II - Meu Nome É Johnny (6)

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Uma porta abre, uma jovem mulher na faixa dos vinte anos entra no apartamento carregando consigo uma enorme mochila colorida e um guarda-chuva preto fechado com listras douradas o contornando. O cabo é ornamentado, curvo, formando uma cabeça de dragão. Ela tem seu rosto escondido pelos cabelos louros platinados e pelo capuz de seu casaco de tecido grosso de cor verde musgo. Ela caminha pelo apartamento olhando as poucas mobílias antigas de madeira clara e para diante de um enorme quadro em uma moldura oval. Tira a mochila e a larga perto de seus pés, cruza as pernas e se apoia no seu guarda-chuva enquanto parece estudar a imagem da pintura. Nela, com pinceladas impecáveis dignas de um artista de outra era, há o rosto de um homem vestido todo de branco usando óculos pequenos, fechados e rubros, e em sua cabeça há um chapéu cuco que cobre seus cabelos prateados. Abaixo do quadro uma placa dourada brilhante contém escrita em relevo: Sir Walker Prince, Jacob. Ela prossegue observando tudo. Na ausência de móveis o apartamento é repleto de quadros por todas as paredes. Depois de ir em vão em vão se depara com uma porta que está trancada. Ao olhar mais atentamente ela vê que não possui fechadura, maçaneta, nem teclas ou mesmo um painel moderno de identificação pessoal por digital ou voz. Então nota que no meio da porta há um quadrado com peças, cheios de traços em cada um deles. Ela sabe o que é isso, costumava brincar com seu pai, é um jogo em que tem que mover as peças deslizando-as até conseguir formar um desenho. Um grande sorriso nasce de sua boca pequena, com as mãos tira o capuz e prende o cabelo para trás.

– Muito bem, vovô. Agora sei de onde veio essa fixação do papai.

E começa a mover as peças depressa sem tirar os olhos de cima delas.

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