Enquanto caminham para a saída do museu é possível ouvir por um dos fones que não está em seu ouvido a música “Georgia On My Mind” de Ray Charles.
Alenora olha para Treze. Seu olhar mostra nitidamente que o está analisando. O jovem ao perceber fala sem olhar para ela:– Está curiosa pelo meu Codinome incomum ou está tentando adivinhar qual é a minha Classificação?
– Ahh. Creio que os dois estejam interligados.
– Verdade. Boa dedução. Chegou a alguma teoria?
– Mais ou menos… Diria que cheguei a mais dúvidas que uma ideia do que seja capaz.
Ele pausa a música e se vira para ela:
– Vamos lá. Pode falar então.
Ela o encara um pouco envergonhada e diz:
– Primeiramente pensei que você poderia ser um caso raro de ter treze talentos distintos, mas creio que se fosse verdade você não andaria livremente como faz. Então cogitei que talvez fosse o décimo terceiro de sua categoria específica e que há outros por aí com mesmo Codinome com um diferencial numérico. O que me fez imaginar o porquê da mudança nas alcunhas. Por fim fui um pouco mais longe e imaginei que fosse uma questão de tempo, não quantidade ou números. Que seu talento durasse exatamente treze minutos, pois segundos considerei pouco demais. Contudo o seu Codinome me veio novamente na cabeça e imaginei que não usariam algo tão óbvio assim.
– E qual lhe foi a mais precisa ou mais verossímil? - Pergunta com um leve tom de satisfação.
– Nenhuma delas. Você possui um talento incomum com alguma característica que o faz único.
Max esboça uma rápida expressão de surpresa que tenta ocultar. Faz um gesto com uma das mãos, porém desiste e coça seu queixo em silêncio. Após alguns segundos sem nada a dizer suspira e diz:
– Charlotte não lhe contou nada, a conheço bem para afirmar isso. Seu pai também não o faria mesmo que soubesse, então não consigo evitar em perguntar como?
– A resposta mais óbvia tem a ver com meus talentos que ainda estou a compreender. Mas lhe dizer exatamente é algo que não sou capaz de fazer… Ainda.
– É. Estou impressionado. Não tenho como negar. Impressionado e fascinado. Sempre quis conhecer seu avô devido as suas peculiaridades e acredito que você possui as mesmas ou similares capacidades dele. Testemunhar esse ato agora é gratificante.
– Espero me sentir um pouco assim comigo mesma, mas por enquanto é algo no mínimo assustador.
– No início sempre é. Mas com treino, estudo para auto compreensão e tempo, principalmente tempo, sentirá toda a diferença.
– Sim. E quanto aos seus talentos? Vai me confessar sobre o que é capaz?
– Na realidade prefiro lhe mostrar em prática. Palavras são para os mestres e eu estou mais para um maestro que orquestra sua sinfônica.
Ele abre a porta de vidro da entrada do museu para Alenora passar. Assim que ela põe seu pé para fora seus olhos se arregalam ao se deparar com outro Max encostado em um dos corrimãos da grande escadaria. Seu rosto se vira para ele que ainda está segurando a porta aguardando ela atravessar por completo. Um sorriso de criança surge em sua face:
– Mas…?
– Sou um Replicante. Sua avaliação foi bem precisa. Se tivesse mais conhecimento teria acertado.
– Então… - Ela volta a olhar o outro Max – Você… Eu nem sei como formular corretamente a pergunta.
– Quer saber se eu me transformo de um para treze?
– Sim. E como funciona?
– Como disse, sua análise foi precisa. De fato tenho uma habilidade incomum, diria até rara, e tenho uma peculiaridade em minhas capacidades que me destacaram dos outros como eu.
Alenora retorna a caminhar seguido de Max que toma a frente. Os dois passam por sua réplica que acena para eles sorrindo e soltando um “olá, como vão?”. Ela sorri encantada. Ao chegarem ao último degrau ela vê um terceiro Max do outro lado da rua e somente agora percebeu que eles usam roupas diferentes. Enquanto o Treze está vestido casaco e calça estilo motoqueiro com cores escuras, carregando uma mochila estampada, o da escadaria usa um casaco de moletom vermelho, peças esportivas e um gorro cinza. O terceiro está de casaco verde-escuro, calça preta e chapéu combinando. Um detalhe interessante são os cabelos. Treze tem os seus pintados de rosa, algo chamativo, enquanto os outros dois são castanhos claros com penteados e tamanhos diferentes.
Enquanto caminha em direção ao metrô ela olha novamente para o Max do outro lado da rua que lhe faz um cumprimento com a cabeça. Em seguida olha para a escadaria e lá está o segundo Max que mais uma vez acena com uma das mãos.
Alenora não consegue evitar soltar uma pequena risada e ele acaba sorrindo pelo entusiasmo dela....
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A HORA ZERO
Ciencia FicciónNa sociedade há mais do que nossa mente queira acreditar. Existem camadas por trás de outras camadas ocultas, complexas e terríveis. Nesse lado do mundo a agente Carmem, seu instrutor Branco e seu novo parceiro Johnny lutam constantemente com forças...