Uma imensa tempestade se pronuncia ao som de intensos trovões, no horizonte surge a imagem das pesadas nuvens escuras cobrindo o deserto laranja que com sua proximidade se torna cada vez mais cinza. Ao longe, mas não muito distante desse inesperado fenômeno da natureza, uma pequena tropa caminha na imensidão de areias seguido para o lado oposto do que estar por vir.
Um dos homens que está atrás com mais três grita para os outros:
- Ei. Onde está esse abrigo afinal? Não quero estar desprotegido com o que está nos nossos calcanhares.
- Cale a boca, Antares. Não falta muito.
- Não dê atenção, sargento. O Antares só está com medo de ter que tomar banho - Um jovem soldado, pálido de óculos escuros, se intromete.
- Não se meta, Red.
- Ei. Silêncio os dois - Interrompe o sargento que em seguida se vira para outro soldado, uma mulher de rosto sério de olhos negros com um ponto luminoso vermelho em cada um - Carmem, vá à frente com o Balthazar e verifique se está limpo. O abrigo está a nossa esquerda, logo após aquele declínio.
- Sim, senhor - Respondem os dois ao mesmo tempo seguindo logo depois para o caminho indicado.
Ao chegarem a uma distância de onde é possível avistar o local determinado Balthazar fala primeiro:
- Não estou sentindo nenhuma presença viva. Você vê algo suspeito, Carmem?
- Nenhum rastro, pegadas, nem resíduo de temperatura. Mas com o vento contra não posso farejar, vou ter que me aproximar.
Ele usa o rádio de seu capacete: Sargento, sargento! Primeira impressão é de estar limpo, mas o cabo Carmem irá averiguar mais de perto devido aos ventos fortes que não a permitem detectar aromas.
- Registrado. Mas usem de muita cautela.
Os dois seguem pela trilha descendo ainda mais pelo declínio. Balthazar para e se posiciona com a arma para dar cobertura enquanto Carmem prossegue velozmente buscando estar abaixo da ventania da tempestade. Ao encontrar um local apoia um dos joelhos no chão e abre um pouco a boca para poder sentir melhor qualquer cheiro que possa capturar. Permanece na mesma posição por trinta segundos e da mesma forma como chegou retorna até seu parceiro que a aguardava imóvel. Ele sorri quando a vê:
- Me diga que está tudo bem, 'Osso Duro’, não quero ficar esperando a tormenta nos varrer daqui como se fôssemos formigas.
- Não senti nada, Balthazar.
- Ótimo. Não podia me trazer melhor notícia. Vou passar o informe ao Sargento.
- Não. Não vai fazer isso.
- Por quê?
- Porque é uma armadilha.
Um enorme clarão surge entre os dois.
Carmem.
Uma voz distante a chama.
Carmem.
A voz se torna mais próxima.
Ela abre os olhos e vê Johnny no banco do motorista a encarando. Ela se ajeita e põe a mão esquerda em sua testa:
- Eu adormeci?
- Sim. Por poucos minutos, logo após eu ter enviado Derik e Dallas - Johnny olha sério e fala em um tom mais sério ainda - Carmem, a quanto tempo você não dorme?
- Algumas semanas, mas eu não preciso dormir como a maioria. Posso até hibernar se eu quiser, então não se preocupe, parceiro.
- Certo. Dorothy me trouxe informações sobre a moradia do B. Como suspeitava há um sistema de vigilância e de proteção no apartamento e fora dele.
- Em resumo não há como entrar sem alertar os cães.
- Na verdade há como entrarmos. Dorothy descobriu uma forma de burlar o sistema de segurança.
- E o que estamos esperando?
- O Retorno dos irmãos dela - Ele aponta para a mosca metálica que está pousada em cima do volante. - Eles estão a cuidar das partes externas que mencionei, após isso teremos meros minutos para irmos adiante.
- Nunca entrei no apartamento dele, não sei como é lá dentro. Meros minutos não serão eficazes.
- Está se esquecendo de minha amiguinha aqui? Já sei como é lá dentro e até onde devemos ir diretamente.
- Cada vez mais gosto da Dorothy.
Os dois são interrompidos por Dallas e Derik que chegam assobiando para Johnny.
Ele abre a palma da mão e os dois insetos artificiais pousam nela. Ele olha para a irmã deles e diz:
- Dorothy, você ficará de guarda próximo á entrada enquanto Dallas voltará para os fundos. Derik, você vem conosco - Johnny vira para Carmem - Pronta parceira?
- Não precisava nem perguntar - Responde estralando os ossos das mãos e sorrindo como uma criança que está prestes a aprontar.
…
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A HORA ZERO
Science FictionNa sociedade há mais do que nossa mente queira acreditar. Existem camadas por trás de outras camadas ocultas, complexas e terríveis. Nesse lado do mundo a agente Carmem, seu instrutor Branco e seu novo parceiro Johnny lutam constantemente com forças...