V - O Legado de Nossos Pais (3)

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Johnny corre acelerado, mantendo o ritmo constante, inalterado. Carmen se impressiona, pois agora é ela que tem que seguir os passos de seu parceiro.

Ele segue pelos corredores sem vacilar, segundo pelo labirinto como se conhecesse cada curva, entrada e atalho. Quando seus passos cessam Carmen olha e vê uma grande parede formada por enormes pedras escuras e úmidas. Johnny fala voltado para a parede:

- Consegui rastrear e mapear todo seu percurso e proximidade. - Começa a deslizar suas mãos contornando as rochas. - Como o bastão dispara fortes impulsos de descargas elétricas isso o impede de se recuperar nos dando vantagem. Contudo como desconheço os limites de Black não sei por quanto tempo irá durar essa situação.

Ela olha mais para o alto e percebe uma das rochas se encontra um pouco mais saliente que as restantes:

- Ali, Johnny.

Ele eleva a vista para cima, dá três longos passos para trás e se vira para Carmen:

- Será que você...? - Ela já não se encontra mais ao seu lado. Johnny retorna o olhar para cima e a vê subindo a parede rapidamente.

Ao chegar ao local preciso ela se assemelha mais a um aracnídeo do que um ser humano. Contorna a rocha analisando-a com seus olhos negros e sua expressão muda drasticamente para raiva. Olha para seu parceiro de forma que chega a assusta-lo por alguns instantes, em seguida direciona suas mãos para ele o atingindo com finos fios o puxando até ela. Quando estão próximos o suficiente sua voz soa em um baixo chiado:

- Abra sem que sejamos notados.

Em tom sério responde:

- Sim, senhora. - E sorri.

Johnny observa a rocha, nota que forma quase um círculo perfeito. Desliza as mãos pelas bordas e sente o encaixe exato para precionar. Assim o faz, e segurando firme, gira devagar no sentido horário até uma passagem surgir silenciosamente.

Carmen praticamente desliza para dentro arrastando consigo seu parceiro indo direto para uma tubulação que parece com o de redes de água. Como de costume ela se locomove veloz, sem qualquer dificuldade e novamente se espanta em ver a destreza com que Johnny possui em acompanha-la sem ficar para trás em nenhum momento.

Ao saírem da tubulação chegam a um corredor estreito, frio e sem iluminação, contudo o escuro não causa dificuldade para nenhum dos dois. Ao prosseguirem não demora e o espaço vai se tornando cada vez maior até chegar há uma aparência de um grande salão vazio em ruínas com uma única porta de metal. Sua maçaneta curva e dourada com fechadura de modelo antigo no qual a chave é daquela grande cheia de dentes.

Johnny utiliza de suas técnicas para destrancar e abre a porta devagar, empurrando-a com seu bastão, na tentativa de evitar emitir qualquer ruído. Ao distante há uma luz fraca azulada que pisca repetidamente.

Carmen olha para o chão próximo aos seus pés e vê um líquido enegrecido, mas ainda avermelhado e fétido. O odor faz recordar de seu último caso com seu parceiro anterior (e amigo). Johnny olha para ela:

- Está pronta?

- Desde que o filho da puta me acertou.

- E Carmen... - Ele a encara - ... Se lembre de que queremos o dono da casa e não somente o seu cão.

Sem lhe responder Carmen atravessa a entrada seguido de Johnny.

...

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