VIII - A Noite Mais Escura (2)

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Uma menina, em torno dos seis anos, caminha pela praia despreocupadamente fitando o horizonte, admirando a imensidão do mar. Sua risada é alta e longa ao sentir as pequenas ondas baterem em seus tornozelos. Ela se abaixa e fica deslizando suas mãos nas águas mornas, entretida em como os minúsculos grãos de areia parecem pequenos cristais.

Uma sombra paira sobre a jovem menina, ela ergue a cabeça e sorri ao ver quem é. Se levanta abrindo os braços dizendo alto:

- Vovô Lincoln.

O homem de cabelos castanhos escuro, longos e grisalhos, de aparência étnica de árabe, a ergue e caminha com ela nos braços:

- O que estava a pensar tão séria ali, minha miúda Alenora?

- Estava tentando ver os segredos dos pequenos universos, vovô Lincoln.

- Hmmm. E de onde uma jovenzinha tão miúda como você teve essa ideia?

- Nas histórias do papai sobre o avô Branco. Na última falava sobre isso, dos segredos dos pequenos universos.

- Isso não é um assunto um tanto complicado para uma criança de seis anos?

- Não, não senhor. O segredo de um pequeno universo é uma verdade que não pode ser negada nem destruída. Nela contém a harmonia que nos fazem coexistir juntamente com os demais. Com tudo na realidade.

- Nossa, Alenora. Onde aprendeu tudo isso? Foi com as histórias de seu pai sobre seu avô Branco?

- Não - Ela gargalhada o que faz o homem sorrir - É algo que eu sei de antes dele.

Ele para de sorrir subitamente. Ela o olha de forma curiosa indagando-o com seus grandes olhos claros. Ao perceber ele retorna a sorrir e a devolve ao chão:

- Logo o almoço estará pronto. Vá para dentro que entrarei daqui a pouco.

- Tá certo vovô Lincoln. Mas antes vou ver como o Robson Crusoé está - E sai correndo sem olhar para trás.

Ele aguarda até ela passar pelo portão, pega o celular do seu bolso e disca sem tirar os olhos da entrada da casa. Após alguns toques de chamada ele ouve:

- Como vai, caro amigo?

- Afortunado como sempre.

- E como está a família?

- Vai bem, grato por perguntar. Mas vamos dispensar as cordialidades, preciso lhe falar sobre um sério assunto.

- Algum problema? Nada grave espero.

- É minha neta, Alenora. Já começou a acontecer.

- Pelo visto ela de fato herdou as maravilhas de nosso colega Branco.

- Sim. Algo que não pode prosseguir.

- Tem certeza, Lincoln? Esse dom é único e só é adquirido através do sangue. E depois de Margot, Branco se tornou mais perigoso, ele tem acumulado  conhecimento demais ao longo dos anos.

- Não vou permitir que minha única neta entre para esse nosso mundo. Está fora de cogitação. E nisso, tanto Branco quanto eu, concordamos em mantê-la em uma vida normal e segura. Agora Otelo... Fale-me sobre os controles químicos que desenvolveu em sua fazenda.

A HORA ZEROOnde histórias criam vida. Descubra agora