VI - O Senhor das Feras (8)

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O local é iluminado por vários monitores que sintonizam em canais diferentes de noticiários, sobre o meteorologia, programas de assassinatos, documentários de lugares antigos, reality shows, de animações entre outros. No centro de todos esses monitores há um telão exibido sete fotos de pessoas de épocas que vão dos anos vinte até os dias atuais. O olhar sério de um homem fixa nas fotografias, ele já teve outros nomes, mas atualmente se chama Johnny.

Sobre a mesa de vidro, ao lado do mouse, seu celular vibra duas vezes. Ele não toca no aparelho e fala:

Lady Lucy, ler mensagens.

O aparelho atende o comando e responde com uma voz de jovem mulher:

– PRIMEIRA MENSAGEM: CARO J, DEFINIR AS AÇÕES DA AGENTE C.

– SEGUNDA MENSAGEM: LOCAL DO AGENTE B IMPRECISA.

Ele para de olhar as fotos e permanece parado encarando o aparelho como se estivesse olhando alguém. Após um tempo diz:

– Lady Lucy, escrever mensagem.

A luz de led do aparelho acende e um som surge demonstrando que atendeu a ordem e aguarda. Johnny se recosta na cadeira largando o braço esquerdo no descanso enquanto com o outro braço o posiciona de forma que sua mão fique segurando seu queixo:

– Caro senhor, a avaliação da agente foi acima das expectativas, porém há desarmonia em seu temperamento. – Se cala por um tempo e prossegue:

– Lady Lucy. Fim da mensagem.

A voz da jovem pergunta:

– DESTINATÁRIO?

Ele olha para o aparelho, franze a testa e diz:

Lincoln.

– MENSAGEM ENVIADA.

Johnny desvia o olhar para a grande tela a sua frente, encara as fotografias novamente, analisa cada uma delas. Pega uma pasta de couro marrom que estava em seu colo e a coloca em cima da mesa onde há um teclado virtual. Abre e dela retira várias fotografias antigas, algumas desgastadas, rasgadas e manchadas. Manuseia registros de soldados britânicos da primeira grande guerra mundial, vasculha entre elas e pega uma das fotos deixando outras sobre a pasta. Ergue a foto e a aproxima do monitor que mostra as outras fotografias que estava analisando anteriormente. Em uma das imagens do monitor há uma fotografia de cinco homens e uma mulher, todos bem vestidos aparentando nobres cavalheiros. A mulher também usa vestes masculinas como os outros e se destaca ainda mais entre eles devido a um tapa olho no lado esquerdo com um desenho de um olho estilizado. Entre os homens somente um chama a atenção por usar um turbante, ter uma longa barba negra e um grande bigode com as extremidades curvadas para cima. Na foto em sua mão ele compara o desenho do olho estilizado da mulher com o que está no bolso do uniforme de um homem ao lado de soldados da primeira guerra mundial. Os desenhos são iguais, mas não é isso que lhe desperta a atenção, é a fisionomia do homem que o atrai, um homem de barba bem feita, cabelos claros, rosto magro, nariz afilado e de óculos redondos e pequenos. É seu antigo professor, o senhor Branco.

Ele pega uma lupa e a posiciona no homem uniformizado da foto para ampliar a imagem de seu rosto:

- Mas como isso pode ser possível?


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