IX - Todos os Nossos Pecados (5)

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Os cães não tomam mais nenhuma atitude. Ficam parados em posição ameaçadora de ataque em volta dos três. Branco se posiciona aguardando qualquer movimento deles, Bella Anna segura suas facas gêmeas e se mantém firme apesar de seu olhar demonstrar certo medo. Somente Juarez parece estar indiferente diante dos animais silenciosos da Fazenda de Otelo.

- Muito bem, senhores - Diz Anna mantendo sua voz sedutora a fim de esconder o seu temor - Acredito que esse seja o momento adequado para que alguém aqui tenha uma ideia miraculosa para mantermos a integridade de nossos corpos. Particularmente eu amo o meu.

- O homem dos milagres aqui costuma ser o Branco, mas dessa vez será a mim que você ficará devendo - Responde Juarez com clara ironia - Ao chegar aqui fiquei a imaginar quem comandava esse pequeno exército, se era nosso velho conhecido Muralha ou alguém que precisava se prevenir sobre o temperamento explosivo dele.

Ele caminha calmamente se aproximando de um dos cães:

- Admito que o que fiz foi um tanto imprudente, atirando assim no escuro, mas a gravidade da situação fez necessária tal atitude. Então me arrisquei com o segundo palpite, que de alguma forma eles são controlados por razão tecnológica. E como sabem não há como me deter em relação a artefatos modernos.

Ele se abaixa ficando frente ao animal, passa a mão em sua cabeça sem qualquer receio ou preocupação e o cão demonstra obediência como se Juarez sempre fosse seu dono. Os outros mudam de posição, ficam sentados como pela primeira vez que apareceram para ele e o senhor Branco. Imóveis como se estivessem em vigília.

Juarez olha para seu amigo Branco e para Bella Anna:

-  Não precisam temê-los agora. Pelo menos não por essa noite.

- Céus. Se tivesse um chapéu eu tirava para você, Juarez - Fala Anna nitidamente aliviada.

- Tenho que admitir que conseguiu me surpreender, amigo - Diz Branco sorrindo, mas ainda sem baixar completamente sua guarda. Seus olhos de neve ainda estão presentes e analisam todo o local como se procurasse por perigo.

- Então relaxe, Branco - Sorri Anna indo em direção a Juarez - Fomos vitoriosos hoje, mesmo com as chances contra nós. Vamos homem, celebre.

Branco esboça um sorriso forçado para não contradizer suas palavras e não deixar transparecer que eles não estão a salvos. Apesar da calmaria presente a tempestade esconde o perigo que está vindo até eles. Branco não precisa ver ou ouvir para saber disso, ele sente em seus ossos. Sua intuição se tornou apurada depois de anos em campo enfrentando inúmeros perigos, alguns que quase lhe custaram à vida.

Ele olha em volta, busca uma forma de conseguir sair vivo juntamente com seus companheiros. Ao distante, dezenas de homens vestidos de negro se aproximam para dar início ao último ataque.

A HORA ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora