III - O Rei Impiedoso (6)

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Antes mesmo do motor do carro começar a esfriar senhor Branco chegou ao local que seu parceiro havia lhe contado sobre sua pista até o assassino. Ele segue os mesmos passos, mas ao contrário de Roman consegue perceber que os vigilantes nem estão fazendo questão de notar a sua presença ou não estão conseguindo de fato percebê-lo.

– É uma armadilha.

Fala para si mesmo e começa a correr realizando o mesmo percurso feito por seu parceiro. Ao se aproximar diminui o ritmo, retira suas luvas e óculos enquanto observa as correntes caídas no chão. Passa pela grade aberta e acelera seus passos sem fazer barulho algum e quanto mais prossegue mais o frio toma conta do lugar, um frio incomum e perturbador.

'É como se tentasse me devorar’. Pensou.

Quando escutou um som abafado não hesitou em sacar sua pistola de três canos e ir correndo pressentindo algo de muito ruim. Além do lugar não estar iluminado há uma atmosfera pesada no ambiente, como se a gravidade fosse mais intensa e uma força invisível tentasse não só o impulsionar para baixo como também o empurrar para trás.

Ele intensifica os passos e começa a falar baixo para si mesmo como se estivesse fazendo alguma prece. Seus lábios cessam quando seus passos param. Seus olhos apertam para poder enxergar melhor e vê vários caixotes e barris empilhados e arrumados de modo que lhe passou um estranho aspecto. Apesar do escuro ele se move facilmente indo em direção do som que escutou antes e acaba se deparando com uma porta de ferro com aparência de ser muito pesada. Seu olhar mira para onde deveria estar a maçaneta ou ferrolho, mas no lugar encontra uma alça em forma de uma cobra engolindo a própria cauda. Sua mão esquerda segura firme a alça e com esforço puxa abrindo-a causando um leve rangido. Atrás da porta vê um corredor que declina para a direita de onde dá para visualizar melhor devido a uma iluminação amarelada que surge após a curva. Branco prossegue velozmente com sua arma em punho virando o corredor e ao ver seu parceiro no chão de joelhos, ensanguentado, esticando o braço esquerdo tentando alcançar o martelo, esquece de todo seu treinamento e cautela que deveria usar para analisar a situação para agir e vai até Roman para socorrê-lo. Ao perceber sua chegada ele o encara e com esforço grita:

B, seu tolo. Não!

...

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