IV - O Criador de Monstros (2)

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Senhor Branco está sentado no parapeito da janela de um quarto de hospital. Está vestindo calças e camisa de moletons de cor clara. Seu olhar está fixo nas folhas das árvores que balançam fortemente pelo vento. Subitamente o vento para e tudo se aquieta. Seu olhar fixo para baixo concentrado em uma folha laranja que ao pousar ficou permanecendo imóvel no chão. Ele sabe que estão chegando antes mesmo de entrarem no edifício, olha para trás e observa seu amigo repousando na poltrona. Pronuncia uma única palavra:

– Juarez.

– Doze minutos e trinta e sete segundos até chegarem nessa porta. – Responde apontando com o polegar para entrada do quarto.

– Era uma questão de tempo para a Central enviá-los.

– Não leve para o lado pessoal, B. São Subjugadores - Fala num tom sarcástico. – É o que fazem com pessoas como nós. – Se levanta indo em direção ao Senhor Branco:

– O que faremos amigo? Já estão dentro do prédio.

– Já fui visitado por eles uma vez e uma vez foi o bastante.

– Fugir, então? Não consigo pensar em você como um dos foragidos.

– Pensei em mudar as regras desse jogo. - Sai do parapeito da janela sentindo o piso gelado em seus pés descalços:

– Já estou velho demais para continuar como soldado, Juarez.

– Nesse caso teremos que falar diretamente com o Capela. É nossa melhor chance.

– Aquele velho sádico e pervertido?

– Faz anos que ele o requer como um de seus instrutores. E você sabe que é da fazenda dele que vem os melhores. – Faz uma pausa e coloca a mão no ombro de Branco:

- Como o Brasco.


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