VII - Aquelas Velhas Canções (10)

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A chuva açoita a cidade dentro da noite intensa, os céus queimam enquanto os deuses mais antigos soltam seu canto que ecoam dos lugares mais longínquos.

Carmen está de olhos fechados, no escuro de seu apartamento que se acende a cada relampejar, ela se encontra sentada sobre a mesa em posição de lótus, enquanto Johnny quatro patas se mantém deitado sob a mesa tranquilamente. Ambos demonstram estar com ar sereno criando uma imagem oposta ao da tempestade, é como se nesse momento particular houvesse dois universos distintos coexistindo onde as paredes que os separam não existissem mais.

Ela abre os olhos, salta da mesa e pega seu celular que estava em cima da cama, se senta no chão e disca um número de atalho. Seus olhos ficam a mudar de cor com as luzes dos raios indo e vindo, ficando normais na claridade e no escuro surgindo pontos vermelhos luminosos. Algumas chamadas depois à voz de Johnny atende:

– Olá. – A voz dele soa com interferência.

– Johnny. Sei que pode parecer loucura, mas o Branco era sênior no Escritório, e na Central parecia ter uma posição de grande respeito.

– De fato. Não há como negar que aquele velho astuto se tornou uma lenda. Na verdade sempre me questionei o porquê dele ter permanecido em campo por tanto tempo, alguém que havia adquirido tal nível era para estar nas áreas de comando.

– Então acredito que alguém como ele deve possuir muitas informações, dos tipos que as limitações não sejam tão severas.

– Mas não sabemos onde ele está , Carmen. E lhe confesso que tentei, mesmo seguindo sua ideia sobre os Campos Verdejantes, não há como saber a localização, são todas áreas de zona vermelha espalhadas, distantes uns dos outros.

– E se limitarmos as buscas apenas por aqui? Sem sair do Estado e seguindo para o leste.

– Por quê leste?

– É o lado que o sol nasce.

Hmm… Melhor prosseguirmos essa conversa pessoalmente.

– Certo. Onde nos encontramos?

– Olhe pela janela.

Ela se levanta do chão e vai até a janela da sala de onde pode ver a calçada em frente a entrada de seu edifício. Ela vê uma mão saindo do guarda chuva acenando para cima. Ela sorri:

– Agora entendi o som ao fundo da sua voz, pensei que estava no chuveiro.

“Pessoas inteligentes pensam iguais”. Era o quê o Branco me dizia. Agora abra essa porta logo, esse guarda chuva não está me ajudando em nada aqui.

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