X - Atravessando o Espelho (3)

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'O carro virou oito vezes. Imaginei que poderíamos capotar, mas não que fosse ocasionado.

Foi uma bela de uma armadilha, tenho que reconhecer. '

Carmem se escondeu entre a vegetação alta, farejou seu parceiro, não havia sangue aparente, mas isso não significava que ele não poderia estar ferido, porém conhecendo Johnny, apesar do pouco tempo, se firmou na opção que nada lhe tenha acontecido.

Sem perceber seus olhos enegrecem, ela primeiramente busca visualizar sinais de agressores ou de algum ataque direto. Após não encontrar nada, o que lhe trouxe incômodo, ela passou a procurar por seu parceiro, o que lhe causou um desconforto maior em não conseguir saber seu paradeiro.

Pouco mais de quinze metros a sua esquerda visualiza uma fraca luz tremular rapidamente, mas o suficiente para ela reconhecer de quem se origina. É Johnny que sinalizou para demonstrar sua localização. Ela não faz nenhuma tentativa em lhe responder, em vez disso se move velozmente indo na sua direção de forma direta. Ao vê-la se aproximando abertamente se ergue com a certeza de que pela sua atitude sabe que o local está limpo.

Ele se ergue se expondo:

- Por essa não esperava. Nunca vi um sistema de defesa tão ofensivo assim em uma das Fazendas.

- Não posso falar sobre os protocolos dos Campos Verdejantes, mas afirmo que essa mina é de uso militar.

- Teremos que prosseguir a pé. Detectou algo com seus sentidos?

- Não. Mas houve movimentação aqui, Batedores e os Armeiros Laranja.

- Esses últimos foram os responsáveis por nossa calorosa recepção. Certo?

- Sim. Está com seus "utensílios" aí, parceiro?

- O essencial está sempre comigo, mas há mais dispositivos em um compartimento no porta malas - Ele olha para o que sobrou de seu carro. Uma das portas e o capô arrancados, os vidros espatifados ou trincados, a carroçaria quase completamente amassada, algumas partes até deformadas, dois pneus murchos e um rasgado - Oh, droga. Eu apreciava muito esse carro.

Carmem não consegue evitar uma curta e abafada risada. Johnny vai até o veículo, que está de ponta cabeça, e força o porta malas até abrir. Do fundo destranca uma portinhola de onde retira uma grande bolsa de viajem de couro negro com detalhes em vermelho e partes em metal de cor prata. Ela reconhece o design da bolsa e o emblema de um cão de três cabeças, é o mesmo usado pela Guarda Especial da Central e do Escritório.

Carmem olha para o outro lado, em direção da estrada que dá para a Fazenda, e pergunta:

- Está pronto?

- Preciso de cinco segundos, por favor.

Johnny retira da bolsa uma máscara que cobre todo seu rosto e orelhas. Olhos grandes e redondos surgem em uma luz azulada. Ele prende a bolsa ao seu tronco pelas alças em forma de X, ao apertar uma das peças metálicas a prende firmemente em seu corpo. Em seguida retira de seu bolso a pequena caixa onde adormecem Dorothy, Dallas e Derik, assobia ativando-as e ao vê-las sobrevoaram á sua volta retira de suas costas, que estavam ocultas pelo paletó, seus bastões de energia. Seus olhos circulares e brilhosos encaram Carmem, sua voz soa metálica, mas familiar:

- Ok. Vamos.

Ambos seguem em direção ao destino planejado, mas fazem isso contornando as mediações do terreno evitando estarem expostos e ao mesmo tempo visando se há guardas ou suspeitos nas proximidades.

O dia amanheceu ensolarado, o que cria uma grande desvantagem para os dois que planejam adentrar na propriedade sorrateiramente evitando qualquer detecção.

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