V - O Legado de Nossos Pais (2)

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Uma sala vermelha mal iluminada de paredes grotescas cobertas de símbolos. No centro se encontra uma mesa no formato de uma estrela de seis pontas e em cada uma dessas extremidades há pessoas sentadas com o mesmo tipo de vestimentas rubras que esconde todo o corpo e capuz, com pequenas aberturas para os olhos. Nenhum deles pronuncia qualquer palavra, se comunicam através de teclados virtuais. Suas mãos estão ocultas por luvas grossas de algodão brancas enquanto estão a debater por digitação em meio ao silêncio que impera.

‘Um dos primeiros foi encontrado’.

‘Estava desperto, porém enfraquecido’.

‘Enquanto aos outros?’

‘Sem localização’.

‘Não é o que interessa. O fato é que um deles despertou e estava se alimentando. Buscando uma forma de se fortalecer’.

‘Precisamos saber dos outros’.

‘Precisamos saber mais do que isso’.

Cinco deles se manifestam enquanto somente um permanece inerte a reunião silenciosa acompanhando cada palavra por seu visor.

‘E quanto ao Senhor Branco? Qual a razão dessa inesperada aliança com Castle Otelo?’

‘Não se pode afirmar. Ele pode estar seguindo pistas como sempre fez’.

‘Ele não é confiável’.

O sexto que estava imóvel começa a digitar:

‘Assim como todos nós’.

As palavras cessam, nenhuma mão se move exceto a dele:

‘Devemos lembrar que somos os olhos e os ouvidos, mas eles são as mãos’.

‘O que quer dizer?’

‘Que nós dependemos mais deles do que eles de nós’.

‘Então nada faremos?’

‘Continuaremos a aguardar’.

‘Isso’.

Permitir que nos tragam as respostas’.

‘Eles encontrarão as verdades’.

‘Todas as respostas’

‘Confraternos!

As mãos se aquietam novamente e somente um deles prossegue em seu teclado:

‘Se aguardarmos por mais tempo logo alcançaremos a nossa extinção. A Hora Zero’.

Os outros retornam a digitar:

‘A Hora Zero’.

‘O início e o fim’.

‘O renascimento’.

‘Isso não importa agora’.

Mãos imóveis enquanto somente um digita:

‘Estamos no centro agora e é no que devemos nos ater, no meio da estrada. Não no começo ou no término dela. Ainda estamos lutando, ainda estamos no jogo, nós ainda podemos vencer’.

Todas as mãos permanecem paradas, nenhuma palavra mais surge. Todos se erguem e cumprimentam num gesto sutil com a cabeça, se viram ficando de costas para a mesa, e partem cada um para uma porta diferente da sala vermelha.


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