Página 32. As coisas mudam.

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O retorno foi difícil, as críticas e as discussões sobre a expedição e o número de mortos rendeu por dias, trazendo consigo ódio, revolta e desrespeito.

Makina ficou no hospital por três dias, antes de ser liberada pra voltar a base de seu esquadrão.

Mas antes, ela resolveu visitar a família de seus companheiros, pra quem contou seus últimos momentos e explicou que foram corajosos e leais a si mesmos, até o último minuto.

A última casa, foi a de Petra. Ela respirou fundo e bateu na porta, ao vê-la, o homem arregalou os olhos.

- Senhor Ral, eu... - Antes de completar a frase, ela leva um tapa no rosto que a faz virar e dar dois passos pro lado. - Ah! - Toca a bochecha com os olhos arregalados e a boca aberta.

- É muito atrevimento seu aparecer aqui. - Fecha os punhos e Makina o olha pasma. - Suma, eu não quero ter mais nada haver com ninguém da sua laia. - Seus lábios tremem de raiva.

- Senhor Ral, eu não entendo--

- Não entende? - Da um passo. - Minha filha morreu, POR NADA! - Ela pisca os olhos. - E eu nem pude enterrá-la, e tudo que aquele homem diz é que ela está desaparecida.

- Que homem?

- Não se faça de estúpida. - Aponta. - Você é a pessoa mais próxima dele, ela me disse isso nas cartas.

- Capitão Levi? - Murmura.

- Mesmo assim, ela o amava. - Fecha os olhos. - Minha filha, na sua doce inocência, o amava e queria se entregar a ele. - A encara furioso. - Ela quis proteger tudo o que lhe fosse importante, por isso ela o seguiu e morreu.

- Senhor Ral, ainda não estou entendendo!

- Você era amiga dela. - Balança a cabeça. - Não, ela era sua amiga, você não se importava com ela.

- Isso não é--

- O que? Verdade? - Da mais um passo. - Então por que você está viva e ela não? Por acaso você merecia viver mais que ela?

- Não, é claro que não!

- Por que veio aqui? - Recua. - Por que? Quer me deixar pior ainda?

- Não! - Seus olhos se enchem de lágrimas. - Eu nunca... Senhor Ral, eu sinto muito. - As lágrimas escorrem e ela junta as mãos na frente dos seios. - Eu amava a Petra, e teria feito por ela o que ela fez por mim. - Balança a cabeça. - Eu sinto muito por não ter feito.

- Foi por isso que veio aqui? - Segura na porta. - Pra pedir desculpas?

- Eu... Eu não sei! - Abaixa a cabeça. - Eu só queria poder me despedir por ela, ou... Eu não sei! - As lágrimas voltam a cair.

- Eu sei! - Trava a mandíbula. - Minha filha morreu, é só isso. - Entra batendo a porta, Makina cobre o rosto com as duas mãos e chora.

...

Uma chuva sutil começa, e ela volta pra base do esquadrão andando devagar e de cabeça abaixada, ao chegar, encontra tudo mais vazio do que nunca.

- Pessoal! - Contrai as bochechas. - Eu sinto muito.

- O que houve com você? - Levi chega na sala, segurando uma pasta. - Está encharcada, vá tomar banho.

- O que houve? - Pergunta de cabeça abaixada.

- Como assim?

- Com a Petra, e os outros? - O olha. - O que aconteceu?

- Eles estão desaparecidos!

Shingeki no Kyojin. (Levi Ackerman.)Onde histórias criam vida. Descubra agora