VII - Aquelas Velhas Canções (2)

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O celular em cima da pequena mesa lilás de jantar começa a vibrar, Carmen abre os olhos. Ela está de ponta cabeça, pendurada no teto da sua cozinha de seu apartamento, enquanto Johnny Quatro Patas a observa de forma curiosa inclinando a sua cabeça de um lado para o outro. Ela recolhe suas garras, pousa no chão próximo da mesa, pega seu aparelho e atende sem nem olhar de quem é a ligação:

– Alô?

– Olá, jovem Carmenita. – É uma voz feminina. A mesma que falou com ela no dia em que Branco foi gravemente ferido e levado. – Viu como o dia amanheceu lindo hoje?

– Infelizmente não. O quê pode me dizer?

– Já ouviu sobre as fazendas nos Campos Verdejantes?

– Vagamente.

– É um lindo lugar nessa época do ano, deveria conhecer. Talvez até reencontre algum amigo.

A chamada é encerrada. Carmen permanece imóvel com uma das mãos apoiada na mesa e a outra segurando o celular. Olha para Johnny e toca no display indo direto para a agenda de contatos e aguarda. Após alguns toques uma voz diz:

‘Não estou disponível no momento, deixe sua mensagem’.

– Johnny, assim que possível entre em contato.

Finaliza o telefonema, põe o aparelho sobre a mesa novamente, se senta na borda dela e fica parada olhando pela janela, como de costume, enquanto sua mente mergulha em suas lembranças sobre tudo que já ouviu ou leu referente aos Campos Verdejantes e suas fazendas.

Seu telefone vibra duas vezes mostrando na tela que recebeu uma mensagem de seu parceiro. Ela toca no display para ler:

ME ENCONTRE NA CAFETERIA DA ESQUINA DE SUA RUA DAQUI A 40 MINUTOS.

Carmen olha para o relógio da parede de sua cozinha, fica de pé, caminha até seu companheiro de moradia e acaricia sua cabeça e pescoço:

– Muito bem, garoto. Você vai tomar conta do nosso castelo enquanto estou fora. – E sorri para ele.

A HORA ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora