V - O Legado de Nossos Pais (final)

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O carro para em uma estrada de terra diante do portão, alto e largo de madeira, da entrada de uma fazenda. O motorista abaixa o vidro do seu lado e encosta sua mão direita em um tronco de madeira que se encontra próximo da entrada. Sem qualquer ruído o portão abre, ele coloca o braço de volta para dentro, fecha o vidro e segue adiante. No percurso a fazenda não apresenta nada de diferente ou incomum. Possui uma longa estrada de terra, vastos gramados, árvores e o cheiro peculiar de mato.

A distância entre o portão de entrada mostra o quanto o terreno é grande e como a estrada no início era uma extensa subida só foi possível ver a casa próximo do topo. O carro para novamente, Juarez parece indiferente ou não está querendo demonstrar, enquanto o Branco observa os cães, de uma raça que não consegue reconhecer, que surgem ficando em volta do veículo. Um deles se aproxima da porta do lado em que senhor Branco se encontra. É um animal de grande porte, de pelagem escura, tão negro que chega a ser azulado. Seu olhar encara o senhor Branco, porém não mostra nenhuma hostilidade o que lhe causa um medo primitivo que traz um frio na espinha:

– Não precisam se preocupar com eles. – Fala o motorista. – Não os atacarão. Geralmente não são hostis.

Branco olha mais atentamente e vê inúmeros cães surgindo e se posicionando em torno deles. Todos com a mesma aparência dos primeiros que estão próximos do carro.

O nórdico Alovitch, sentado de frente para Juarez, fala em tom de ordem:

– Hora de descer, senhores. Estão sendo aguardados.

Todos saem do carro, exceto pelo motorista que nem chega a retirar as mãos do volante.

Juarez olha para seu amigo que o correspondente fazendo sinal de calma com uma das mãos. Branco volta a observar a sua volta e estando agora no alto da fazenda ele compreende a preocupação de seu amigo, pois há centenas de cães negros, todos imóveis os encarando de forma contínua. Não emitem qualquer som, não demonstram qualquer agressividade e isso é o que lhe causa temor.

Os cinco se direcionam para a casa, um grande imóvel de três andares, de aspecto rústico, de beleza peculiar. O carrancudo Dalton abre a porta e se posiciona ao lado fazendo um gesto educado para entrarem. Seus parceiros entram primeiro seguido de Juarez. Branco vai logo depois de seu amigo, para por um instante e olha para trás vendo os cães silenciosos, todos sentados enfileirados como soldados, mantendo os olhos fixos nele.

Dalton fala em tom de sarcasmo:

– Não há o que temer senhor. Como lhe foi dito antes, não se preocupe, eles não são hostis.

– É… A palavra geralmente também estava incluso no aviso. Mas está enganado sobre sentir medo em relação a eles. Não os temo de forma alguma. – Ele deixa de olhar os animais e começa a passar pela porta enquanto ainda se pronuncia. – Meu temor vem é de quem os comanda.

E entra na casa, seguido do outro que fecha a porta.

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