II - Meu Nome é Johnny (final)

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Carmem olha para a porta grande de vidro do edifício, é espelhado e escurecido, o que lhe deu uma sensação incomum. Ela vê seu novo parceiro olhando para o alto:

– Até que é bonito dentro de seu aspecto esquisito.

– A Fechadura é diferente. Consegue abrir?

– Seria mais fácil me perguntar o que não posso abrir.

Dessa vez ele utiliza outro objeto, algo que lembra um disco de hockey dourado. Segura bem na palma da mão e encosta o mesmo na tranca surgindo um zumbido baixo que causa um som de estalo. A porta está aberta.

Johnny toma a frente e entra com sua lanterna, não há cautela no seu modo de andar, é como se estivesse entrando em um lugar qualquer, já Carmen segue seu ritual. Retira seu casaco de couro e o pendura em algum lugar antes de entrar no recinto. Sua postura é a de sempre, tensa, preparada para o pior e o inesperado. Os dois prosseguem e a escuridão é dissipada pela intensa luz que vem da lanterna. O lugar demonstra estar limpo e arrumado apesar de fechado por tantos anos, os móveis cobertos por lençóis brancos dão uma ar de abandono, ambos nada dizem, mas há a certeza de uma atmosfera pesada no ambiente, é quase palpável, é profunda e nitidamente malévola. Quando os dois se aproximam dos elevadores subitamente as luzes se acendem deixando um mundo de outra época se revelar.

– Bem vindo forasteiros, bem vindo ao edifício Dexter.

A voz ecoa parecendo vir de todos os lados. Os dois se viram procurando quem se pronunciou e se deparam com um jovem bem vestido, de cabelos intensamente louros de olhos tão azuis quanto um céu da manhã sem uma única nuvem. Ele está de braços abertos e sorrindo mostrando os dentes. Carmem deixa escapar sem nem notar:

– Mas que porra é essa?

Johnny olha para ela e em seguida para o jovem:

– J. Black Junior.

– Não, não, não, meu caro!

Fala fazendo gesto negativo com indicador e a outra mão na cintura em uma pose teatral. Seu sorriso agora mostra dentes pontiagudos e escuros:

– Meu nome é Johnny. Somente Johnny.


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