A HORA ZERO

V - O Legado de Nossos Pais (7)

"Steel Blade."

São as palavras em relevo em uma placa de metal folheada a ouro branco fixado em uma parede de mármore negro.

Pingos começam a cair escorrendo sobre a placa. Não demora muito para a chuva se intensificar.

Um homem, de sobretudo surrado na cor marrom escuro e chapéu de mesma tom, com guarda-chuvas preto, caminha devagar no que parece ser um parque vazio. Ao distante há outro homem, um senhor de cabelos e barba brancos, vestido elegantemente de terno de giz, colete branco, camisa preta de ceda e gravata cor de rosa. Ele segura um guarda-chuvas branco com sua mão direita e se apoia com a mão esquerda em uma bengala de madeira rústica.

Os dois ficam um frente ao outro, se cumprimentam com um leve aceno de cabeça e prosseguem caminhado em direção há uma grande estátua de um homem de longos cabelos e barba comprida, com vestes que parecem uma armadura medieval coberta por um manto que vai até as botas. Ele apoia seus braços esticados para frente em uma espada longa que possui quase sua altura. A estátua está acima de uma base larga e alta de mármore negro com várias placas de metal fixas nela.

A chuva diminui, o vento para e o frio é cortante:

– Ele foi pego. – Fala o senhor de terno.

– Eu sei. – Responde o outro com a voz idêntica ao primeiro.

– Eles o farão falar. Agora é uma questão de quanto tempo levará.

– Discordo. Tenho fé no agente Gohard. Morrerá sem dizer uma única palavra.

– Então não agirá?

– Não posso ir até lá batendo na porta como se visitasse um velho amigo. Tentei decapitar Lincoln na última vez que nos encontramos, não creio que ele tenha se esquecido de algo assim.

– Com certeza eu não esqueceria. – Diz o senhor bem vestido com ar zombeteiro. – Mas e agora? Nesse caso o que nos resta?

O senhor de sobretudo o fita por meros segundos e retorna o olhar para a grande estátua que parece encarar o mundo. O vento se intensifica e uiva carregando folhas que dançam no ar:

– Retaliação, irmão. Retaliação.

…