III - O Rei Impiedoso (8)

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Johnny e Carmen permanecem imóveis juntamente com a plateia que os encara. Não há uma troca de palavras e ambos os lados permanecem assim por um longo tempo. Ela olha para seu parceiro sem mover a cabeça, ele percebe que apesar da postura firme e de seu olhar sério que está nervosa. Os olhares dos dois retornam para seus observadores e quando Johnny move seu pé para trás uma voz masculina se pronuncia fazendo-o parar:

– Esse monumento de perversidade é uma prisão. Ele não permite ninguém partir e assim desde então permanece.

Um senhor entre eles fala diretamente para Johnny:

– Mas ele nunca está satisfeito. É como uma fome que o devora.

Carmen sussurra:

– Meu Deus Johnny. As vítimas dele, os desaparecidos.

Outra voz se pronuncia, a de uma mulher de longos cabelos louros escondendo quase toda sua face:

–  Deus não existe aqui. Aqui é a casa da dor.

Todos eles começam a repetir:

–  A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor. A casa da dor...

Johnny segura Carmen pelo braço e a puxa para trás, na direção de uma abertura existente em uma parede de tijolos. É um corredor, e mesmo após se distanciarem dos observadores ainda escutam as vozes que ecoam repetindo a mesma frase. Eles param e o lugar está invadido pelo escuro. Ele utiliza sua lanterna que demonstra uma luz mais intensa permitindo uma visualização melhor. O corredor é estreito e úmido, acima deles está repleto de tubulações enferrujadas grandes e pequenas que desaparecem além da luz. Johnny gira uma parte da lanterna e a iluminação se torna como a de um lampião. Ele olha para sua parceira:

– Avise se a luz estiver muito forte, pois não consigo ver no escuro como você.

– Não se preocupe, pense como faremos para lidarmos com o que está havendo aqui.

– Certo... certo... Revendo a situação. Somos os novos brinquedos do Black.

– Escute bem, Johnny, luto com qualquer coisa até o fim, mas eu não sei lidar com aquilo. Quem sabia dessas coisas de fantasmas era o senhor Branco e para ser franco eu nunca cheguei a vê-lo enfrentar um.

– Eu não acredito em fantasmas, Carmen.

– Mesmo? E que merda toda é essa então?

– Se for ficar lhe contando sobre as teorias que me vem a mente vamos ficar aqui até o alvorecer.

– Não. Esqueça. – Responde em tom de comando com a palma de sua mão aberta para seu parceiro e virando seu rosto para o outro lado:

– Vamos ver até onde vai a porra desse túnel. E caminha com Johnny seguindo seus passos.

...

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