IV - O Criador de Monstros (final)

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1976

O jovem Black abre os olhos, tenta se mover, mas não consegue. Apesar de não estar peso a nada seu corpo não o obedece. Ele sente o frio do local que se encontra deitado, sente o suor sobre sua pele. Consegue mover os olhos, vê nitidamente o teto ser feito de vidro e há homens e mulheres com vestes que parecem de médicos acima dele. Sua boca abre com esforço, mas qualquer tentativa de falar é impossível, apenas emite sussurros incompreensíveis e se sentindo incapaz e indefeso a única coisa que lhe vem à mente são frases de sua mãe:

“O nascimento oriunda da dor”.

“A estrada é uma tormenta”.

“No fim somente o crepúsculo nos libertará”.

Com isso sua mente deixa de lutar e se limita a olhar aqueles que observam.

Luzes acendem, são intensas e ofuscam sua visão, contudo isso não o impede de reconhecer seu mestre entre os observadores em sua posse de superioridade diante dos demais.

Ele ouve um estalo  vindo de seu lado esquerdo seguido do som de uma porta sendo aberta e rapidamente fechada.

Apesar de não conseguir ver ele sabe que há alguém na sala. Escuta passos vindo em sua direção. Esforça-se tentando virar a cabeça para ver quem é, mas seu corpo ainda não responde. Surge no seu campo de visão um homem negro, calvo, de pele muito limpa, sem qualquer marca ou sinal, sorrindo. Seus dentes são os mais brancos e perfeitos que Black já viu na vida. Quando fala sua eloquência é de alguém culto e sua voz é calma e sonora:

– Boa noite jovem senhor Black. Lamento pelas circunstâncias em que nos conhecemos e lhe peço minhas sinceras desculpas.

Desculpas?’ – Pensou Black. – ‘Desculpas por quê?

Ele tenta novamente falar, mas o homem o interrompe:

– Shhh… Se acalme jovem senhor. - Fala enquanto passa sua mão macia na testa de Black até seus cabelos. – Durma agora, precisa descansar.

Black fecha os olhos, ouve se afastando devagar, voltando pelo mesmo caminho que veio. Ouve o estalo e a porta sendo aberta e antes de fechar o homem fala:

– A propósito, jovem senhor Black. Meu nome é Castle, Otelo Castle. E a partir de hoje iniciaremos algo extraordinário. Então durma e descanse jovem senhor. Pois para alcançarmos esse objetivo o senhor irá sofrer. Irá sofrer muito.



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