Johnny e Carmen permanecem imóveis juntamente com a plateia que os encara. Não há uma troca de palavras e ambos os lados permanecem assim por um longo tempo. Ela olha para seu parceiro sem mover a cabeça, ele percebe que apesar da postura firme e de seu olhar sério que está nervosa. Os olhares dos dois retornam para seus observadores e quando Johnny move seu pé para trás uma voz masculina se pronuncia fazendo-o parar:
– Esse monumento de perversidade é uma prisão. Ele não permite ninguém partir e assim desde então permanece.
Um senhor entre eles fala diretamente para Johnny:
– Mas ele nunca está satisfeito. É como uma fome que o devora.
Carmen sussurra:
– Meu Deus Johnny. As vítimas dele, os desaparecidos.
Outra voz se pronuncia, a de uma mulher de longos cabelos louros escondendo quase toda sua face:
– Deus não existe aqui. Aqui é a casa da dor.
Todos eles começam a repetir:
– A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor...
Johnny segura Carmen pelo braço e a puxa para trás, na direção de uma abertura existente em uma parede de tijolos. É um corredor, e mesmo após se distanciarem dos observadores ainda escutam as vozes que ecoam repetindo a mesma frase. Eles param e o lugar está invadido pelo escuro. Ele utiliza sua lanterna que demonstra uma luz mais intensa permitindo uma visualização melhor. O corredor é estreito e úmido, acima deles está repleto de tubulações enferrujadas grandes e pequenas que desaparecem além da luz. Johnny gira uma parte da lanterna e a iluminação se torna como a de um lampião. Ele olha para sua parceira:
– Avise se a luz estiver muito forte, pois não consigo ver no escuro como você.
– Não se preocupe, pense como faremos para lidarmos com o que está havendo aqui.
– Certo... certo... Revendo a situação. Somos os novos brinquedos do Black.
– Escute bem, Johnny, luto com qualquer coisa até o fim, mas eu não sei lidar com aquilo. Quem sabia dessas coisas de fantasmas era o senhor Branco e para ser franco eu nunca cheguei a vê-lo enfrentar um.
– Eu não acredito em fantasmas, Carmen.
– Mesmo? E que merda toda é essa então?
– Se for ficar lhe contando sobre as teorias que me vem a mente vamos ficar aqui até o alvorecer.
– Não. Esqueça. – Responde em tom de comando com a palma de sua mão aberta para seu parceiro e virando seu rosto para o outro lado:
– Vamos ver até onde vai a porra desse túnel. E caminha com Johnny seguindo seus passos.
...
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A HORA ZERO
Science FictionNa sociedade há mais do que nossa mente queira acreditar. Existem camadas por trás de outras camadas ocultas, complexas e terríveis. Nesse lado do mundo a agente Carmem, seu instrutor Branco e seu novo parceiro Johnny lutam constantemente com forças...