VII - Aquelas Velhas Canções (4)

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No horizonte a claridade anuncia o alvorecer. A pouca luz já consegue revelar as belas cores do jardim da fazenda repleta de flores raras de diversas espécies do mundo. Um beija flor paira em uma delas, em uma orquídea negra. O aroma peculiar do sereno ainda reside e Branco, de olhos cerrados, se deleita desses preciosos segundos onde se encontram a noite e o dia. Em pé, com seus braços para trás, contempla o que considera uma das maiores belezas da vida.

'Uma perfeição criada por Deus’.

Pensou enquanto agradece se sentindo felizardo.

Uma voz interrompe a orquestra secreta que vivencia:

– Terminou sua Prece de Aurora? – É seu amigo Juarez.

– Assim que o horizonte começou a clarear.

– O café já foi posto á mesa.

– Acredito que não quer comer sozinho com nossos amigos,

– Eles nunca foram meus amigos. Muralha desde os tempos que se chamava Roman sempre foi um cretino arrogante extremamente radical e propenso a uma violência gratuita. E a gentil Bella Anna é uma manipuladora que utiliza de artimanhas sexuais como desculpa para seu vício.

– Não existe uma análise de algum aspecto positivo sobre os dois em sua opinião?

– São caçadores da própria espécie, B. Aprendi a aceitar ou a ignorar muitas coisas nesse ramo, nesse estilo de vida que temos, mas… – Ele se cala e olha para suas próprias mãos que possuem cicatrizes nas palmas. – Não quero continuar com essa conversa. Vamos entrar para dar início a esse circo.

Juarez retorna para a casa sem aguardar por Branco, que permanece imóvel o fitando. Intimamente sabe que as palavras dele são verdades incontestáveis, mas por quê ainda há uma fagulha que o impede de aceitar completamente?

Seus olhos flertam a natureza ao seu redor mais uma vez e caminha para a residência sentindo um incômodo aperto em seu coração.

A HORA ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora