giram os bastões ao mesmo tempo gerando fortes zumbidos e estalos. Em seu mundo cinza e branco, seus olhos observam as correntes de Black, aguarda quando ataca e ao ver uma delas retroceder arremessa um de seus bastões energizados que entra no corpo junto com a corrente que se retraía.

O grito é de intensa dor e Black sente seu corpo tremer descontrolavelmente. As outras correntes desfalecem como meros objetos inanimados. Carmen salta em sua direção sem hesitar e rasga sua face exatamente no mesmo local em que ela foi ferida. Ele tenta se afastar, cambaleando, sem total controle de seu corpo ainda, movendo com dificuldade suas correntes, girando-as sobre si fazendo delas um escudo. Carmen se desvia de cada uma se aproximando mais, mirando atingir sua garganta. Centímetros antes de usar suas garras para abrir a jugular seus olhos são inesperadamente surpreendidos por uma intensa luz relampejante que atinge Black fazendo-o gritar mais ainda de dor.

Em uma reação desesperada em sobreviver suas correntes serpenteiam arremessando com força os dois contra as paredes e segue para as sombras desaparecendo pelo labirinto.

Carmen se ergue rapidamente, a luminosidade de seus pequenos pontos vermelhos em seus olhos negros se intensifica e se vira para Johnny:

– Que porra você fez? Eu quase o peguei.

– Quase, além de não ser certeza, não é satisfatório. – Ele pega um dos objetos que se assemelha a uma moeda e o encaixa na parte inferior do bastão. – E tem um fator que sua personalidade explosiva não permitiu enxergar.

– Certo. Então me diz o que eu não fui capaz de ver?

Johnny move o bastão emitindo sons de estalos e causando riscos de luz:

– Que Black não passa de um fantoche e quem devemos deter é o titeriteiro.

Carmem, que agora demonstra estar com seus olhos completamente negros, pergunta com ar de afrontamento:

– E posso saber como chegou a essa conclusão, Johnny?

– Conhecimento, Carmen. Conhecimento muda tudo, tanto para o bem como para o mal.

Ela caminha até ele e frisa os olhos:

– Você é um sujeito que usa muitas palavras, parceiro, mas nesse momento quero uma resposta curta e clara. Otelo...

O que sabe de verdade sobre esse nome?

Ele encosta o indicador da mão esquerda na lateral da máscara mudando a cor das lentes para um azul luminoso:

– Em uma resposta curta, Carmen, e clara como exigiu, eu lhe digo que o nome Otelo não me é estranho e que ele não poderia nem ser considerado humano. Como lhe disse antes, não acredito em fantasmas e se Black for oriundo de umas das experiências de Otelo estamos caçando um de seus monstros.

– Esse é o nosso trabalho, Johnny. Nós caçamos monstros.

– Não, Carmen. Você é B faziam isso.

Ele segura firme o bastão com a mão direita realizando um movimento brusco para frente seguindo para baixo causando uma descarga elétrica que ilumina o lugar:

– Eu detenho quem cria os monstros.


...

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