V - O Legado de Nossos Pais (6)

45 12 54
                                    

Carmen consegue ver Black tentando se mover rápido, buscando fugir de alguma forma, mas seu corpo ferido e fraco o deixa lento a cada passo desorientado que dá. Ela olha para seu parceiro e o vê manuseando entre os dedos peças que se assemelham com moedas, as mesmas que antes ele havia lhe entregue quando adentraram no antigo edifício de Allan Dexter House. Ela pega as peças e ao vê-lo as arremessando na direção de Black repete seu gesto. Os objetivos voam ficando em torno de Black e antes de ter qualquer reação fios de eletricidade se formam o cercando como uma gaiola. Um enorme clarão  invade o lugar forçando ela a proteger seus olhos com seu ante braço enquanto um intenso zumbido ecoa lhe causando tontura e náuseas. Quando a luz se dissipa odores de metal derretido e de pele cauterizada invadem suas narinas.

Seu mal estar começa a esvanecer rapidamente e com o retorno do escuro seus olhos avistam nitidamente Black de joelhos com o corpo inclinado para frente com a cabeça e braços caídos como se ele fosse um boneco de madeira largado no chão. Do outro lado, em pé, ela avista Johnny com seus bastões recolhidos e sendo guardados em seu casaco e apesar dela não conseguir enxergar seus olhos pelas lentes de sua máscara ela sabe, ela sente que ele está a observando atentamente e por um leve (e inesquecível) momento se sente diante de um predador:

– Carmen, você está bem? – Pergunta Johnny.

Ela levanta cautelosa respondendo:

– Sim. A luz e o barulho me afetaram de forma inesperada, só isso. Como está o Black?

– Se minha experiência não me falhar ele está temporariamente inútil agora.

– Por quanto tempo? - Se aproxima de Black, onde seu parceiro já se encontra.

– Por dez… Doze horas, mas sempre prefiro precaver. Pode me ajudar aqui?

Ao olhar mais de perto ela o vê com peças de metal escuro e maleável utilizando para prender Black. Enquanto ele se concentra na parte superior ela se mantém na parte inferior imobilizando todos seus membros o impossibilitando de se mover. É fixado inicialmente por uma coleira presa à uma barra posicionada em sua coluna e dela vem as outras partes que imobilizam seus braços, tronco, cintura e na frente há algemas que percorrem por inteiro os antebraços forçando a mantê-los cruzados ao corpo. Suas pernas foram presas uma na outra, de forma semelhante à peça que se encontra em sua coluna, juntamente com seus tornozelos o mantendo de joelhos. Por último ele coloca em sua cabeça algo que parece uma auréola interligada a coleira por finas ligas nas laterais.

Ao finalizar Johnny se ergue ficando em pé olhando para Black imóvel deitado no chão. Carmem encara seu parceiro com os braços cruzados:

– Essas coisas aí? – Aponta para as peças metálicas. – Darão descargas elétricas caso ele se mova, certo?

– Sim. De fato.

– Me perdoe parceiro, mas eu não vou carregar esse maníaco. Vou ligar para virem recolher ele.

Ele sorri enquanto carrega Black do chão como se fosse um manequim:

– Não precisa, essa parte faço eu. Afinal apesar de meu corpo não criar cargas elétricas eu as absorvo bem. Essa foi uma das heranças de meu pai.

– É… Recordo que meu pai me contou dele uma vez. Ele tinha uma armadura incomum que usava por baixo das roupas.

– Uma armadura que só era possível o uso devido aos talentos dele.

– Eu era muito nova quando ouvi sobre. Como era que o chamavam mesmo?


A HORA ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora